CAPÍTULO 19

...AMÉLIA...

 Os dias estavam passando rápido e junto deles, a barriga de Isis só aumentava. Ela estava com seis meses, ainda não tinha tentado subir as escadas e isso fez com que Anthony retirasse os seguranças que ele havia colocado para impedir que ela o incomodasse. 

Minha relação com Anthony agora está estritamente profissional, eu tenho saído bastante com Henrique e ele tem sido muito cavalheiro comigo. Conversamos sobre tudo e compartilhamos das mesmas vontades. Sair com ele tem sido como um refúgio de tudo que acontece nessa estranha mansão. 

Hoje é uma manhã de domingo, estava me arrumando para ir almoçar com Henrique quando escutei uns gritos e saí do quarto para ver do que se tratava. Quando abri a porta vi Isis já no corredor apoiada no corrimão da escada, segurando a barriga. 

Corri até ela pra ver se precisava de ajuda. 

 — Me solta… Não quero você, quero o Anthony! — Ela disse se desviando de mim.

 — Isis pare com isso, é do seu filho que estamos falando. — agarrei novamente os braços dela. — Vamos, eu te ajudo a descer e chamo o médico.

 — Você acha mesmo que eu quero essa criança? 

Ela mudou da água para o vinho. 

Soltou a barriga e ajeitou a coluna me olhando estranho.

Ela só estava fingindo.

 — Só quero que ele se case comigo logo, assim poderei ter parte dessa herança… Não estou ligando para o que vai acontecer com esse bebê, isso só está estragando o meu corpo. — ela veio se aproximando de mim e passou a mão no meu cabelo. — Anthony ama tanto esse seu cabelo ruivo, não sei o motivo dele ser fascinado por você, mas sei que se você não estivesse trabalhando nessa casa, eu e ele já estaríamos casados…

 — Pare, não encosta em mim! — gritei e dei um tapa na mão dela. 

 — Pode gritar o quanto quiser, Anthony viajou alguns minutos atrás, nos deixando sozinhas com apenas alguns seguranças lá fora. 

Eu nem tive muito tempo para pensar, só senti meu corpo sendo empurrado e eu fui rolando escada abaixo. 

Tudo parecia ir passando de câmera lenta. 

Bati a cabeça tantas vezes que achei ter visto Amanda correndo junto de Anthony para me ajudar, chegando ao fim da grande escada apenas aceitei minha queda e desmaiei. 

[...]

Acordo no hospital e demorei uns segundos para entender como fui parar ali. Estava sozinha no quarto, olhei para o meu corpo e vi várias marcas roxas e minha cabeça doía muito. 

Aperto o botão para chamar uma enfermeira e quando ela entra, logo atrás dela aparece Anthony. 

 — Olá, senhorita! Como está se sentindo? — a enfermeira perguntou enquanto checava algo nos aparelhos. 

 — Eu estou com muita dor na cabeça e meu braço está dormente… — falei sentindo o olhar de Anthony em mim.

 — Seu braço quebrou devido a queda, por isso está enfaixado.

Nem havia reparado…

 — Você já pode ser levada para casa mas, terá que ficar de repouso por no mínimo duas semanas. — A enfermeira afirmou. — E deve tomar os remédios nos horários certos. Vou assinar sua alta e desejo que tenha uma boa recuperação.

Assim ela saiu do quarto deixando apenas eu e Anthony sozinhos.

 — Amélia, o que foi que aconteceu? — ele perguntou se sentando ao lado da cama, em uma poltrona de couro. — Só te vi caindo da escada…

 — Só? Não viu a louca da Isis? Ela me empurrou da escada, Anthony! Fez isso depois de deixar bem claro que só está usando o bebê para ganhar parte da herança. — ele fez cara uma cara e sei que não acreditou. — Acho engraçado, ela te traiu com seu melhor amigo, no dia que você mais precisava dela e você ainda prefere confiar nela? 

Eu já estava chorando. Não sei se pela dor no corpo ou pela situação em si. 

 — Smith, a casa tem câmeras de segurança, vou olhar e se realmente a Isis te empurrou com má intenção, ela irá pagar por isso. 

 — Ninguém joga alguém de uma escada sem querer, Sr. Ramsey!

Me levantei da cama, já que a enfermeira já havia retirado os fios e desligado os aparelhos. 

 — Agora, se o senhor me der licença, eu irei para minha casa e já que está aqui, não preciso te explicar o motivo do meu afastamento de duas semanas. 

 — Amélia, fique na mansão… Isso não foi culpa sua, lá eu posso colocar alguém para cuidar de você. 

 — Ah, tem razão, não foi culpa minha… Foi culpa sua, seu idiota! — Levantei e fui em direção a porta. 

Ele veio até mim e segurou minha mão.

 — Olha, não sei o que você sente por mim, se é ódio, se é amor… Quero que você saiba que eu nunca ficaria com Isis novamente. — ele volta a se sentar com os olhos cheios de lágrimas. — No dia que enterrei minha família… Ela… Me traiu com meu melhor amigo, no meu próprio apartamento. 

 — Sei que dói em você tocar nesse assunto da sua família, então não fale! Mas, me dói saber que por mais nojenta que ela seja, você ainda caia nessa história de que aquele filho seja seu e não de outra pessoa. Pois, se você a odeia tanto, eu tenho certeza que você não dormiu com ela há seis meses atrás… Eu vou chamar alguém para me levar para o meu apartamento, até daqui duas semanas. 

Saí andando rumo a porta do hospital, as pessoas me olhavam estranho já que eu estava com as roupas do hospital. 

Nem quis saber das minhas coisas, eu estou com tanta raiva do Anthony, da Isis, daquela mansão que eu até agradeço por ter caído daquela escada, assim poderei ficar longe daquele manicômio por duas semanas. 

[...]

Fui até a mansão e peguei algumas coisas necessárias e depois vim para o apartamento, Megan ficou assustada com minha situação, apenas arrumou meu quarto e me pôs deitada. 

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