Capítulo 5

...Flora Narrando...

Após um banho demorado, eu fiquei arrumando o meu cabelo, enquanto os meus pensamentos eram todos de Charles. Ainda consigo sentir formigamentos nas partes do meu corpo que foram tocadas por ele. O que está acontecendo comigo? Eu tinha medo de ter qualquer aproximação com ele, e agora sinto vontade de estar nos seus braços.

Encaro o meu reflexo no espelho e noto que a minha bochecha está rosada e os meus lábios vermelhos. Passo a mão nos meus lábios e sorrindo penso no nosso beijo, tal que foi quente e delicioso. Levanto da cadeira e sigo até a porta, respiro fundo e sai indo em direção às escadas.

Na cozinha, eu tirei a comida que sobrou para dar aos cães. Lavei a louça suja e ouvi a voz rouca do Charles surgir de trás de mim. Senti novamente aquele frio na barriga e as minhas bochechas esquentaram. Lentamente eu me virei, para assim poder apreciar a beleza natural do homem que se tornou o meu marido.

— Voltarei ao trabalho. Estarei de volta às 5 horas.

— Certo…

— Não precisa alimentar as galinhas, apenas coloque água para elas e pegue os ovos.

— Farei isso.

Charles saiu da casa me deixando decepcionada. Eu imaginava que ele me beijaria ou algo do tipo, mas ele simplesmente não fez nada, nem um tchau me deu. Suspirei em total decepção e voltei aos meus afazeres. Quando a casa estava toda organizada novamente, eu peguei a comida e fui dar aos cães e a dois gatos que tinha ali.

Havia ração para eles, mas preferi dar a comida para não desperdiçar. Fui até o galinheiro, entrei e troquei a água dos cochos que estavam sujas de lama. Peguei alguns ovos e depois me aproximei de uma galinha que estava chocando. Queria muito ver se havia pintinhos, mas ela era muito brava e sempre que eu tentava afastar ela um pouco, ela tentava me beliscar.

Saí do galinheiro e fui pegar uma vassoura para poder varrer o quintal, que devido a um vento forte que deu pela manhã, o deixou cheio de folhas secas. Quando estava colocando o banco debaixo de um pé de manga que tinha ali nos fundos, ouvi alguém chamando na frente da porteira.

Deixei a vassoura encostada na parede e fui até lá ver. Os cães não estavam latindo, eles apenas olhavam para o homem que estava na porteira fixamente, mas deles eu não conseguia ouvir nada. Me aproximando mais do homem, notei que era o mesmo homem estranho que eu havia avistado mais cedo na floresta.

O senhor aparentava senti bastante fome e sede e assim que eu fiquei a alguns centímetros dele, o mesmo sorriu monstrando os seus dentes pobres e amarelos.

— Precisa de algo senhor?

Perguntei e o homem rapidamente confirmou com a cabeça. Percebi que ele não tirava os seus olhos do meu corpo e de vez em quando, ele olhava para os lados para se certificar se havia mais alguém ali comigo.

— Preciso de comida e água…a senhora me cederia um pouco? Até pão velho serve moça!

— O senhor espera aqui que eu já volto com algo para o senhor comer e beber.

— Muito obrigado pela a sua gentileza!

Sorri e voltei às pressas para dentro. Peguei alguns biscoitos e um copo de suco para ele. Infelizmente não havia nada pronto para ele agora e suponho que ele não aguente esperar por muito tempo. Ao chegar próximo a ele, o mesmo sorriu e eu dei biscoitos e suco. O senhor comeu tudo rapidamente, e depois me entregou o copo puro.

— Precisa de mais? Se precisar, eu posso pegar para o senhor levar.

— Não…isso já foi o suficiente.

O homem olhou para o céu, depois direcionou o seu olhar para mim e então, sem mais e nem menos, ele começou a farejar igual um cachorro. Fez uma cara nada legal e tornou a olhar para mim.

— E-está…tudo bem, senhor?

Perguntei preocupada e logo o homem perguntou:

— Você está sozinha, minha jovem?

— Ahn…não, o meu marido está em casa. Mas, qual o motivo da sua pergunta?

O homem deu de ombros, ele abriu um largo sorriso perverso e disse, enquanto dava as costas para mim:

— Durante a noite eu lhe farei uma visita, minha jovem.

A sua fala me deu calafrios por todo o corpo e eu rapidamente voltei para casa. Lavei o copo que ele havia bebido o suco e fui tratar de fazer o jantar. A noite cairá logo, pois o tempo está chuvoso e creio que uma grande tempestade cairá essa noite…

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