Capítulo 2

"Fox, Gosth, vocês dois agiram de forma imprudente e irresponsável lá fora", O capitão começou a falar, sua voz dura ecoando na sala.

Mais uma vez apenas nós dois estávamos levando esporro, tudo graças a esse ridículo do Gosth....

Agora esse demônio tava quieto...

"Vocês não conseguem fazer uma tarefa simples sem brigarem? Além disso, vocês foram o cúmulo na missão! O alvo ficou gravemente ferido, e isso não era parte do plano. Vocês colocaram toda a equipe em risco!" Ele continua

" Pelo menos ele tá vivo " Sussurro e o capitão me responde com um olhar de repreensão

Engulo em seco, sentindo o peso das palavras do capitão sobre meus ombros. Sabia que ele tinha razão, mas ainda assim era difícil admitir.

"Esta equipe não tem espaço para rivalidades infantis. Vocês estão aqui para trabalhar juntos, não para se provocarem e colocarem em risco a vida uns dos outros." Ele diz

O capitão cruza os braços, seu olhar penetrante fixado em nós com uma intensidade que deixava claro sua insatisfação.

"Está decidido. Fox e Gosth, vocês serão uma dupla e trabalharão juntos a partir de agora. Martinez, ficará com Coyote ."

Minha boca se abre e meu olho arregala, enquanto sinto um arrepio de desagrado percorrer minha espinha ao ouvir a decisão do capitão.

"Prefiro limpar os banheiros da base com uma escova de dente do que trabalhar com ele!", protesto, deixando claro meu descontentamento.

"Comece pelo meu, e pode deixar que vou caprichar nele para você." Ele não perde tempo em responder, sua voz carregada de sarcasmo.

"E pode ter certeza que eu vou secar com essa sua máscara ridícula", rebato, minhas palavras carregadas de desdém.

"Calem a boca, os dois!" O capitão grita batendo na mesa "Chega de infantilidades! Vocês vão trabalhar juntos e ponto final. A segurança da equipe depende da cooperação de vocês!"

Engulo seco, abaixando o olhar em reconhecimento da reprimenda do capitão

"E só pela raiva que me fizeram passar hoje, a partir de amanhã vocês terão treinamento juntos. Sabe como é, pra garantir que essa criancices de vocês não matem todos nós "

Eu arregalo o olho e abro a boca pra protestar mas desisto...sabia que não teria chance

" Agora deem o fora... Vocês já me irritaram muito hoje" o capitão diz e rapidamente estamos saindo da sala

Vou andando pelo corredor com passos decididos e aquele encosto segue ao meu lado claramente frustrado com a situação.

Seus olhos azuis estavam mais escuros que o normal e sua sobrancelha franzida refletia sua irritação.

"Isso é culpa sua, Fox", ele rosna baixinho, seus passos pesados ecoando no corredor.

" Me culpe pelo aquecimento global também! Você sabe tão bem quanto eu que essa decisão foi do capitão." Retruco

"Se você não tivesse que ser sempre tão cabeça dura, talvez não estaríamos nessa situação." Ele retruca

Eu paro no corredor e respiro fundo

"Você tem razão", murmuro com uma expressão de tristeza, desviando meu olhar

A expressão de Gosth muda de surpresa para perplexidade diante da minha reação. Ele claramente não esperava essa resposta vinda de mim.

"Vamos começar com o pé direito", continuo, tentando parecer sincera. "Inclusive, eu quero te entregar algo que peguei na missão...um souvenir." Digo com uma voz suave

Gosth arqueia uma sobrancelha, claramente intrigado com minha súbita mudança de atitude. Ele se aproxima, esperando ver o que eu tinha para entregar.

Com um movimento rápido, enfio a mão no bolso da jaqueta e, quando a retiro, levanto o dedo do meio para ele, meu rosto agora adornado com um sorriso sarcástico.

Ele fica em choque por um momento, sua expressão mudando de surpresa para indignação.

"Isso é o que eu chamo de começar com o pé direito, ye daftie (seu idiota)", eu debocho, antes de virar as costas e sair, o deixando sem palavras no corredor.

Ao chegar no meu quarto, respiro fundo, tentando acalmar seus nervos.

Eu vou até a cama e me jogo nela soltando um suspiro frustrado

Mas que merda Capitão...Logo com ele...

Qual era minha rixa com o Gosth?

Bem... Começou desde o meu primeiro dia...

Mas pra isso precisamos de um pequeno resumo da minha vida....

Eu cresci nas ruas ásperas e perigosas de uma cidade que não se importava com os que estavam no fundo do poço, o que me levou a me envolver com uma gangue local.

Foi como uma família distorcida, onde a lealdade era medida pelo tamanho da cicatriz no rosto e o respeito era ganho na ponta de uma faca.

Mas tudo mudou quando algo deu errado, algo que me colocou na mira deles.

A perseguição era implacável, cada esquina se transformava em uma armadilha mortal. Foi então que percebi que não poderia mais fugir. Eu precisava de uma saída, uma chance de sobreviver.

Eu mudei meu nome e me alistei no exército. Foi minha única chance de escapar da sombra da gangue que me perseguia, já que eles não seriam tão retardados de tentar me pegar lá dentro.

E, surpreendentemente, descobri que tinha um talento natural para o combate. Eu estava sempre em primeiro lugar em qualquer classe ou departamento, é óbvio, menos em questão de comportamento, já que eu não conseguia segurar a língua.

No exército, aprendi a canalizar minha determinação para algo maior do que eu mesma. A disciplina e o treinamento me moldaram em uma soldado eficiente, capaz de enfrentar qualquer desafio que o mundo lançasse em meu caminho.

Com o tempo, minha determinação e habilidades me levaram além das fileiras comuns do exército. Consegui me destacar o suficiente para ser notada pelas forças especiais. Foi um caminho árduo, repleto de desafios e obstáculos, mas cada teste que enfrentei apenas fortaleceu minha resolução.

Eu me dediquei intensamente ao treinamento, aprimorando minhas habilidades de combate e estratégia. Cada missão era uma oportunidade de provar meu valor, e eu estava determinada a superar todas as expectativas.

Com o tempo, minha reputação cresceu entre os colegas e superiores. Eu me tornei conhecida como uma soldada implacável, capaz de enfrentar qualquer adversidade com coragem e determinação.

Depois de um tempo nas forças especiais e de me destacar lá, recebi um convite inesperado para fazer parte da Força-Tarefa 00.

Basicamente é quem eles chamam, quando ninguém dá conta do trabalho.

Mas desde o início, percebi que não seria fácil me integrar à equipe.

Eu era a única mulher da equipe pra falar a verdade, e a primeira....

A equipe não era grande, era composta Finn, codinome Gosth , sua especialidade, além de conseguir me irritar com facilidade, era qualquer coisa que colocasse na mão dele e ataques furtivos. Apesar de ser um porre, ele era bom...na verdade muito bom no que fazia. Se você fosse um cara mau e visse o Gosth, significava que já era tarde demais.....

Javier Martinez, codinome Martinez, especialista em, fuzis de assalto e combate corpo a corpo. Ele era a dupla de Gosth, e os dois eram os melhores pra ataques furtivos, com exceção de quando resolviam fazer o que bem entendessem....

Ivan Petrov, codinome Coyote, e até então minha dupla. Ele é basicamente um armário de 2 metros de altura, e apesar de matar pessoas, ele é bem ingênuo em certos assuntos.... Ele parece o Groot, de Guardiões da Galaxia..... Era fácil trabalhar com ele....

Nathan Wright, codinome C4. O codinome já diz muita coisa. Qualquer coisa que explodisse era com ele mesmo, desde estalinhos até mísseis. Claro, o capitão nunca deixou ele mandar um míssel pra algum lugar, mas pelo menos ele sabia, já era um avanço caso a gente precisasse

James Thompson, codinome Chip. Sua especialidade era qualquer coisa relacionada a tecnologia. Ele ficava na base, na parte da comunicação, e comandando os computadores, ou até mesmo fazendo equipamentos que nos ajudassem nas missões. Ele perdeu uma perna em uma das missões e então ficou na parte tecnológica da coisa.

Thomas Bennet, codinome Lion. A especialidade dele era ficar em silêncio, um cara de poucas palavras, mas muita determinação e bastante habilidade. Ele era nosso " chofer". Ele quem pilotava os aviões, helicópteros e até tanque de guerra se precisasse.

E pra fechar com chave de ouro, nosso querido Capitão Robert Mitchell. O velhote era bom em tudo, e geralmente ia nas missões com a gente, mas com o tempo começou a ficar mais no comando da coisa...sabe como é, a idade chega pra todo mundo....

Conseguir o respeito dos membros foi difícil, mas ao verem minhas habilidades eles passaram a me respeitar. É claro, com exceção de Gosth. Ele e eu não nos damos bem desde o primeiro momento.

Nossas personalidades conflitantes e a competição incessante para ser o melhor tornavam cada interação uma batalha de vontades. Ele via em mim uma ameaça ao seu próprio ego, e eu via nele um obstáculo a ser superado.

Uma prova que não nos damos bem, literalmente desde o primeiro momento, foi quando eu fui apresentada pra equipe a primeira vez....

Eu fui convocada pra substituir um dos soldados que faleceu em combate, de fato eu não esperava que todos me aceitassem de cara, mas ele...ele se superou

Eu entro na sala de briefing com o capitão e todos me olham como se tentassem entender o que diabos eu tô fazendo ali

Cada par de olhos julga, pesa e mede, mas há um olhar que chama minha atenção.

O cara com uma balaclava de caveira cobrindo seu rosto, exceto pelos olhos azuis penetrantes. Fico meio vidrada nele por um momento, tentando decifrar o que ele está pensando. Seus olhos são frios, duros, mas há algo mais que não consigo definir. Apenas quando ele abre a boca é que tudo fica claro.

"Não acredito que estamos tendo que trabalhar com uma ex-criminosa", ele diz, sua voz carregada de desprezo.

Sinto o sangue ferver e minhas mãos se fecharem em punhos ao meu lado. Eu sabia que haveria resistência, mas ouvir aquilo em voz alta, daquela maneira, era um desafio direto.

" Como assim ex-criminosa?" Coyote pergunta

" Tá na ficha. Ela era membro de uma gangue, e mudou o nome depois de fazer algo errado....como disse ex-criminosa" Ele diz

" Você leu a ficha dela?" C4 pergunta

" Eu li a de todo mundo " Ele diz sem emoção

" Até a minha?" Martinez, com seu sotaque engraçado, pergunta

" Principalmente a sua" Ele responde com um tom de humor ácido fazendo Martinez rir

Eu não pude deixar de revidar.

"E eu não acredito que tenho que trabalhar com um marmanjo de quase dois metros de altura que usa uma máscara de caveira quando não é Halloween ", respondo, minha voz cortante e todos seguram uma risada.

O olhar de Gosth se endurece, sua expressão se tornando ainda mais fria....

A rixa entre nós estava claramente estabelecida desde o início.

"Fox foi escolhida por suas habilidades excepcionais e sua experiência no campo. Seus antecedentes não são relevantes para a missão. A partir de agora, ela é parte da equipe, e quero que todos a tratem como tal." O capitão diz de forma firme

Os olhares julgadores não desaparecem completamente, mas a autoridade na voz do capitão impede qualquer protesto aberto.

Eu continuo de pé, erguendo o queixo, me recusando. a deixar que vejam qualquer sinal de fraqueza.

Se ele acha que pode me intimidar, está muito enganado. Gosth pode ser um desafio, mas eu já superei desafios muito maiores....

Quando o capitão terminou de me apresentar e deixou a sala, a tensão ainda pairando no ar.

Gosth se levanta de repente, seus movimentos firmes e decididos. Ele se aproxima de mim, seus olhos azuis fixos nos meus.

“Vamos ver se você é tão boa quanto dizem, cabeça de fósforo,” ele diz, me olhando de cima a baixo.

A raiva sobe dentro de mim.... Eu não deixaria barato.

“Sabe, Gosth, ouvi dizer que você é um dos melhores,” começo, um sorriso frio nos lábios. “Mas olhando pra você agora, acho que exageraram um pouco. Se você é o padrão aqui, eu vou passar por cima de você sem nem suar.”

A sala fica em silêncio por um momento, até que Martinez solta uma risada alta.

“Já gostei de você,” ele diz, quebrando a tensão e arrancando risadas dos outros.

Gosth estreita os olhos, claramente irritado com minha resposta. Ele se afasta um passo, ainda me olhando fixamente.

“Espero que consiga acompanhar,” Ele diz , sua voz um desafio claro.

Eu dou um passo à frente, me aproximando ainda mais, e olho diretamente nos seus olhos.

“Acompanhar? Eu vou te ultrapassar.... E quando isso acontecer, você vai ter que tirar essa máscara só pra me agradecer por te ensinar como se faz.”

E eu estava mais do que pronta para provar meu valor e mostrar a Gosth que ele não sabia com quem estava lidando.

Quanto a história da máscara?

O cara simplesmente não tira pra nada... Acho que nem pra tomar banho

Ninguém nunca viu o rosto dele. Então durante uma das missões eu decidi abordar o assunto da máscara de Gosth, mais por deboche do que por qualquer outra coisa.

"Qual a da máscara, afinal?", perguntei casualmente, enquanto nos preparávamos para uma operação.

"É óbvio. Para não mostrar o rosto." Ele respondeu mantendo o tom sério

"Será que é porque você é feio?", perguntei, um sorriso debochado brincando em meus lábios.

Gosth não pareceu ofendido pela provocação. Na verdade, ele responde com confiança.

"Totalmente o oposto, na verdade."

Eu arqueio uma sobrancelha, expressando minha incredulidade.

"Dúvido", disse, meu tom desafiador.

Gosth mantém o olhar fixo em mim, seus olhos azuis brilhando por trás da balaclava. Ele dá um passo à frente, diminuindo a distância entre nós.

“Dúvida?” ele repetiu, a confiança em sua voz inabalável. “Só porque você não consegue ver, não significa que não seja verdade.”

Reviro os olhos, cruzando os braços.

“Bem, se é tão verdade assim, por que não mostra o rosto? Medo de assustar a todos nós?”

Gosth dá uma risada baixa, um som raro que fez os outros na sala olharem em nossa direção.

“Fox, se eu tirasse essa máscara, você não conseguiria tirar os olhos de mim. E sinceramente, não tenho tempo para lidar com distrações.”

Eu solto uma risada debochada, balançando a cabeça. “Você realmente se acha, hein?”

Ele dá de ombros, um gesto despreocupado. “Talvez. Mas você nunca vai saber, não é?”

Eu abri a boca para retrucar, mas antes que pudesse dizer algo, o capitão entrou na sala, encerrando nossa conversa com um olhar severo.

“Temos uma missão para focar,” disse ele. “Guardem as provocações para depois.”

E assim, a rixa entre nós só cresceu e persiste até hoje.

Estamos sempre competindo, seja para ser o primeiro a completar uma tarefa, o mais eficiente em campo ou simplesmente para provar quem é o melhor. Essa competição constante, embora desgastante às vezes, também nos impulsiona a alcançar nossos limites e nos tornarmos melhores soldados....

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