Capítulo 6

Depois de fazer uma pilha de relatórios eu vou até a sala compartilhada pra relaxar um pouco, ansiando por um momento de paz.

Eu estava salivando pela lata de café gelado que tinha ali, meu favorito.

Assim que eu abro a geladeira, vejo que é a última.

Quando vou pegar a última lata, Gosth aparece atrás de mim e pega ela.

"Ei, essa é minha", protesto, minha voz carregada de frustração.

Ele apenas dá de ombros, um brilho desafiador em seus olhos.

"Dá pra parar com isso. Você odeia essa bebida. Me devolve, eu tava querendo beber isso" Protesto

"Se você quisesse mesmo, devia ter guardado na sua geladeira", ele provoca, parecendo se divertir com minha irritação enquanto dava a volta na mesa

A raiva borbulha dentro de mim, minhas mãos cerradas em punhos apertados ao meu lado.

" Você tá fazendo isso só pra me provocar né?"

"E se estiver?", ele respondeu, sua voz carregada de desprezo." Vai fazer o que?"

Eu estava farta...

Estava farta dele, das suas provocações e da maneira como ele me desprezava

" Se você não me devolver essa merda, eu vou arrebentar sua cara", Murmuro, minha voz carregada de ameaça

Automaticamente todos os rapazes que estavam na sala se viram pra gente

" Pode até tentar , mas sabe que não vai conseguir. Mas eu vou logo avisando, eu não bato em mulheres, e eu não tô afim de fazer isso hoje, então é melhor sossegar aí, cabeça de fósforo" Ele debocha e vira as costas saindo dali.

Sem pensar duas vezes, eu saco minha faca e arremesso, fazendo ela passar perto do seu rosto e fincar na parede.

Ele para no mesmo instante

Ele se vira lentamente, seus olhos se estreitando em desafio.

"Você quer brincar assim?", ele pergunta, sua voz baixa e perigosa.

Eu não recuo.

"Ah'll ram ma boot so far up yer arse, ye'll taste leather!" Eu rosno ("Vou enfiar minha bota tão fundo no teu rabo que você vai sentir o gosto de couro!" )

"Você sabe que não entendi nada desse seu escocês barato, né? Mas eu até gosto do som disso,” ele responde, debochado. “Vai, repete pra mim, cabeça de fósforo”

“Eu vou é mostrar o que significa" retruco furiosa.

Rapidamente eu apoio o pé em uma das cadeiras e assim que coloco o pé em cima da mesa e pulo pra cima dele, Coyote segura minha cintura me mantendo no ar

Ele me puxa pra longe da mesa, e mesmo ele sendo grande e forte, eu era mais ágil e consigo me desvencilhar dele

Quando eu corro na direção de Gosth, C4, Coyote e Martinez se juntam para me segurar. Enquanto eu lutava contra eles, minha fúria ainda em chamas.

“Calma, Fox!” Martinez grita, lutando para me manter no lugar.

Luto e me debato contra seus braços firmes, determinada a continuar minha investida contra Gosth.

"Me solta !" Grito enquanto ele continua me olhando com desdém "Ah'll murder ye, Gosth!"( Vou te matar, Gosth!")

A sala estava tensa, os olhares dos outros membros da equipe alternando entre preocupação e choque. Minha respiração era ofegante, meu corpo ainda pulsando com a adrenalina da batalha iminente.

"Que merda está acontecendo aqui?!" O capitão exige, sua voz saindo como um estrondo

Todos se voltam para ele, a tensão ainda palpável no ar.

Ele entra na sala, seus olhos se estreitando com a visão do caos que se desenrolava diante dele e observa a cena em silêncio por um momento, absorvendo a magnitude da situação.

" Os dois estavam brigando por conta de uma bebida. O Gosth pegou a bebida da Fox pra provocar ela e então os dois começaram a discutir e ela foi pra cima dele..." C4 diz e logo recebe uma olhada mortal de Gosth

O Capitão franze o cenho, claramente desapontado com nossa falta de profissionalismo.

Ele pega a lata das mãos de Gosth, vai até a pia e abre ela com um movimento firme, derramando o conteúdo no ralo mais próximo.

"Isso é o que eu acho desse comportamento infantil. Como vocês ousam se comportar assim na minha base?" O capitão diz sua voz soando dura

Com um suspiro pesado, o Capitão se vira para nós, seus olhos severos refletindo sua desaprovação.

" Soltem ela" Ele ordena e então os rapazes me soltam e se afastam

"Nem meus filhos agem assim.... Se vocês querem agir como crianças, então vou tratá-los como tal. " Ele diz vindo em nossa direção " Você tem que aprender a controlar seu temperamento! Não pode se descontrolar dessa forma. Ele é a droga do seu parceiro e por mais irritante que seja, você não pode simplesmente matar ele! Se fizer isso todo mundo vai colher as consequências!" Ele me repreende

Enquanto ele falava, sinto um peso da culpa e vergonha se instalando em meu peito. Era um lembrete doloroso de que nossas ações não apenas refletiam mal em nós mesmos, mas também na equipe como um todo.

E então se vira pro Gosth

" E o que diabos você pensa que tá fazendo, pegando a comida de uma mulher raivosa? Você tem ameba na cabeça? Isso não se faz, a menos que você não tenha amor a sua vida, imbecil!" Ele briga com Gosth

"Eu só estava brincando, não pensei que ela fosse ficar tão irritada." Ele tenta se justificar

"Brincando ou não, esse tipo de comportamento é inaceitável. Vocês são profissionais e devem agir como tal. Espero que isso não se repita. Agora vocês vão pedir desculpas um pro outro" O capitão ordena

Nós relutamos encarando um ao outro

" Vamos! Não tenho a noite toda!"

Eu e ele desviamos o olhar e então murmuramos desculpas quase inaudíveis

" Mais alto, quero ouvir vocês!" Ele diz e nós olhamos pra ele " É uma ordem!"

" Desculpa..." Gosth diz e logo eu repito o mesmo

" Agora, apertem as mãos e peçam desculpas sinceramente."

Gosth e eu nos olhamos por um momento, até que ele estende a mão, coberta por sua habitual luva com desenho de ossos de esqueletos, formando o desenho da mão.

"Sinto muito, por ter arremessado a faca em você, e ter te ameaçado." Digo apertando sua mão

" Você...você arremessou a faca no seu parceiro?" O capitão pergunta incrédulo e eu apenas assinto com a cabeça, olhando pra baixo " Céus... Mais um pouco vocês iam colocar fogo nessa droga...."

"Tudo bem, Fox. Eu também exagerei. Desculpa por pegar sua bebida. Foi infantil." Ele diz apertando um pouco o comprimento mas não de uma forma que machucasse, mais de uma forma que quisesse afirmar o que estava dizendo

Após o aperto de mãos e as desculpas sinceras trocadas entre nós, um peso parecia ter sido levantado de nossos ombros. O clima tenso que pairava sobre nós havia sido substituído por uma sensação de alívio e renovação

O capitão observava a cena com uma expressão séria, mas seus olhos revelavam um brilho de satisfação.

Com um aceno de cabeça, o capitão sai da sala, nos deixando ali, e logo os rapazes começam a se dispersar, cada um seguindo seu caminho.

Eu olho uma última vez pra Gosth, seus olhos azuis captando os meus, e eu sinto que eles estão mais suaves, bem diferentes de como ele geralmente me olha...

É como se estivéssemos concordando silenciosamente em deixar o passado para trás e seguir em frente.

Caminho até o meu quarto na base, deixando para trás as preocupações do dia. Ao entrar, sinto o cansaço me dominar de vez

Eu me jogo na cama, permitindo que a exaustão finalmente me envolva. As preocupações do dia se dissipam lentamente, substituídas pelo suave abraço do sono.

Talvez, apenas talvez, houvesse esperança para nós como uma dupla, apesar de nossas diferenças.

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