Capítulo 11

Estávamos em meio a uma operação complicada, infiltrados em território hostil.

Nossa missão era coletar informações críticas sobre um cartel que se expandia rapidamente. As coisas, porém, começaram a dar errado quando nossa localização foi comprometida.

Tivemos que nos reagrupar rapidamente e buscar refúgio enquanto esperávamos o resgate.

"Temos que sair daqui antes que eles cerquem a área," Ghost diz, a voz firme mas apressada.

A equipe concordou, e nós o seguimos rapidamente.

Conseguimos encontrar um velho armazém abandonado, distante o suficiente para nos escondermos temporariamente.

O lugar era frio e escuro, mas oferecia algum abrigo.

"Vamos nos instalar aqui por enquanto," Ghost instruiu, já verificando as entradas e saídas do lugar. "Martinez e Coyote, tomem conta do perímetro. Fox, você e eu vamos preparar a área interna."

Enquanto organizávamos o espaço, percebi o quão cansados os dois estavam. Martinez mal conseguia manter os olhos abertos, e Coyote parecia exausto, apesar de tentar se manter focado.

"Ghost," o chamo suavemente, "eles precisam descansar."

Ele olha pros rapazes

" Vocês..." Ele diz os chamando " Vão descansar, eu vou ficar de vigília"

"Eu fico também," Digo "Não estou com sono."

Ele me lança um olhar avaliativo, mas não discute.

Os rapazes estavam tão cansados que nem protestam, apenas se acomodam como podem, enquanto eu e Gosth nos posicionávamos para vigiar.

A noite está sendo bem longa, e a temperatura parecia cair cada vez mais.

Estava encostada em uma pilha de caixas de madeira, o frio começando a me incomodar um pouco

"Tá um gelo aqui," comento, esfregando as mãos para aquecê-las.

Ghost apenas murmura em concordância, sempre atento à porta

"Quantas horas será que ainda vamos ter que esperar?" pergunto

"Quantas forem necessárias," ele responde, sem desviar o olhar da porta.

Suspiro, esticando as pernas dormentes.

"Você não cansa de ser tão... Ghost?"

Ele finalmente olha para mim, um leve brilho de diversão nos olhos.

"E você não cansa de ser tão... Fox?" Ele diz me fazendo revirar o olho mas eu acabo rindo

O silêncio cai novamente, interrompido apenas pelo som suave da respiração dos outros.

"Você sempre parece tão à vontade no meio do caos," comento, quebrando o silêncio.

"É onde eu funciono melhor," ele respondeu, sem tirar os olhos do perímetro.

"Você sempre foi assim?"

"Desde que me conheço por gente," ele responde.

"Você tem algum hobby além de atirar e intimidar as pessoas?" provoco

"Por que está tão curiosa?" ele retruca me olhando de soslaio.

"Talvez eu só esteja tentando passar o tempo," respondo, dando de ombros.

Ele pensa por um momento.

"Eu... gosto de ler."

"Você? Lendo? Não consigo imaginar isso."

"Surpreendente, não é?" Ele debocha "E você?"

"Eu também gosto de ler," admito.

"Você é alfabetizada? Essa é nova." Ele debocha

" Vai a merda" Murmuro dando uma leve risada

O silêncio se instalou novamente.

"Você nunca falou sobre sua vida antes do exército," comento, esperando uma resposta.

"Não há muito o que falar," ele responde, curto e grosso.

"Deve haver alguma coisa," insisto. "Todo mundo tem uma história."

"Talvez, mas nem todas as histórias merecem ser contadas," ele diz, com um tom que indicava que o assunto estava encerrado.

"Você é difícil de decifrar, sabia?" falo, tentando suavizar o clima.

"Essa é a ideia," ele responde, olhando para mim. "E você, por que se importa tanto com o que os outros pensam?"

"Talvez porque eu sei o que é ser julgada sem ser conhecida," respondo, e vejo ele desviar o olhar da porta por um momento " Inclusive... Por que você me odiava tanto quando eu entrei pra 00, era só por que eu fui de uma gangue?"

" E quem disse que eu parei de te odiar?" Ele debocha

Eu reviro o olho

" Para de ser idiota...."

Ele fica em silêncio por um momento e então olha pra mim

" Sim, foi por isso"

" Bem babaca da sua parte, não acha não?"

" Talvez.... Mas também porque você me lembrava de alguém que perdemos. Alguém que entrou para a equipe com um passado complicado e acabou morto porque achou que podia fazer tudo sozinho."

"Então, você achou que eu ia cometer os mesmos erros?" perguntei, suavemente.

"Algo assim," ele admitiu.

"Não deixa de ser babaca da sua parte, me julgar sem me conhecer," respondo, sinceramente.

"Sim....não deixa" ele concorda. "Mas você mostrou por que foi chamada. E quando me contou por que saiu da gangue, eu entendi."

Então ficamos em silêncio de novo... Era costume ficarmos longos períodos em silêncio, durante as missões... Mas agora não era mais tão desconfortável ficar em silêncio com Gosth

Ele olha pros rapazes e depois pra porta de novo

Observo ele por um momento, percebendo o quanto ele realmente se preocupava com a equipe.

"Sabe, eu estava aqui pensando..."

" Você não consegue ficar cinco minutos quieta, não é?"

" Não, não consigo, e eu até ia te elogiar, mas depois dessa eu vou guardar pra mim" O provoco

Ele fica de frente pra porta, mas seus olhos não estão mais lá, estão em qualquer lugar menos na porta, como se ele tivesse lutando contra a vontade de perguntar, lutando contra a curiosidade....

" Eu sei que está curioso...." O provoco

" Eu não sei do que está falando"

" Ah, sabe sim... sei que você quer ouvir um elogio Major. Tenho certeza que deve estar pensando 'Oh, o que a melhor soldado da 00 pensa de mim ? O meu deus, ela vai me elogiar, isso é quase como um sonho!" Eu brinco tentando imitar sua voz e ele revira o olho, balançando a cabeça de leve em negação " Eu só ia dizer que, você não é tão insensível quanto gosta de parecer."

Ele olha de volta para mim, confuso.

"O que você quer dizer com isso?"

"Você disse para a equipe descansar porque sabia que estavam exaustos. Você está sempre de olho neles, se preocupando se eles estão bem... Você tem um lado humano, diferente do que você tenta passar...."

Ele fica em silêncio, sem saber como responder.

Eu rio suavemente.

"Claro, comigo não foi bem assim no começo. Só de lembrar da queda meu braço dói , sabia?" Digo de uma forma meio dramática

Ele solta um suspiro, um tanto irritado.

"Você não vai deixar isso passar, vai?"

"Nunca," brinco. "Mas, sério, você se importa com o pessoal mais do que deixa transparecer."

Ghost se vira completamente para mim, um tanto desconfortável.

"E você, não está cansada? Por que se ofereceu para a vigília?" Ele pergunta

" Insônia...E você? Parece que não dorme nunca."

"Eu durmo, só... não muito," ele admite, olhando para o chão. "Insônia também."

Antes que eu pudesse falar mais alguma coisa a voz de Lion soa pela escuta

" Conseguimos. Indo em direção ao ponto de extração. Chegada prevista 5 minutos." Ele informa

Os rapazes se mexem, acordando e começam a se preparar

"Vamos," ele disse, se levantando. "Precisamos nos preparar para o resgate."

Assenti e me levantei também, sentindo uma nova sensação de camaradagem entre nós.

Estávamos longe de ser perfeitos, mas estávamos juntos nisso, e isso fazia toda a diferença.

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