Capítulo 04

ANTONELLA NARRANDO

Hoje foi mais um dia intenso na faculdade. Logo pela manhã, enfrentei o trânsito caótico para chegar a tempo da primeira aula. O professor de Teoria Geral do Estado nos presenteou com uma discussão acalorada sobre a separação dos poderes e a atual conjuntura política do país.

Após a aula, corri para a biblioteca em busca de referências para o trabalho de conclusão de curso. Entre jurisprudências e doutrinas, encontrei insights valiosos que certamente irão enriquecer minha pesquisa sobre os direitos fundamentais na era digital.

O intervalo entre as aulas foi breve, mas suficiente para uma rápida troca de ideias com o grupo de estudo sobre os desafios do estágio em um escritório de advocacia renomado. As histórias compartilhadas oscilavam entre casos de sucesso e desafios éticos, reforçando a complexidade da prática jurídica.

No turno da tarde, mergulhei nas aulas práticas de processo civil. Os debates acalorados em torno de casos simulados revelaram a diversidade de interpretações jurídicas entre os alunos e a importância da argumentação sólida para sustentar teses em tribunais reais.

À tarde, o destaque foi a palestra sobre mediação e conciliação, promovida pelo Núcleo de Práticas Jurídicas. As técnicas de resolução alternativa de conflitos apresentadas despertaram meu interesse em buscar formas mais eficientes e humanizadas de solucionar litígios.

Ao final do dia, eu já estava exausta. Maribel me chamou para ir ao clube. Esse é o tipo de programa que esvazia a minha mente e aquece o meu corpo. Fiz uma cena, mas não teve nenhum ato, não teve dominador. Falei com o diretor do clube, e ele me deu uma jaula para apresentar um verdadeiro espetáculo. As pessoas foram se acomodando em frente à jaula onde eu estava me exibindo. Ver todos aqueles olhares de desejo, homens e mulheres querendo o meu corpo, me deixou em um nível alto de tesão. Meu corpo estava em êxtase.

Tinham muitos homens lindos, e o nosso clube é frequentado pelos maiores CEO, homens milionários e bilionários que são adeptos das práticas, e muitos deles pagariam milhões para poder dominar o meu corpo e a minha mente. Já recebi muitas propostas e todas recusei. Não estou em busca de dinheiro, apenas de prazer. E nem sempre se submeter te levar ao prazer, mas sim à frustração.

Após a minha apresentação, fui para o camarim. Sempre ando com a cabeça baixa, mesmo estando de máscara, não em sinal de submissão, mas para que ninguém me reconheça, pois já reconheci vários empresários, sócios do papai.

Quando estava tirando a máscara, o Fernando e a Maribel entraram no camarim. Ele estava querendo o meu corpo, e minha amiga topou. Transei com o Fernando, e a Maribel ficou apenas admirando a nossa cena. Minha amiga é voyeur; voyeur significa "aquele que vê".

Uma pessoa que experimenta prazer sexual ao ver estímulos sexuais, objetos associados à sexualidade ou o próprio ato sexual praticado por outros.

E sempre que a Maribel quer praticar o voyeurismo, ela e Fernando me chamam, pois minha amiga só confia em mim para transar com seu dominador.

Até gosto, tenho prazer sem apego nem associar nenhum tipo de relação. Temos a mente limpa e aberta com relação a isso.

Cheguei em casa já era quase uma hora da manhã; todos já estavam dormindo. Tomei banho novamente, apesar de ter tomado banho no clube, mas para deitar na minha cama gosto de estar totalmente limpa. Tudo que é prático é da porta da minha casa para fora; aqui dentro, sou Antonela, a princesinha dos meus pais e futura advogada da família.

Às sete horas da manhã, o despertador tocou. Levantei-me muito cansada, mas já me animei após um banho, pronta para outro dia. Tive mais um dia de aula intenso; um dos meus professores está pegando no meu pé, o mesmo que já foi o meu dominador. Se continuar dessa forma, vou ter que falar com ele que vou levar o nosso caso ao reitor. Não aceito ser prejudicada por uma frustração sua. Não vou manchar meu currículo por conta de um homem que não sabe lidar com as suas próprias emoções.

— Maribel, não estou mais suportando o professor Rômulo. Ele está querendo me prejudicar de todas as formas. Olha isso.

Virei a tela do notebook para minha amiga ver as anotações que ele fez sobre mim; todas mentirosas. Dentro da faculdade, sou uma aluna exemplar. Não tenho nenhum tipo de má avaliação, apenas deste professor.

— Ella, você é quem vai ter que levar isso ao reitor. O difícil será abrir que você está em um caso de dominação e submissão. Isso pode manchar o teu nome, amiga. O seu sobrenome tem muita força no país; pode ser um escândalo.

Peguei meu celular, desbloqueei o professor Rômulo e mandei uma mensagem para ele. Marquei um encontro em um restaurante no horário do almoço, vamos eu, ele e a Maribel, só que ele não sabe que a minha amiga está indo comigo.

Assim que chegamos no restaurante, ele ainda não estava. Ficamos conversando e pedimos apenas uma garrafa de água. Assim que o professor chegou e viu a Maribel, já fechou a cara. No meio da conversa, minha amiga se meteu e o clima começou a ficar tenso. Até que eu perdi a paciência e acabei gritando.

— Então vou levar tudo ao reitor, e você não passa de um inescrupuloso nojento!

O professor também perdeu a paciência e gritou comigo. Quando do nada, surge um homem alto, forte, e dá um soco no professor Rômulo, começando uma briga entre os dois brutamontes.

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