Capítulo 9

...«Narrado por Gabriela»...

Estava no campo de treinamento com Marcos quando Carmen chegou correndo, como sempre. Às vezes penso que sou eu quem tem 22 anos e ela 16.

Ela chega até nós e, depois de recuperar o fôlego, decide falar:

– Milady, a duquesa acabou de voltar do chá da tarde e pede para que vá vê-la.

– Certo, dentro de um momento eu vou.

– Ela disse que queria vê-la imediatamente.

Ia dizer algo mais, mas Marcos falou:

– É melhor ir antes que a Mãe venha e a leve pelas orelhas.

– Certo, mas isso não vai ficar assim. Você ainda me deve uma revanche.

– Claro.

Entreguei a espada para Marcos e fui imediatamente ver minha mãe, que estava no hall de entrada. Aproximo-me dela, dou-lhe um beijo na bochecha e sento-me ao seu lado.

– Então, mãe, aqui estou. Para que queria me ver?

– Bem, para te contar algo que ouvi no chá da tarde e que certamente lhe interessará.

– Por acaso o príncipe Alexandriu desapareceu?

– Quem dera tivéssemos tanta sorte.

Depois que ela disse isso, nós duas caímos na gargalhada.

– Essa foi boa, mãe.

– Bem, eu não vim falar desse inútil. Na verdade, quero falar sobre Madeleine Alcázares, filha do ministro da Guerra.

Ao ouvir esse nome, franzi a testa, pois só de ouvir o nome daquela raposa me dá vontade de matar alguém.

– Sim, e o que tem ela?

– Bem, a garota anda por todo o império alardeando que é a futura imperatriz, já que seu pai solicitou um compromisso com o príncipe herdeiro.

Ao ouvir o que minha mãe disse, cerrei os punhos. Como era possível que algo assim fosse acontecer? Espero que ele não aceite, porque senão eu o mato, e quanto a ela... Quando eu colocar minhas mãos nela...

– Não há como confiar muito no que uma garota como ela diz. Quem sabe, depois ela dirá que é a prometida do príncipe herdeiro de Creta.

– Você tem razão no que diz, embora eu tenha ouvido dizer que o imperador e o ministro são muito amigos e que provavelmente é verdade o que ela diz.

– E eu ouvi dizer que o imperador a odeia e que, se ele tem esse cargo, é por ser um parente distante da imperatriz.

– Bem, se nos deixarmos levar por essas fofocas, vamos enlouquecer.

– Concordo com você, mãe.

Depois disso, começamos a rir até ouvirmos um pigarro. Ao nos virarmos, vi que era meu pai. Ele se aproximou de nós, me deu um beijo na testa e um beijo na boca da minha mãe. Depois, sentou-se entre nós duas e passou o braço por nossos ombros.

– Pai, senti tanto a sua falta! Quando você voltou?

– Ontem, mas tive que ficar no palácio por alguns assuntos. Mas como vocês duas têm passado nestes dois meses em que estive fora?

– Bem, meu amor, embora sentíssemos muita falta da sua presença em casa.

– Bem, minhas amadas, vocês me terão por muito tempo aqui, já que não tenho nenhuma missão.

– Tomara, porque odeio dormir sozinha naquela cama.

– Bem, eu estou pior do que você. Por que não vamos para o quarto?

– Ei, não se esqueçam de que eu ainda estou aqui!

Minha mãe, ao ouvir o que eu disse, corou, o que me fez rir. Então, ela bateu no braço do meu pai.

– Pare de dizer essas coisas na frente da menina. Você não vê que está sujando a mente dela?

Ah, mãe... Se você soubesse as coisas que estou planejando fazer com o príncipe quando ele chegar... E quando eu estava prestes a dizer algo, ouvi a voz de Marcos:

– Mãe, Gabriela já não é mais uma garotinha e certamente tem uma mente mais perversa do que a do nosso pai.

Depois que ele disse isso, eu fingi estar ofendida, o que o fez sorrir. Então, ele se aproximou de nós e, depois que nosso pai se levantou, eles se abraçaram.

– Fico feliz que esteja aqui.

– Eu também. Estar dois meses na fronteira é cansativo.

– Bem, eu não gostaria de estar no seu lugar, Marcos.

– É que eu não nasci menina. Ser homem traz muitas responsabilidades, ainda mais quando você é o herdeiro da sua família.

– Não é tão ruim ser o duque Valentine. Só que, sendo a segunda família mais poderosa e influente de todo o império, tem seu preço.

– Por que vocês não param de falar dessas coisas e vamos para a sala de jantar? O almoço já está pronto.

Meu pai assente e, em seguida, ajuda minha mãe a se levantar, e Marcos me ajuda, e eu entrelaço meu braço com o dele.

Ele, ao ver o que eu fiz, apenas balança a cabeça, mas ainda assim não desfaz meu aperto.

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