capítulo 9

Após Bruno sair do quarto, Alexa tentou acomodar Sofia para dormir, mas a pequena não gostou de ficar deitada. Alexa acabou optando por permanecer sentada, mantendo Sofia em seus braços para não a incomodar. Momentos depois, ela sentiu quando Bruno se deitou ao seu lado. Preferiu não dizer nada, percebendo que ele estava sendo gentil, e assim a noite seguiu tranquila até a manhã seguinte.

— Bom dia, senhor Bruno — disse Alexa ao vê-lo acordar.

— Bom dia. Por favor, pare de me chamar de senhor, não sou tão velho assim — ele respondeu.

— Mas não é por idade, é por respeito — explicou ela.

— Mesmo assim, pode parar com isso, ok?

Alexa apenas assentiu com a cabeça. Logo em seguida, a enfermeira entrou no quarto para trazer o café de Sofia. Alexa tentou alimentá-la, mas a menina recusava. Foi então que Bruno pegou Sofia no colo, sentou-se com ela e sugeriu:

— Tente agora.

Alexa, então, tentou novamente, adotando um tom lúdico:

— Olha o aviãozinho, princesa, abre a boquinha — e, para sua surpresa, Sofia aceitou a comida, mostrando que estava se sentindo melhor. A pequena melhora trouxe alívio, e Alexa foi interrompida de seus pensamentos pela chegada de Marta.

— Bom dia, meus queridos. Como está minha bonequinha linda? — perguntou Marta, carinhosa.

— Bom dia, senhora Marta. Ela está bem melhor, já comeu tudo — respondeu Alexa.

— Bom dia, mãe — disse Bruno, dando um beijo na bochecha da mãe antes de sair, dizendo que precisava se alongar um pouco.

Assim que Bruno saiu, Marta se aproximou de Alexa com um sorriso nos lábios.

— Alexa, querida, que cena linda foi essa que eu vi hoje? Vocês estão tão próximos já!

— Perdão, senhora, ele estava apenas me ajudando a alimentar Sofia — respondeu Alexa, sentindo-se um pouco envergonhada.

— Não estou reclamando, meu bem.

Pouco depois, o médico chegou para a visita da manhã e deu alta a Sofia. Todos voltaram para casa, onde encontraram Eduardo relaxando no sofá da sala.

— Bom dia, ei amor de titio, como você está? — ele perguntou, brincando com Sofia.

— Bom dia. Ela está bem, mas eu preciso descansar — respondeu Bruno, exausto.

— Vou colocar ela na cama — disse Alexa, pronta para seguir com Sofia para o quarto.

— Ok — assentiu Bruno.

Alexa subiu para o quarto de Sofia, mas, logo depois de colocá-la na cama, a porta se fechou abruptamente atrás de si. Assustada, ela virou-se e viu Eduardo.

— Com licença, preciso preparar o café da manhã — disse ela, tentando manter a calma.

— Pra que a pressa? Fica mais um pouco aqui comigo — insistiu Eduardo, com um sorriso malicioso.

— Senhor, eu preciso ir. Abra a porta — Alexa respondeu, começando a se sentir desconfortável.

— Relaxa, eu sei que você não é lésbica, e sei que você é difícil de conquistar, mas eu vou conseguir — ele disse, aproximando-se cada vez mais.

— Eu vou gritar, por favor, saia! — disse Alexa, tentando se afastar.

Eduardo a agarrou à força, mas Alexa reagiu rapidamente, chutando-o e conseguindo abrir a porta. Desesperada, ela correu para o andar de baixo, onde encontrou Marta e Bruno conversando na sala. Ao vê-la correndo, ambos ficaram alarmados, mas Alexa não parou, indo diretamente para seu quarto e se trancando.

...****************...

Quando o dia amanheceu, Marta foi ao hospital visitar sua neta. Ao chegar lá, foi informada sobre o quarto e, ao entrar, viu uma cena que aqueceu seu coração: Bruno, Alexa e Sofia estavam dormindo juntos, como uma verdadeira família. Alexa se mexeu levemente, e, para não atrapalhar, Marta saiu discretamente, indo tomar um café no restaurante do hospital.

Mais tarde, ao retornar, Marta se deparou com outra cena encantadora. Bruno estava com Sofia no colo, enquanto Alexa tentava alimentá-la com carinho. Quem os visse, sem conhecer a história por trás, poderia facilmente pensar que formavam uma família perfeita. Alexa notou a presença de Marta e ficou visivelmente sem graça, tentando se explicar. Bruno, como de costume, parecia desconfortável com a situação e tentava escapar das formalidades.

Após o médico liberar Sofia, eles voltaram para casa. Eduardo estava na sala, aguardando por eles, e Alexa subiu para colocar Sofia na cama. Enquanto isso, Marta aproveitou para conversar com Bruno, observando as mudanças sutis no comportamento do filho.

— Filho, você e Alexa estão virando amigos, não é? — perguntou Marta, curiosa.

— Mais ou menos, mãe. Ela é apenas uma ótima babá — respondeu Bruno, sem dar muita importância à pergunta.

De repente, Alexa passou correndo, visivelmente assustada, em direção à cozinha, o que preocupou Marta. Ela e Bruno foram atrás, mas Alexa se trancou em seu quarto. Bruno olhou para sua mãe, inquieto.

— Mãe, cadê o Eduardo? — perguntou ele.

— Não sei, acho que saiu — respondeu Marta, embora soubesse que Eduardo tinha alguma coisa a ver com aquilo.

Bruno tentou falar com Alexa, pedindo que ela abrisse a porta, mas sem sucesso. Ele, então, forçou a entrada e encontrou Alexa deitada na cama, chorando.

— Querida, o que aconteceu? — perguntou Marta, mas Alexa não respondeu, apenas continuou chorando.

Deixando Bruno a sos com a jovem, Marta foi procurar Eduardo. Ao encontrá-lo em seu quarto, foi direta:

— Eduardo, o que você fez com Alexa?

— Eu não fiz nada, mãe. Ela que é doida, me deu um chute nas partes baixas do nada — respondeu ele, tentando se defender.

— Eu não acredito em você, mas te aviso uma coisa fique longe dela. Se Alexa contar o que aconteceu para Bruno, você vai ouvir poucas e boas, e com razão. Ah, e antes que eu me esqueça, você está de castigo — decretou Marta.

— Mãe, eu já tenho vinte e um anos. Esse tempo de castigo já passou — retrucou Eduardo, indignado.

— Enquanto você depender do meu dinheiro, eu mando aqui. Está de castigo e sem sair desse quarto — finalizou Marta, sem paciência.

Depois de lidar com Eduardo, Marta desceu novamente para o quarto de Alexa e se surpreendeu ao ver Bruno ao lado dela, tentando acalmá-la. Marta ficou pensativa, se perguntando se algo estava, de fato, mudando em seu filho. Seria possível que Alexa estivesse começando a amolecer o coração de Bruno? Marta decidiu que, de qualquer forma, ajudaria a jovem. Afinal, Alexa era uma boa menina, e talvez fosse exatamente o que Bruno precisava para voltar a ser feliz.

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