Capítulo. 02

Vejo uma loira adorável se aproximar da minha mesa. "O que posso trazer para você?" Hmm. Uma garçonete — não é nem um pouco meu gosto habitual.

Eu tenho um tipo. Atraente. Madura. Refinada. Esta garçonete atende bem ao requisito atraente, mas ela não tem refinamento ou maturidade, como demonstrado por sua escolha de vestuário — uma regata branca, quase imperceptível, e shorts jeans desfiados. Ela não me agrada. Além disso, minhas duas últimas companheiras eram loiras. Quero um sabor diferente dessa vez, mas nada de ruivas. Quero uma morena. Uma linda.

Lembro a mim mesmo que não estou em Sydney, onde tenho uma variedade infinita de mulheres sofisticadas para escolher. Minhas escolhas são mais limitadas na pequena cidade de Wagga Wagga, mas isso não significa que eu tenha que me contentar com a primeira mulher atraente que vejo.

“Eu vou querer um Shiraz.”

Estou preparado para um relacionamento mais prolongado dessa vez — três meses inteiros em vez das três ou quatro semanas habituais. Estou ansioso para manter este por perto um pouco mais, e isso é mais um motivo para ter certeza de que estou fazendo uma escolha sábia.

Começo minha busca pelo clube com a primeira mesa na frente da sala. Uma beldade morena está sentada com um grupo de mulheres. Observo-a por um tempo, mas decido que ela é muito amigável com a mulher sentada ao lado dela. Lésbicas não estão no meu repertório.

Passei a próxima hora examinando o clube e voltei de mãos vazias. Estou desanimado. Ninguém se destaca como o único e este clube é de longe minha melhor aposta para conhecer mulheres solteiras nesta cidade. Talvez eu devesse considerar voltar outra hora quando não for noite de microfone aberto. Hoje à noite, o lugar está lotado de estudantes universitários bêbados.

A busca de hoje à noite foi um fracasso, mas pelo menos o karaokê foi divertido.

Estou terminando o último gole do meu vinho antes de ir embora quando um locutor do clube sobe ao palco e pede para o próximo cantor se apresentar. Um pequeno grupo de pessoas do outro lado da sala nomeia um dos seus. Minha visão do pobre coitado é bloqueada pela multidão de crianças embriagadas paradas entre nós, mas tenho certeza de que este será outro delicioso desastre de trem.

O clube irrompe em aplausos e cânticos. "Faça. Isso. Faça. Isso. Faça. Isso." Uma jovem mulher entra no palco e fica de costas para a multidão enquanto pega uma guitarra do suporte. Ela levanta a alça sobre a cabeça e então joga seu longo cabelo castanho sobre um ombro. Quando ela termina de colocar a guitarra no lugar, ela dá a volta e senta no banco no meio do palco.

Ela é linda. E de alguma forma esquecida durante minha busca.

Ela está usando um vestido curto marfim e uma jaqueta jeans com botas de cowgirl marrons. Ela expõe as coxas enquanto levanta os pés para descansar no corrimão inferior, mas tem o cuidado de empurrar o vestido entre as pernas para não dar um show de esconde-esconde para a multidão.

Ela dedilha o violão emprestado algumas vezes e então se inclina para o microfone. “Todo mundo está se divertindo hoje à noite?”

Ela é americana. Eu acho. O sotaque dela soa diferente—não como o que eu ouvi no passado.

A multidão irrompe em aplausos bêbados e ouço uma voz masculina gritar por cima da multidão: "Está melhor agora, querida!"

Ela sorri e ajusta o microfone. “Eu não sou daqui. É minha primeira noite na Austrália.”

“Vá comigo e eu farei você se sentir em casa!”, grita um homem do fundo da sala.

Ela ignora o bastardo gordo e feio gritando com ela. "Não sei que tipo de música os australianos gostam, mas esta é uma das minhas favoritas desde que me lembro." Ela dedilha mais alguns acordes. "Esta é 'Crash Into Me' da Dave Matthews Band."

Ela canta mais devagar do que a original, dando seu próprio toque. Sua voz é rouca e sexy, seus olhos fechados. Ela exala erotismo. Ela inclina a cabeça e abre os olhos quando começa a cantar o refrão. Juro que parece que ela está olhando bem na minha direção, cantando para mim. "Oh, e você vem craasshh... para dentro de mim. E eu entro em... você... E eu entro em você... no sonho de um garoto... no sonho de um garoto."

As luzes do palco brilham em seu rosto e o bom senso me diz que ela não pode me ver sentado no canto escuro nos fundos do clube, mas isso não me impede de ter esperança.

Ela termina o refrão e fecha os olhos novamente. Suas pernas longas saltam contra o corrimão do banco para manter o ritmo e eu caio vítima de seu canto de sereia. Ela me enfeitiçou. E eu a quero. Ela é a única.

Ela abre os olhos e olha na minha direção novamente. “Ah, e você vem craasshh … em mim, yeah … baby … E eu entro em … você … Oh, levante sua saia um pouco mais … e mostre o mundo para mim … Levante sua saia um pouco mais … e mostre seu mundo para mim … No sonho de um garoto … no sonho de um garoto.”

A garçonete retorna à minha mesa, mas não olho em sua direção quando ela fala. Não consigo tirar os olhos da linda morena no palco nem por um segundo. "Posso te trazer outro Shiraz?"

Meus planos mudaram. “Sim, por favor.”

A garota americana termina sua música e a multidão está toda aplaudindo e assobiando. Ela sorri enquanto puxa a alça da guitarra sobre sua cabeça e então se inclina para frente em direção ao microfone. "Obrigada."

Eu a vejo sair do palco e retornar para uma mesa onde ela está sentada com uma mulher loira e dois caras. Droga! Um namorado, talvez?

Minha garçonete retorna com meu vinho e o coloca na mesa na minha frente. “Com licença, você conhece a garota que acabou de se apresentar?”

“Não. Ela disse que era sua primeira noite na Austrália.”

Pego minha carteira do bolso interno do paletó e retiro uma nota de cem dólares. Deslizo-a na direção dela do outro lado da mesa. "E as pessoas com quem ela está sentada?"

Ela vê o dinheiro na mesa e o pega para depositar no bolso do avental preto antes de se virar para ver com quem minha cantora está sentada. “O cara loiro é Ben Donavon e seu amigo é Zac Kingston. Eles são frequentadores aqui, duas ou três vezes por semana.”

Por que essa americana está aqui com esses caras? “Ela parece americana. Você sabe por que ela estaria com eles?”

“Ben é um ianque. A família dele é dona de um vinhedo na Califórnia e ele está aqui para estudar vinho na universidade. Acho que ela teria que ser alguém que ele conhece de casa.”

Eu seguro uma segunda nota de cem dólares entre meus dedos. “Viu isso? É seu se você descobrir o que ela está fazendo aqui e quanto tempo ela vai ficar em Wagga Wagga. E descobrir se ela está saindo com algum dos caras.”

Ela sorri e vejo que ela está interessada em jogar meu joguinho. “Volto para pegar isso em um minuto.”

Sento-me e aproveito meu Shiraz enquanto a garçonete faz meu trabalho de detetive. Uma americana visitante não poderia ser mais perfeita para minha próxima companhia. Quando nosso relacionamento acabar, ela estará em um continente totalmente diferente, o que garante que não teremos nenhum encontro acidental no futuro.

Minha estadia em Wagga Wagga está se tornando mais promissora.

Termino meu copo de Shiraz enquanto minha garçonete retorna. “O nome dela é…”

Eu a interrompi antes que ela pudesse terminar a frase. “Não, eu não quero saber o nome dela.”

Posso ver que isso a deixa perplexa, mas dinheiro é dinheiro. “A irmã de Ben é sua melhor amiga e eles vieram passar o verão com ele. Ela conheceu Ben e Zac pela primeira vez hoje.”

Ótimo. Isso significa que ela não está namorando nenhum dos dois.

Se os caras são estudantes do programa de ciência do vinho na universidade, imagino que eles estarão no jantar vintage na escola na sexta-feira à noite. Eles estarão ansiosos para mostrar seus vinhos. Gostaria de saber se ela estará lá como convidada.

Tiro outra nota da carteira e a seguro para que a Loira veja. “Esta é sua se você descobrir quais são os planos deles para o jantar vintage na universidade na sexta-feira à noite. Quero saber se a morena estará lá.”

Ela sorri novamente. “Eu poderia jogar esse jogo a noite toda.”

Dez minutos depois, ela retorna com outro Shiraz e uma atualização. “Os rapazes apresentarão seus vinhos no jantar, e as duas garotas serão convidadas.”

Deslizo a nota bem merecida pela mesa. “Perfeito. Obrigado.”

“Foi um prazer. Você gostaria que eu continuasse trazendo o Shiraz?”

"Sim."

Passei a próxima hora roubando olhares para a bela americana através da multidão de pessoas entre nós enquanto elas se mexem. Fiquei desapontado quando o quarteto se levantou para ir embora, mas vi a oportunidade perfeita para um encontro cara a cara conveniente quando ela se moveu em direção aos banheiros.

Eu migro naquela direção e espero que ela apareça para nosso encontro casual no corredor. Quando a porta do banheiro feminino se abre, eu caminho em sua direção, mas ela está olhando para sua bolsa. Ela tenta desviar para a direita, então eu a acompanho. "Desculpe-me."

O sotaque dela é tão incomum. E cativante.

Ela dá um passo para a esquerda e eu me movo com ela como uma imagem espelhada. “Sinto muito, senhorita.”

Olhe para mim.

"Quer dançar?" ela ri enquanto tira os olhos da bolsa.

“Eu adoraria.” Seu sorriso se espalha com minha resposta. Nós travamos os olhos e eu tento identificar a cor dos dela, mas não consigo. Está muito escuro no corredor estreito.

Eu estava certo. Ela é a única.

Ela parece envergonhada. “Desculpe. Chamar alguém para dançar é uma expressão que usamos de onde eu sou. Sabe? Como quando duas pessoas tentam ficar perto uma da outra, como nós fizemos.”

“Estou familiarizado com a expressão, mas sempre se pode ter esperança.” Eu passo por ela em direção à porta do banheiro masculino. “Acho que eu teria gostado de dançar com você.”

...Laurelyn Prescott...

Como você decide o que vestir para um jantar vintage em uma universidade australiana quando você não tem certeza do que é um jantar vintage?

Estou na pia escovando os dentes enquanto Addison toma banho. Cara, dividir um banheiro com outras duas pessoas não é brincadeira, principalmente quando uma delas é tão exigente quanto Addison.

Eu enxáguo e limpo minha boca. “Você nunca me disse o que é essa coisa que nós vamos fazer hoje à noite.”

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