capítulo 16

Alexa descia as escadas da mansão de Bruno, nervosa e com o coração acelerado. Marta havia ajudado a arrumá-la, e Alexa mal conseguia acreditar na imagem que via no espelho: estava deslumbrante, mas seu nervosismo era palpável. Ao descer, seus olhos encontraram os de Bruno, e naquele instante, foi como se o mundo ao redor desaparecesse. Tudo que ela conseguia ver era ele, e a intensidade daquele olhar a deixou ainda mais inquieta. Tentou disfarçar, percebendo os olhares de Marta e Eduardo, que logo começaram a fazer piadas discretas sobre a tensão entre eles. Mesmo assim, Bruno não desviava o olhar.

Enquanto saíam, ela e Sofia foram no carro com Bruno, enquanto Marta e Eduardo seguiram em outro. Alexa estava assustada, com medo de fazer algo errado ou dizer algo inadequado, mas Bruno a acalmou com algumas palavras suaves. Foi o suficiente para ela relaxar um pouco, até que chegaram ao evento e foram recebidos por uma multidão de repórteres. As perguntas eram incessantes, mas Bruno manteve a compostura, ignorando todos até que conseguissem entrar no local.

Assim que chegaram ao salão, Alexa avistou Úrsula, a assistente de Bruno, se aproximando. Sentindo-se um pouco desconfortável, decidiu se afastar. Ao caminhar pelo salão, avistou Marta e Eduardo, e para sua surpresa, Júlia estava com eles. Ela quase não acreditou.

— Olá, boa noite — disse Alexa, se aproximando com um sorriso.

Júlia a encarou, igualmente surpresa. — Meu Deus, Alexa! Você está incrível!

Eduardo arqueou uma sobrancelha, curioso. — Vocês se conhecem?

— Sim — respondeu Alexa, sorrindo. — Morávamos juntas antes de eu começar a trabalhar na mansão. Somos amigas desde a infância.

Eduardo soltou uma risada leve. — Que coincidência! Ainda bem que vocês têm uma à outra nesses eventos chatos.

Marta, sempre atenta, repreendeu o filho com um olhar. — Eduardo, por favor, comporte-se. Estamos aqui em homenagem à Amélia.

Eduardo não falou mais nada e saiu, deixando Alexa, Júlia e Marta sozinhas. Marta aproveitou a oportunidade para entrar na conversa.

— Se você é amiga da Alexa, seja bem-vinda à nossa família, Júlia — disse Marta, com um sorriso acolhedor. — E, por favor, veja se coloca um pouco de juízo na cabeça do Eduardo. Só Deus sabe o trabalho que aquele ali dá.

Júlia riu, mas logo ficou séria. — Não me entenda mal, não somos namorados.

Marta a interrompeu com um olhar astuto. — Ah, querida, eu vi a forma como vocês se olham. Não sou boba. Conheço bem aquele olhar, não é, Alexa?

Naquele momento, Alexa sentiu suas bochechas queimarem de vergonha, mas antes que pudesse responder, Bruno apareceu novamente. Ele cumprimentou Júlia rapidamente e, sem dizer muito, se virou para Alexa.

— Posso te roubar por um momento? — disse ele, estendendo a mão para ela.

Sem saber ao certo como reagir, Alexa aceitou, e ele a conduziu para a pista de dança. Ela não sabia dançar, mas o olhar de Bruno sobre ela a deixava em transe. Os dois dançaram como se fossem os únicos no salão, completamente alheios ao que acontecia ao redor. A cada movimento, o toque de Bruno parecia acender algo dentro dela, e Alexa percebeu que não era só nervosismo. Ela realmente sentia algo por ele.

Quando a noite finalmente chegou ao fim, Marta foi embora com Eduardo, levando Sofia com eles, enquanto Alexa e Bruno ficaram para trás. No carro, Alexa notou que Bruno seguia um caminho diferente do habitual.

— Bruno, esse não é o caminho de casa — disse ela, um pouco apreensiva.

— Calma — ele respondeu com um sorriso tranquilizador. — Só vamos a um restaurante. Quero conversar com você.

Embora aquilo a deixasse nervosa, ela confiou nele e logo entendeu o motivo de estarem ali. Bruno confessou o que sentia por ela, embora não soubesse definir exatamente o que era. Ele disse que ela o fazia se sentir de maneiras que ele não sentia nem por Amélia, sua falecida esposa. Alexa, com o coração na mão, não soube como responder no início. No entanto, quando falou, foi sincera. Confessou que, desde o beijo que ele lhe deu, não conseguia tirá-lo da cabeça. Também admitiu algo que a deixava envergonhada: Bruno foi seu primeiro beijo.

Ele reagiu com compreensão e carinho, o que a fez relaxar. Ainda assim, cada beijo de Bruno a fazia sentir coisas novas e intensas, e o fato de ele sempre pedir permissão antes de beijá-la começava a incomodá-la. Ela queria ser surpreendida, ser arrebatada pelos sentimentos, sem tantas formalidades.

Quando voltaram para casa, Alexa, ainda envergonhada, deu um beijo rápido na bochecha de Bruno e saiu correndo do carro. Ela sentia o rosto queimar de vergonha, mas, ao mesmo tempo, havia uma felicidade intensa dentro dela. Talvez, finalmente, estivesse descobrindo o que era esse sentimento que crescia por Bruno.