Capítulo 12

Chegamos em frente a um bosque e Zac para o carro. Estava tudo bem enfeitado, muito lindo e colorido, me senti feliz ao chegar lá. Antes que eu pudesse abrir a porta do carro, ele diz

_ Olha, eu gostei da ideia que você deu. Acho que essa jogada de fingir que estou mudando para mostrar que o casamento é real, é uma boa. Então... eu queria pedir... é...

_ Diz logo! - falo olhando pra ele confusa -

_ É... Eu só queria pedir que fosse , como posso dizer?

_ Carinhosa com você? É isso?

Ele solta o ar que parecia está prendendo em seus pulmões, e eu sorrio pela dificuldade que ele estava sentindo em pedir alguma coisa para mim.

_ Pode ficar tranquilo. Eles acreditarem é do meu interesse também, afinal, preciso mais de você do que você de mim. Bom... Também não me alegra ter que fazer isso, mas tudo bem. - falo saindo do carro -

Estava na cara que Zac tinha dificuldade em demonstrar sentimentos, enquanto eu demonstrava além da conta. Mas, dessa vez eu precisava fingir que estava apaixonada por ele e faria de tudo para ser convincente. Pego na mão dele, entrelaçando nossos dedos, e assim, entramos na festa.

_ Está respirando fundo? Por que está tão nervoso? Pensei que tivesse acostumado a mentir para a sua família.

_ Estou me concentrando para saber como vou agir. O que um homem apaixonado faz? - ele pergunta confuso -

Sorrio com sua preocupação

_ Tudo, Zac! Um homem apaixonado faz tudo e qualquer coisa pela sua amada, mas você não tem como saber disso. Está escrito na sua cara que você nunca se apaixonou por alguém de verdade.

Ele faz uma careta pra mim, como se estivesse reclamando das minhas palavras e eu só sorrio em resposta. Até que a aniversariante vem até nós

_ Lidiane? Está diferente!

_ Ah... Oi... - "Clara" Zac sussurra o nome dela pra mim"

_ Clarinha,  o Zac me avisou em cima da hora do seu aniversário, não consegui comprar um presente. Mas, podemos marcar de sairmos juntas um dia desses. Pode ser?

_ Não vou pra lugar algum com você. Euen... bancando a boazinha. - ela fala saindo de perto -

Zac está rindo da situação enquanto eu fico arrasada

_ Do que está rindo? Não consigo nem imaginar o que Lidiane deve ter feito com ela para que ela me trate assim

_ Não leve a Clara em consideração, é uma criança. - ele diz ainda rindo -

_ Crianças dizem a verdade!

Ele entrelaça sua mão na minha e continuamos a caminhar em direção a mesa onde estava seus pais. Eu tinha por um segundo esquecido que todos aqui reunidos odiavam Lidiane, muito provavelmente por conta do seu comportamento perverso e mesquinho. Ela não tem papas na língua, e muito menos tem medo de ofender as pessoas ao seu redor, mesmo sem conhecê-las.

_ Boa tarde a todos. - Zac diz cordialmente -

Falo o mesmo a todos que mal respondem a nós. Zac puxa a cadeira para que eu me sente, e se senta ao meu lado. Acabo sussurrando em seu ouvido

_ Sou odiada por sua causa e da Lidiane.

Ele finge sorri para não gerar suspeita e coloca sua mão grande em minhas costas, a alisando. Seu toque me assusta, mas dessa vez, não de um jeito ruim. Acabo ficando arrepiada com sua carícia, e o pior de tudo era que não dava para disfarçar, ele percebeu o que aquele toque me causou.

_ E como vai o casamento? - a mãe dele pergunta -

_ Ótimo. Estamos felizes juntos, nos conhecendo melhor a cada dia que passa. - falo sorrindo -

_ Sério mesmo? Porque pra mim parece que vocês são dois golpistas. - o pai dele interrompe -

_ Pai, por favor. Não queremos ter mais uma discussão à mesa.

Todos ficam espantados, e eu não sei se é pelo fato de Zac o chamar de pai, ou de não querer entrar numa discussão. Ou, talvez, as duas coisas. Mas, percebo que acaba tendo um bom efeito

_ Zac tem razão, querido. É aniversário de Clara, vamos aproveitar a tarde.

Sorrio para Zac, que se retira, seu pai sai atrás dele logo em seguida.

Narrado por Zac

Me retiro da mesa pois sinto minha garganta arder depois de dizer aquelas palavras. Era tão difícil pra mim ter que demonstrar alguma coisa, principalmente para o meu pai e agora aqui eu estava, forçando uma coisa que eu não queria por causa de dinheiro.

_ Zac?

Ouço meu pai me chamar e viro em sua direção

_ O que foi aquilo na mesa, pode me falar?

_ Não sei, pai. Sinceramente, por que estamos nessa briga toda? Por que o senhor insiste em me colocar num lugar onde eu não quero estar? Eu fiz de tudo para ser como você e para que? Para me desprezar mesmo assim? Se eu cresci desse jeito, frio, arrogante, foi porque você sempre esteve ocupado demais para mim.

_ Sua mãe cuidou de você!

_ Sim. Mas eu sentia sua falta, eu sempre quis ser como você e olha agora o que eu me tornei. O problema é a fortuna que não quer deixar pra mim? Então, eu abro mão. Não quero mais! Eu vivo fazendo tudo que é do seu gosto, mas nunca tá bom, então, eu não quero mais nada que venha de você!

Meu pai se aproxima de mim aos poucos, até que toca sua mão em meu peito

_ Zac, meu filho... Nunca foi pela fortuna. Eu queria que você se casasse com alguém que pudesse fazer com que você ame de verdade, para que não passasse o resto da vida como eu, fechado, amargurado, sem conseguir demonstrar o que sinto pela sua mãe porque a vida me fez assim. Eu não quero que seja como eu, quero que seja você mesmo. - ele da dois tapas no meu peito e se retira -

Falar aquelas coisas tinha tirado um peso que havia em mim, e foi graças a ideia de Lidia. Não sabia que mudar meu comportamento por alguns minutos trariam gatilhos de toda minha vida, mas parecia importante expor eles ao meu pai. Então ele quer que eu me apaixone? Que eu seja mais humilde, carinhoso, que seja menos como ele, mas como eu poderia?! Não conseguia me ver tendo um relacionamento assim. Meu interesse desde o início era o dinheiro, o que está no contrato é que eu preciso manter esse casamento por seis meses, e é isso que vou fazer.

Volto para a mesa e chamo Lídia para ir embora, ao levantar, me dirijo a meu pai novamente, mas agora, na frente de todo mundo

_ Aceite que me casei como você queria. Não há mais motivos para continuar reclamando!

Saio na frente e vejo Lídia vir correndo atrás de mim, me chamando

_ Zac! Calma! Zac. Espera!

_ O que é, Lídia? - falo grosso -

Me recosto no carro e a vejo parar antes de se aproximar de mim. Era isso que eu fazia, deixava as pessoas com medo, não era possível que alguém pudesse se apaixonar por alguém assim. Eu gostava da luxúria, do desejo, do sexo, eu não queria uma vida de filme como "Um amor para recordar".

_ O que aconteceu? Não ficamos nem dez minutos na festa.

_ E pra mim já foi o suficiente. Isso de ser o bonzinho, o bobo apaixonado, não vai rolar. Você tem razão! Eu não sirvo para agir assim.

Lídia olha em meus olhos frios, e se aproxima de mim calmamente, me abraçando. Estranhamente o seu abraço me causa arrepios por dentro, era estranho como ela fazia eu me sentir. Sua doçura e sua empatia para com todos fazia com que ela radiasse, e ela estava ali, sendo bondosa comigo mesmo depois de eu ter sido um idiota com ela.

_ Fique tranquilo. Serei convincente por mim e por você. Seja só você mesmo.

Concordo positivamente e ela se desfaz do abraço. Eu estava estranho, completamente maluco, conseguia sentir falta do seu abraço assim que ela se desvencilhou de mim. Como isso era possível? Lídia era tão meiga, tão calma e tão expressiva. Tão diferente da sua irmã. Por um momento, eu me senti aliviado em ter sido ela a se casar comigo.

Ao chegar em casa, deixo ela na porta.

_ Não vai entrar? - ela pergunta -

_ Não. Tenho coisas pra fazer.

Não espero que ela responda, simplesmente arranco com o carro para bem longe dela e daquilo tudo que ela me fazia sentir. Paro no bar de um amigo, e assim que chego, peso duas doses de whisky seguidas de duas doses de tequila.

_ Que isso, cara... O que está tentando fazer, se matar?

_ Não seria uma má ideia, mas precisaria de muito mais que isso para me derrubar, Marcos.

_ O que tá acontecendo, Zac? Você se casou, não chamou os amigos, simplesmente sumiu do mapa. As gatinhas do bar estão perguntando de você.

_ Cara, eu estou ferrado. Isso sim. Essa minha esposa só pode ter feito um feitiço pra mim... Eu to começando a me sentir... diferente!

Marcos da uma risada bem alta

_ Você já bebeu quanto hoje, cara ?

_ Eu não to brincando, ta bom? Ela é toda meiga, toda carinhosa, toda gentil, parece até que é perfeita. Perto dela não consigo raciocinar direito, parece que vou enlouquecer. Estou me fazendo de forte, porque ela me odeia.

_ Que? Cara, você enlouqueceu?! Não foi com a Lidiane que você casou? Não parece que está falando da mesma Lidiane que eu conheço.

Zac então resolve confidenciar ao amigo o que tinha acontecido, que ri da situação dele.

_ O pior de tudo é que elas podem ter a mesma aparência, mas ela não é nada como a Lidiane, você tem que ver.

_ Então conquista ela, Zac. Qual é, cara! Da pra ver que você ta caidinho por ela. Se depois que você conseguir transar com ela, isso tudo passar, você da um fora nela depois dos 6 meses. - Marcos fala tranquilo -

Ele tinha razão. Isso muito provavelmente era porque Lídia havia recusado todas as minhas investidas, mas se nesse tempo que eu tinha ao seu lado, eu conseguisse ter o que eu vinha querendo, isso iria passar e eu podia voltar a ser como era antes, sem essa coisa de coração apertando e estômago borbulhando.

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Comments

Marta Regina Ribeiro

Marta Regina Ribeiro

Parabéns autora, estou gostando, já desfez a mentira no início da estória..

2024-04-09

0

lua 🌙

lua 🌙

/Angry//Angry//Angry//Angry//Angry//Angry//Angry//Angry/

2024-04-06

0

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