capítulo 18

Marta observava tudo com o olhar atento e carinhoso de mãe,desde o início, ela sempre soube que Bruno nutria sentimentos por Alexa, mesmo que ele tentasse negar,como mãe, conhecia os gestos sutis de seus filhos e podia enxergar o que Bruno talvez ainda não estivesse pronto para admitir,ela sempre acreditou que Alexa seria uma boa influência para Bruno, alguém capaz de ajudá-lo a curar as feridas do passado,contudo, preferiu não forçar as coisas, apenas ajudando discretamente, esperando pelo momento certo.

Naquela noite do evento, Marta aproveitou a oportunidade para orquestrar um momento entre os dois,vendo Alexa descer as escadas linda como estava, ela teve certeza de que seu filho a amava, mesmo que tentasse esconder,quando todos retornaram para casa, Marta, sempre atenta, escondeu-se atrás do carro de Eduardo, e lá, viu o que mais desejava: Bruno e Alexa se beijando,o beijo foi rápido, quase furtivo, com Alexa fugindo logo em seguida, mas o sorriso no rosto de Marta era impossível de conter. "Era só uma questão de tempo", pensava ela, enquanto ria silenciosamente.

Na manhã seguinte, o som de risos enchia a casa,vinha do quarto de Sofia, e Marta, curiosa, se aproximou para ver o que estava acontecendo,era Bruno, encantado, completamente radiante porque Sofia finalmente havia o chamado de "papai". O que ele não sabia era que Alexa havia passado o dia anterior praticando com a menina, ensinando-a a falar a tão esperada palavra,a alegria de Bruno era contagiante, mas, como em muitos momentos felizes, foi interrompida pelo ciúme bobo de Eduardo, que acabou dizendo algo que machucou profundamente Bruno.

Marta sabia que Eduardo não tinha a intenção de ferir o irmão, mas a verdade dita em um momento inoportuno teve um efeito devastador, Bruno ficou magoado, e o sorriso que ele tinha momentos antes desapareceu. Ela pediu para Eduardo deixar o irmão esfriar a cabeça e os dois desceram para o café da manhã,quando Alexa apareceu, Marta a incentivou a conversar com Bruno, pois ela sabia que, se alguém poderia alcançá-lo naquele momento, era Alexa.

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Bruno estava no quarto, perdido em seus próprios pensamentos,a felicidade que sentiu ao ouvir Sofia o chamar de "papai" foi substituída por uma avalanche de culpa e dor,ele sabia que Eduardo não tinha falado aquilo por mal, mas não conseguia evitar que as lembranças do passado o dominassem,ele havia se afastado de Sofia quando ela mais precisava dele,a imagem de Amélia, sua esposa, surgia em sua mente constantemente,ele sentia como se tivesse falhado com ambas, até porque Amélia se sacrificou por Sofia e ele não tinha conseguido nem segurá-la antes.

Enquanto estava imerso nesses pensamentos, ouviu uma batida na porta.

— Não quero falar, mãe, me deixa sozinho um pouco — disse, acreditando que era Marta.

Mas a voz que veio do outro lado o surpreendeu.

— Sou eu... posso entrar? — Alexa perguntou, meio hesitante.

— Claro, entre — Bruno respondeu, sentindo o coração acelerar.

Alexa entrou devagar e, ao se aproximar, começou a falar com cuidado.

— Bruno, eu sei de tudo o que aconteceu, não profundamente, mas o suficiente para entender,eu sei que você ama muito a Sofia, e quando você se afastou, não foi por falta de amor... foi pela dor.

Bruno suspirou, suas emoções à flor da pele.

— Alexa, ela era só um bebê... e eu não estive lá para ela,eu me afastei porque a dor era insuportável,ela perdeu a mãe, e eu fui fraco, não pude me conter para ajudar ela que sempre foi tão pequena e frágil.

Alexa o olhou nos olhos com ternura.

— Você não foi fraco, Bruno,você amou tanto Amélia que sua ausência doeu demais,o que você sentiu foi o reflexo desse amor,ninguém te culpa por isso.

Sem pensar, Bruno a abraçou com força, sentindo um conforto que há muito não sentia, Alexa, com sua delicadeza, colocou sua cabeça em seu colo e passou a mão suavemente pelas costas dele, em um gesto de carinho e consolo,naquele momento, tudo parecia mais leve.

Foi então que, quase em um impulso, Bruno falou:

— Alexa, eu amo você... por favor, seja minha namorada.

A surpresa tomou conta de Alexa, mas ela tentou manter a calma.

— Bruno, por favor... não brinque com isso. Não fale por impulso. Pense bem antes de dizer algo assim.

Ele levantou a cabeça, seus olhos carregados de emoção, mas cheios de certeza.

— Não é impulso, Alexa. Eu tenho certeza das minhas palavras. Eu sei o que sinto.

Alexa ficou em silêncio por um momento, processando o que acabara de ouvir. Sabia que os sentimentos de Bruno eram reais, mas também sabia que ele estava em um momento vulnerável. Aquele seria um passo importante, e ela precisava ter certeza de que ambos estavam prontos para isso.

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