CAPÍTULO 14

A minha noite foi terrível, eu vi o dia amanhecer graças a Amélia. Aquela ligação dela de madrugada me deixou muito incomodado. 

 Ela pensa em mim? Ela me deseja? Se sim, seria o mesmo tanto que eu a desejo?

 Já é domingo à noite e eu estou dentro da minha biblioteca, deixei toda a mansão em completa escuridão. Passei o dia ao lado do meu pai apenas olhando para os aparelhos que o mantém vivo, a cada dia que passa eu sinto mais falta da voz dele…

 Estou sentado na cadeira da minha mesa, tomando vinho e apenas observando as várias estantes de livros. Esse era o lugar favorito da minha mãe, ela disse que a primeira vez que ela beijou meu pai foi aqui nesse cômodo, entre as sessões de romance e ficção científica. 

Abro um sorriso olhando para a taça. 

 Depois que Amélia apareceu na minha vida, eu não faço tanta questão assim de ficar sozinho.

  — É, final de semana é bem difícil ter ela na mansão já que ela vai para o apartamento fazer sei lá o quê com sei lá quem… 

  — Também não é assim né! 

 Tomo um susto quando ouço uma voz adentrar a biblioteca, era Amélia. Ela estava com um vestido preto colado no corpo, cabelo em um rabo de cavalo, linda como sempre. 

 Pisco várias vezes quando ela se aproxima e pega a taça da minha mão tomando um gole do vinho.

  — Você já bebeu demais ontem, não acha? — perguntei encarando a janela. 

 Meu coração estava acelerado, mas eu não sabia se era por causa do álcool ou pelo perfume viciante que saía da pele da Amélia. 

  — Talvez… Bom, vim pegar um livro para ler antes de dormir. 

 Tirei meus olhos da janela e observei Smith caminhar entre as prateleiras dedilhando cada livro, ela parecia estar em câmera lenta. 

Céus, estou bêbado? Sinto meu corpo formigar junto com a vontade de ter essa mulher…

  — Onde tem um livro sobre o patrão que se apaixona pela sua secretária mas depois vira amigo dela, mesmo sabendo que os dois se sentem atraídos um pelo outro? — Amélia perguntou com uma expressão diferente. 

 Caminhei até ela e não me contive, passei minhas mãos na cintura que estava perfeitamente nítida naquele vestido, senti meu coração relaxar quando ela colocou os braços em volta do meu pescoço.

Não demorou muito para que eu e Amélia começássemos uma verdadeira sessão de amassos. Nosso beijo não era calmo… Era mais como algo preciso, cheio de necessidade e desejo. Paramos por falta de ar e quando olhei Amélia, pude ver, que mesmo com a luz fraca que entrava pela janela, ela estava corada. 

  — Nossa, você ficou muito vermelha. — Passo a mão no rosto dela e ela afasta a minha mão. — O que houve? Não gostou?

  — Não é isso… — ela se afastou e sentou no chão. — É que, esse foi o meu primeiro beijo.

Agora sim, meu coração quase saiu do peito. 

  — Merda, Amélia… Era pra você ter dito isso antes que eu te beijasse!

 Me sento ao lado dela, mesmo com dificuldade graças ao meu tamanho. 

  — Eu não iria te falar. 

  — Achei que fosse importante… 

  — É claro que é, por isso vim até aqui hoje! Eu estava bêbada ontem mas me lembro de tudo que eu te falei ao telefone. — ela me olha com um sorriso. — Não sei o que isso significa mas, eu realmente penso muito em você e queria que meu primeiro beijo fosse com alguém que também me desejasse. Mesmo que fosse aos vinte e dois anos…

Ela riu e eu também.

Segurei a mão dela e senti o quão nervosa ela estava. 

  — Fico muito feliz por ter sido comigo, foi um beijo incrível… Mas, você nunca fez nada? Se não quiser, falar…

  — É, Sr. Ramsey, eu nunca fiz nada mesmo. Por opção minha, já namorei antes mas não durava muito já que eu não queria fazer as coisas que os casais normalmente fazem.

  — Louco foi o cara de ter perdido você. — eu a olho nos olhos. — Eu te esperei por quatro anos, te esperaria o tempo que você quisesse se no final você decidisse me dar um beijo como o de agora a pouco. 

  — Uau, fiquei até sem palavras… 

  — Vamos para o meu quarto? — ela me olhou e pude ver a ansiedade nos olhos dela. — Só quero te beijar mais… Fique tranquila, eu não irei forçar a barra. 

 Ela apenas se levantou e me seguiu até meu quarto, quando entramos eu acendi apenas alguns LEDs amarelos que eu coloquei no quarto para poder relaxar, liguei a TV e dei play em uma playlist calma de jazz. 

 Amélia se sentou na cama e eu a acompanhei, passei as mãos pelo rosto dela e subi para o cabelo soltando o mesmo.

  — Você fica linda de todos os jeitos mas, eu fico abismado com a beleza do seu cabelo quando está solto! 

 Ela subiu mais na cama até encostar as costas na cabeceira, fiquei ao lado dela e voltamos a nos beijar. 

 Sentir a boca de Amélia na minha era como estar tomando o meu sorvete favorito, é viciante e eu não quero parar… Se não fosse pela falta de oxigênio eu passaria a noite toda nesses lábios quentes e doces que ela tem. Ficamos assim por um tempo e depois decidimos assistir um filme, eu não quis forçar nada a mais, apenas deitamos e dormimos abraçados. 

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