capítulo 8

Bruno estava tendo um dia que havia começado de maneira normal, mas que rapidamente tomou um rumo ruim depois que as lembranças de Amélia o tomaram de assalto. A reunião com Cardoso não correu como ele esperava, o que apenas aumentou sua frustração. Sem dizer uma palavra a ninguém, ele decidiu ir direto para casa. Assim que chegou, foi diretamente para o quarto e entrou no banheiro. Ali, naquele espaço fechado e isolado, ele sempre tentava organizar seus pensamentos.

Depois de algum tempo, Bruno saiu do banho e, para sua surpresa, encontrou Alexa em seu quarto. A visão dela ali, sem aviso, o irritou. Quando ela estava prestes a sair, ele a segurou impulsivamente e a beijou com intensidade, como se o mundo fosse acabar naquele instante. Ele não sabia de onde vinha aquele impulso, mas o desejo era tão forte que parecia impossível parar. A sensação da pele macia de Alexa contra a sua o fazia se sentir vivo como há muito tempo não se sentia. No entanto, com muito esforço, ele conseguiu se afastar, mandando-a sair do quarto. Temendo que pudesse cometer outro erro, ele trancou a porta, mas dormir naquela noite se mostrou impossível. O beijo ficou martelando em sua mente, deixando-o agitado e confuso.

Seus pensamentos foram interrompidos por uma batida rápida na porta. Ao abrir, sua mãe, Marta, entrou no quarto com o rosto aflito.

— Bruno, a Sofia está com muita febre, precisamos levá-la ao hospital agora! Vista-se rápido, vou pedir para Alexa arrumar ela — disse Marta, apressada.

Assim que ouviu o nome de Alexa, todas as lembranças daquele momento voltaram à tona.

Bruno se vestiu rapidamente e foi até o quarto de Sofia, onde viu Alexa acalmando sua filha no colo, enquanto a pequena Sofia, mesmo doente, acariciava o rosto de Alexa com suas mãozinhas. Foi nesse momento que Bruno realmente notou como Alexa era bonita, mas ele logo se recompôs. Sua prioridade era sua filha.

— Vamos logo, estou esperando no carro — disse ele, mantendo o foco na situação urgente.

No hospital, Bruno não conseguiu entrar na sala com Alexa e Sofia. As lembranças de Amélia no hospital o dominavam, tornando impossível para ele passar por aquela porta. Após o que pareceram horas, Alexa saiu e lhe explicou que Sofia estava com um começo de gripe e uma inflamação na garganta. Ela precisaria ficar em observação naquela noite. Alexa sugeriu que ele fosse para casa descansar, pois ela ficaria com Sofia, mas Bruno não conseguia sequer pensar em deixá-las sozinhas. Era sua filha, e ele não poderia abandoná-la ali.

Os dois foram para o quarto onde Sofia ficaria. Sentado ali, Bruno sentiu a necessidade de agradecer a Alexa, que parecia entender e cuidar de sua filha de uma maneira que poucos conseguiam. Ele a abraçou, sentindo que ela era uma pessoa verdadeiramente especial.

— Um momento, preciso fazer uma ligação — disse Bruno, afastando-se por um instante.

Alexa assentiu, dando-lhe espaço. Bruno ligou para Úrsula, sua assistente, informando o que havia acontecido e pedindo para cancelar sua agenda do dia seguinte, já que ele ficaria com Sofia. Enquanto falava, uma parte de Bruno ficou incomodada com o fato de Alexa ter dito que queria esquecer o que aconteceu entre eles. Como ela poderia esquecer algo tão intenso quanto aquele beijo?

Quando voltou ao quarto, encontrou Alexa adormecida com Sofia em seu colo, enquanto ela se sentava na cama. Sem pensar duas vezes, Bruno deitou-se ao lado delas, puxando Alexa para mais perto, pois sabia que ela acordaria cheia de dores se continuasse naquela posição.

Alexa se mexeu levemente, mas não acordou, apenas se aconchegou mais nos braços de Bruno. E assim, os três passaram a noite juntos, uma família improvisada naquele hospital silencioso.