Capítulo 14

...Charles Narrando...

— Porquê o senhor tocou nesse assunto? Tem algo que o incomoda?

O meu sogro passou a mão na sua barba esbranquiçada, suspirou pesadamente e olhou-me nos olhos com um pesar.

— Ele a quer, meu genro.

— Ele? Ele quem?

Perguntei já sentindo o meu sangue ferver. Quem ousaria cobiçar algo que me pertence?!

— Natanael, o primogênito do Natan Bent.

— Natan Bent…aquele homem asqueroso, está mesmo planejando tocar em algo que é meu?!

Bato na mesa e o meu sogro diz:

— Se acalme meu genro, pois ele não terá chance alguma. Depois que vocês assinarem os papeis do casamento, eles não irão poder fazer mais nada a respeito disso.

— Quando se trata de seres como eles, não podemos confiar nunca!

— Você tem toda a razão — Suspira — melhor vocês assinarem logo os papeis, assim evitam conflitos.

Confirmei com a cabeça. Levantamos e fomos até o escritório, onde eu poderia ler o documento de casamento. Após alguns minutos, Flora juntou-se a nós e notei que o canto da sua boca estava machucado. Queria perguntar o que havia acontecido, mas tivemos que assinar logo os papeis.

Estávamos na varanda da grande casa esperando a chuva passar para seguirmos caminho, pois estava nos meus planos irmos embora ainda hoje.

— Está ficando tarde — o encara — não será perigoso voltar tarde para casa?

Nego com a cabeça e antes de dizer qualquer coisa, eu noto um machucado no pescoço da Flora. Ela tentou inútilmente esconder aquele hematoma roxo. Agarrei os seus braços e perguntei bravo:

— Quem te machucou, Flora?!

Notei os olhos da Flora se encherem de água, enquanto ela tentava a todo custo se afastar de mim. Segurei com firmeza os seus pulsos e a puxei contra o meu corpo, fazendo ela gemer com o impacto. Entre lágrimas, ela implorou para eu a soltar, mas eu neguei e ordenei:

— Me conte agora, Flora!

Flora estremeceu nos meus braços e entre soluços, ela falou:

— Foi…foi o Natanel…ele…ele…ele me beijou a força!

Ela gritou e eu senti todo o meu corpo esquentar devido ao ódio que acumulava o meu peito. Em que momento aquele desgraçado atacou ela? E porque…eu não senti o cheiro dele? Notando agora, eu nem sinto o cheiro dele nela…

— Charles…por favor, eu não quero que alguém sofra por minha causa. A culpa é minha…quando éramos pequenos…eu disse que um dia casaria com ele e agora…ele quer que eu cumpra a minha promessa!

— Você…você disse isso?!

Pergunto bravo e ela concordou com a cabeça. Suspirei pesadamente e resolvi me controlar, não posso correr o risco de deixar aquela coisa tomar posse de mim por causa do ódio.

— Desculpe…

Ela sussurrou e eu abracei o seu corpo.

— Eu errei em te proteger…isso não voltará a acontecer, eu prometo.

Flora enxugou as suas lágrimas, então encarou-me com aqueles olhos grandes gentis e perguntou:

— O que você fará? Você…você não planeja matá-lo, né?

Matar o Natanael é tudo o que eu desejo agora, mas sei que fazer isso significaria muito para mim. A besta que habita em mim é louca por sangue…não posso dá o prazer dele sentir o gosto de sangue!

— Não, então não se preocupe. Vamos, a chuva está ficando menos intensa.

Entramos para dentro e encontramos o meu sogro vindo ao nosso encontro com uma bandeja de guloseimas. Decidir ficar um pouco mais, pois sentia que ela precisava do calor dos braços do seu pai, o homem que a criou com tanto carinho.

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