Capítulo 14

Luc estava em seu escritório desde muito cedo, nesses últimos dias não tinha conseguido dormir direito... não entendia, mas se sentia nervoso e mal-humorado, não tinha cabeça para o trabalho, mas também não queria ficar em casa pensando... e nem dormindo.

Tinha passado os últimos 4 meses procurando na internet pela maioria das famílias com sobrenomes com M, não desistiria disso, também tinha evitado os jantares em família, já não queria discutir com seu pai pelo mesmo motivo; porém, seu pai não era uma pessoa fácil, então, embora Luc não fosse para casa, seu pai o visitava no escritório de vez em quando, só para lembrá-lo de que precisava procurar uma esposa e lhe dar pelo menos um neto alfa.

As demandas nesse mundo são tantas... Que ter um filho alfa é uma demonstração de poder em alguma família rica e importante.

Hoje não seria exceção, Luc pensava como em muitos outros dias naquele pequeno ômega que tinha escapado de seus braços em um dia de verão, pensava ultimamente com tanta força que quase doía...

-Não pode ser que esteja apaixonado, não é?

Por que dói não tê-lo comigo? - Pensava como todos os dias Luc, que não entendia o que diabos estava acontecendo com ele.

Tic - Senhor, seu pai está lá fora, quer vê-lo.

Tic - Pfff, pode deixar ele entrar...

O alfa entrava naquele escritório que um dia foi seu, as coisas não mudaram muito, pois, embora não gostasse, Luc e Santos tinham os mesmos gostos em quase tudo.

-Olá, filho... vejo que está tudo bem.

-Olá, pai, o que o traz aqui?

-Filho, o evento beneficente é neste sábado, temos que ir, já que somos uma empresa beneficente, tenho certeza que você leu os detalhes.

-Li sim, pai, o que eu não entendo é por que eu teria que ir se é você o representante da empresa.

-Vamos lá, Lucian, a família Maison é uma família muito boa e o benefício é para a empresa, será um evento renomado, haverá muitas pessoas importantes e a imprensa também estará lá, devemos apresentar uma boa imagem para a sociedade, você esqueceu?

-Família Maison? Nunca ouvi falar dessa família antes...

Luc não se lembrava de ter procurado uma família com um sobrenome tão peculiar como aquele, em suas buscas só tinha encontrado algumas famílias, mas todas de classe média, nenhuma da classe social com a qual seu pai estava acostumado, por isso não lhe ocorreu, mas ouvir aquele sobrenome lhe dava uma boa sensação, uma espécie de impaciência.

-É uma família importante na área médico-veterinária, tem pesquisas importantes... talvez seja outro ramo da alta sociedade que, obviamente, não conhecemos, hahaha - ria seu pai, pois seu filho agora parecia um pouco interessado.

-Pai, essa família... Tem filhas ou filhos?

-Filhos? Bem, sim, um filho só, parece que se chama Luan Maison, no sábado Santos vai apresentar seu filho e sucessor, então, no futuro, teremos que lidar diretamente com ele, por quê?

Luc não entendia o porquê, mas ouvir o nome o fez sentir arrepios... Luan Maison... tinha procurado uma coincidência tão perfeita naquelas iniciais do bilhete, mas não a tinha encontrado com tanta certeza.

-Bem... pai... nós vamos.

-Muito bem, Lucian, ah, por falar nisso, esqueci de te dizer, a filha do Rinno também vai, e como ela vai sozinha, pensei que você poderia ser um bom par... não me interprete mal ainda, só conhecê-la como seu par naquela noite, filho.

-Pai... pensei que tinha ficado claro que por enquanto não...

-Eu sei, eu sei... só um convite informal, caramba, eu não disse que você vai se casar... procure um bom terno e te espero em casa no sábado às 18h, tudo bem?

Luc não queria mais discutir, então apenas assentiu e se levantou para acompanhar o pai, precisava se distrair um pouco, o nome Luan tinha ficado martelando em sua mente, tinha sentido um bom sinal e o nervosismo voltava... faltavam dois dias para o evento beneficente, mas ele já queria que chegasse, embora ainda não entendesse bem o porquê.

...♎♎♎♎♎♎...

Luan estava no quarto que anos atrás foi seu, agora já estava com quase 6 meses de gravidez e sua barriga começava a aparecer, ainda mais por ser uma gravidez gemelar, os meses tinham sido muito difíceis, lembrava-se de dormir muito pouco e comer menos, embora sua mãe cuidasse dele, ele acordava à noite sentindo terror do escuro e com crises nervosas constantes, queria sair à noite muitas vezes e procurar o alfa daquela vez, não entendia, não havia uma marca pela qual precisaria dele tão desesperadamente e, mesmo assim, seu coração doía por não tê-lo por perto.

Não tinha ficado nada dele, nem uma peça de roupa para cheirar e acalmar a ansiedade que sentia diariamente, em sua cama tinha feito um ninho com todas as roupas confortáveis que encontrou e dormia ali todas as noites esperando um dia acordar e tê-lo esquecido.

Também chorava muito porque, lá no fundo, sua lua se sentia abandonada e triste. Luan sentia isso e tentava conversar com ela dizendo que tudo ficaria bem, tinha deixado o trabalho há um mês com Laura e sua assistente, embora ela soubesse de sua condição, ele não queria que mais ninguém soubesse e questionasse como Luan Maison estava grávido sem um alfa ao seu lado, a sociedade às vezes pode ser muito cruel.

Procurava em seu guarda-roupa algumas roupas que ainda lhe servissem, tinha que ir à consulta, ultimamente tinha se tornado muito amigo de Noah e hoje poderiam saber como estavam seus filhotes e talvez o sexo.

Pegou um casaco largo de sua mãe, cheirava como o dele, de certa forma o acalmava um pouco, e saiu da mansão acompanhado de seu motorista direto para a clínica de maternidade. Ao chegar, não esperou ser chamado, apenas entrou no consultório para se deparar com um Noah muito atraente atrás da mesa, imerso em alguns ultrassons e papéis que o faziam parecer ainda mais atraente.

Noah sentiu o olhar e ergueu os olhos para encontrar um lindo ômega que o olhava da porta segurando a barriga com uma das mãos...

-Você está aqui, Luan... - disse Noah com um sorriso...

-Estou aqui, Noah... hahaha, ei, alguém já te disse que você é muito bonito?

-Hahaha, sim, algumas vezes, mas não alguém que me interessasse, até hoje.

Luan sentiu o rosto corar e apenas desviou o olhar e respondeu a Noah sobre sua consulta.

-Hoje poderemos vê-los?

-Claro... espero que eles deixem, hahahahaha.

Luan assentiu e foi levado para a maca onde Noah passou o gel frio em sua barriga, passou o aparelho algumas vezes e ficou em silêncio...

-Noah... está tudo bem? - Luan parecia desesperado.

-Luan, está tudo bem, mas você precisa comer um pouco mais, um dos gêmeos está abaixo do peso, embora, claro, já soubéssemos disso, eles precisam dos feromônios do papai.

-Eu sei... ultimamente eu também preciso deles.

-Não se preocupe, Luan, estamos no sexto mês, falta menos, vamos induzir o parto na 39ª semana, então vamos aguentar até lá, sim?

Luan assentiu e se levantou da maca com a ajuda do alfa.

Tinha pensado em contar a ele, estava tentado a fazê-lo, mas algo dentro dele lhe dizia para ficar quieto... então ele fez, não podia perder nada, além disso, Noah tinha sido um ótimo amigo para ele e estava atento.

-Noah... veja...

-Sim, Luan?

-No sábado haverá um evento e minha família é a patrocinadora principal... eu queria saber se você gostaria de ir... comigo... como meu acompanhante... quer dizer, seria como meu bom amigo e você não precisa ir se não quiser ou se sua parceira ou namorado não concordarem, entende... eu só queria saber e...

Ele não conseguiu terminar a frase, uma risada foi ouvida do outro lado da mesa e ele se virou para encontrar aqueles lindos olhos verdes do alfa.

-Não tenho parceira, Luan, nem namorado ou namorada... inacreditavelmente, aos 26 anos, sou um médico solteiro, então sim, vamos, nada me daria mais prazer do que ir com você a esse evento. - ele acariciou seu rosto e Luan sentiu seu rosto queimar, se afastou um pouco e tentou sorrir de volta.

-Perfeito, hahaha, então, te vejo lá às 19h, te mando o endereço por mensagem...

-Que tal se eu passar para te pegar? Eu tenho carro e podemos ir juntos.

-Hmm, sim, sim, claro, seria bom, mas a reunião é na minha casa, hahahahaha, então te dou o endereço de casa.

-Hahaha, tudo bem, Luan, eu entendo... estarei te esperando com muita vontade. - sorriu o alfa, o mais novo apenas assentiu e saiu do consultório, deixando para trás um alfa sorridente e apaixonado.

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