Capítulo 20

—Bom dia, rainha mãe, chamou por mim? — O ômega fez uma reverência desajeitada, o que ele pensou que ofenderia a mulher, mas ela, pelo contrário, interpretou como um produto de seu escasso conhecimento e deixou passar.

—Bem-vindo, duque Villanueva, sente-se, por favor. (Sem dúvida, um ômega lindo, muito lindo, terei netos lindos e de habilidades excepcionais.) — A rainha mãe analisava Zade dos pés à cabeça, e apesar de ele não estar vestido de acordo com sua casta (há roupas exclusivas para ômegas), ainda lhe parecia um candidato lindo e digno da coroa.

—Me desculpe pela convocação apressada, mas você entenderá que, depois de saber que sua família havia morrido e descobrir que ainda havia alguém de linhagem tão poderosa, eu tinha que conhecê-lo.

—Você fala em convite, mas tudo o que eu ouvi foi chantagem e abuso de poder, e quanto à minha família, como você a chama, não tenho nenhum laço com eles. Eles decidiram me descartar por eu ser apenas um ômega, sem magia e uma vergonha para sua prestigiosa família. Mesmo assim, você vai me obrigar a ficar aqui e viver para manter a terceira casa nobre a serviço da coroa? Sabendo que pouco me importa.

—Toda família tem problemas. Além disso, você não é o inútil que eles diziam, já que você pode usar magia, pelo que vejo. Sem mencionar que, se você se tornar o prometido de Sua Alteza e conseguir provar seu valor para a coroa, sua linhagem não desaparecerá e a nossa se fortalecerá. — Zade se levantou, tinha certeza de que tinha ouvido errado, mas, de qualquer forma, perguntou novamente:

—Você acabou de sugerir que eu me tornasse o prometido do rei?

—Não sugeri, estou dizendo que, além de ocupar seu lugar entre as 12 principais famílias de Steel, você também será um dos prometidos escolhidos do rei, estudará para ser uma boa rainha enquanto Sua Alteza e você passam um tempo juntos, e espero ansiosa que você, sim, queira vê-lo, ao contrário das outras donzelas que nunca foram aceitas, mesmo pertencendo a boas famílias.

—Não, não, há um erro aqui, você deveria me odiar.

—Não entendo, por que eu faria isso? Você é um pouco imprudente e usa linguagem chula, mas também é muito honesto e transparente, gosto disso, pelo menos mais do que aqueles bajuladores hipócritas que tentam me ganhar com falso respeito e presentes.

(Então é por isso que ela odiava o Zade do romance, ela nunca se deixou enganar por seu sorriso e falsa gentileza.) Eu não quero ser um dos prometidos de Sua Alteza, aceitarei meu cargo como representante da família Villanueva, sentindo-me pressionado a fazê-lo, já que não estou preparado para isso, mas nada mais. Muito obrigado, mas não serei o prometido de Sua Alteza.

—Receio, duque, que você não pode renunciar a ser o prometido de Sua Alteza, os únicos com autoridade para aprovar ou desaprovar se uma donzela ou ômega é ou não apto para ser prometido são o próprio rei ou, na sua ausência, eu, visto que meu filho parece não se importar.

—Então, darei a você três razões pelas quais não pode me escolher: a primeira é que já fui casado, sou viúvo agora, não tenho a pureza de uma noiva principal. Segundo, sou pai de um lindo menino, e terceiro, não tenho nenhum atributo acadêmico para ser o prometido de Sua Alteza.

—É mesmo? — A rainha não acreditou nele, embora já lhe tivessem falado da presença da criança, era humanamente impossível que fosse filho dele; além disso, notou que o ômega estava mentindo ao falar sobre sua falta de pureza. Ela era especialista em detectar oportunistas, não só teve que lidar com eles antes, quando seu marido era vivo, mas agora também para proteger seu filho, e aquele ligeiro desvio do olhar que o ômega fez ao falar do assunto denotava vergonha, a vergonha de uma flor inocente.

Pelo que ela entendeu: o garoto faria qualquer coisa para não fazer parte das aspirantes a princesas, talvez ele tivesse suas razões e elas pudessem ser válidas, mas ela também tinha as suas (ela queria netos; é claro, também a tranquilidade e a felicidade de seu filho), então, embora devesse estar furiosa com a ousadia do ômega, ela estava surpresa com sua ousadia e um pouco divertida.

—A mansão Villanueva foi reformada para você e seus acompanhantes, enviei três das minhas melhores criadas para atendê-lo e ajudá-lo em sua educação essencial como chefe de família, os professores irão quatro vezes por semana; você deve vir aqui ao palácio uma vez por semana; Sua Alteza deve vê-lo um dia por semana também, embora ninguém tenha tido a honra de sua companhia até hoje.

—Isso significa que você ainda não vai me descartar como candidato.

—Não, não vou, e, por favor, duque, não se esqueça do que acabei de dizer.

—Lembro-me de tudo muito bem, rainha mãe, tenha um bom dia, rezarei para que o rei também me rejeite como aos outros e você me descarte em breve. — Ele fez uma reverência e saiu, a rainha riu muito ao se lembrar das palavras do ômega.

—Ele e Matthew são tão parecidos e tão diferentes ao mesmo tempo. — A mais velha saiu do recinto, vendo que seu filho e o ômega se encontraram, o ômega apenas fez uma reverência desajeitada para o monarca e passou por ele como se não tivesse visto ninguém. A maioria dos ômegas faz todo o possível para chamar a atenção do alfa, mesmo que ele os ignore completamente, neste caso o cenário foi o inverso: o alfa ficou ali olhando para o ômega como se ele fosse uma aparição e momentos depois correu para alcançá-lo.

De lá, ela não sabia o que eles tinham conversado, mas a expressão do ômega era de raiva, enquanto a do alfa, de confusão, e no final ele também deixou escapar um sorriso depois que o mais novo foi embora, deixando-o ali parado.