Capítulo 20

...Flora Narrando ...

Sinto pingos de chuva molhando o meu rosto, enquanto sentia o meu corpo sendo abraçado fortemente. O cheiro que eu sentia era conhecido e o corpo quente da pessoa também…poderia…ser ele? Abro os meus olhos com lentidão e quando eu me acostumei com a escuridão, eu pude ver a face bela do Charles.

Ele estava comigo, ele estava me abraçando e me protegendo da chuva. Isso é um sonho? Eu morri? Charles encarou-me e então beijou a minha testa. Eu passei a mão na sua face e entre lágrimas eu disse:

— Eu morri…né? Desculpa…eu deveria ter te confrontado, deveria ter calado a sua boca quando você me disse para eu ir embora. Eu deveria ter te levado para o quarto e ter feito você mudar de ideia! Mas não, eu fui uma inútil!

Indaguei entre lágrimas e o Charles parou de andar, só então, eu percebi que não era um sonho ou algo do tipo. Eu não morri?!

— Você não foi inútil… Flora, eu quis te proteger e acabei te levando para a morte. Desculpa querida, o único que tem que se desculpar aqui sou eu, somente eu…

— Charles…

Os olhos azuis quase verdes do Charles estavam brilhando devido às lágrimas que se formavam neles. Eu abracei fortemente o corpo do Charles e só então, eu pude notar que ele estava nu. Encarei o corpo despido do Charles em choque e então perguntei:

— Charles…como, como você chegou aqui tão rápido? Como conseguiu me encontrar?

— Irei responder todas as suas perguntas quando chegarmos em casa, okay?

Cansada, eu apenas concordei com a cabeça. Ele está comigo agora e isso é o mais importante neste momento. Abracei fortemente o corpo do Charles e então perguntei:

— Você não irá me abandonar novamente…né?

Charles cheirou o meu pescoço e negou com a cabeça.

— Nunca mais — Beija a testa dela — Eu nunca mais irei cometer um erro desse novamente.

— Que bom…

Charles Narrando

Flora desmaiou novamente, eu a peguei no colo e a levei para casa. Entrei pelos fundos e fui direto para o meu quarto, onde a deixei na cama e fui tomar um banho para tirar o fedor insuportável de sangue que estava impregnado no meu corpo.

Quando saí do banho, eu senti vontade de vomitar e rapidamente voltei para o banheiro. Comecei a colocar tudo para fora, era pedaço de orelhas, dedos e carnes. Encarei aquilo tudo com pavor, enquanto sentia a minha garganta arder.

Dei a descarga e escovei os meus dentes mais de duas vezes, com o intuito de tirar o gosto de sangue da minha boca. Após isso, eu saí dali e encontrei a Flora sentada na cama, ela estava fazendo careta e logo a mesma caiu no chão e começou a vomitar.

Corri ao seu encontro e segurei os seus cabelos, ela vomitava água, somente água. Quando ela terminou de vomitar, eu a peguei no colo e a levei para o banheiro.

— Mm…eu…eu sujei o seu tapete…

Ela falou envergonhada e eu disse que tava tudo bem. Ajudei ela a tirar o que restava do seu vestido e então perguntei:

— Ele chegou a fazer algo com você?

— N-não…ele somente me tocou, nada além disso.

Flora mordeu os lábios e então sentiu vontade de vomitar novamente. Ela foi para a privada e eu preparei a banheira para ela.

— Charles…eu sei que a gente nunca tocou no assunto…mas, se eu engravidar um dia…estou supondo, tá? Mas, caso isso aconteça…você pediria para eu tirar o bebê?

Encaro a barriga da Flora e começo a escutar o coração do pequeno ser na sua barriga. Agora ele batia fortemente dentro dela e eu estava me acostumando com o som do bater do seu coraçãozinho.

— Não, claro que não.

— Sério?

Os olhos da Flora brilharam e eu ouvi o coração dela bater com entusiasmo. Sorri e concordei com a cabeça.

— Eu nunca faria isso, coloque essas palavras minhas na sua cabeça e trate de nunca esquecer elas!

— Certo!

Ela falou sorrindo e então eu ajudei ela a entrar na banheira.

— Fique o tempo que desejar e se precisar de alguma coisa é só me chamar.

— Onde vai?

Perguntou ela e eu apontei para o meu corpo.

— Não posso ficar pelado o tempo todo, Flora.

— Oh…eu tinha esquecido!

Ela sorriu envergonhada e eu saí do banheiro. Ao estar pronto, eu fui preparar algo para ela comer. Quando terminei de preparar uma sopa para a Flora, notei um cheiro estranho no ar.

— Ele voltou?

Fui até a janela da cozinha, abri ela e olhei ao redor. Estava tudo calmo, calmo até demais. Os cães não latiram, eles pareciam estar com medo de algo e os outros animais tinham o mesmo comportamento. Fechei a janela, peguei a bandeja com a sopa e pão para a Flora e subi as escadas a passos rápidos.

No quarto, encontrei ela usando uma blusa minha e a mesma estava deitada na cama.

— Você ficou bem com essa camisa.

Indaguei, ela sorriu envergonhada e cruzou as suas pernas. O seu corpo estava cheio de hematomas, tais que foram causados pelos galhos das árvores.

— Coma, vou precisar sair. Volto logo.

— De noite? Não será perigoso?

Ela perguntou com um olhar de preocupação, e eu a tranquilizei.

— Só irei olhar os animais, não irei demorar. Vou até levar uma arma, caso isso te tranquilize mais.

— Sim, leve uma por favor.

Concordei com a cabeça e fui pegar uma arma. Depois sair e pedi para ela não sair dali por nada. Fora de casa, eu notei que os animais ficaram agitados e as vacas que estavam quietas começaram a mugir.

Andei em direção ao curral com passos lentos, tentando chamar a menor atenção possível daquele lobisomem. Assim que eu cheguei na frente do curral, avistei aquele monstro tentando atacar sutilmente uma das vacas e rapidamente apontei a lanterna na cara dele, o cegando e fazendo ele recuar.

— Eu já te dei um aviso, mas parece que você não quer ouvir, né mesmo?

Eu indaguei e aquilo saiu bufando dali. Pensei em atirar, mas sabia que se eu atirar-se eu iria assustar a Flora.

— Na próxima eu estouro os seus miolos!

Gritei para ele e o mesmo encarou-me com fúria no olhar. Ele bufou novamente e voltou a correr, indo na direção da mata. Entrei para dentro de casa, tranquei a porta e encontrei a Flora descendo as escadas com a bandeja em mãos.

— Você podia deixar lá, eu pegava depois.

— Eu precisava esticar as pernas. O que aconteceu lá fora? Ouvi alguns sons estranhos…

— Nada, então não se preocupe. Me dá a bandeja, você precisa descansar bastante.

Ela concordou, me entregou a bandeja e então voltou para o meu quarto. Deixei a bandeja em cima da mesa e fui para o quarto logo em seguida.

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Comments

Joana Sena

Joana Sena

muito emocionante esse livro 👏👏👏

2025-01-10

0

Julia Graziella

Julia Graziella

que história boa

2024-12-15

0

Su

Su

historia mto boa

2024-05-31

3

Ver todos

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