Capítulo 06

_ Preciso ficar um pouco sozinha antes de tudo isso. - falo com a cabeça baixa -

Lidiane me agradece mais uma vez, me dando um beijo na bochecha. Eu não podia acreditar no que estava acontecendo. Eu não sabia se acreditava ou não em Lidiane, afinal, ela tinha mudado tanto de uns meses pra cá, que eu não enxergava mais a perversidade nela. Eu estava muito confusa.

Para minha surpresa, minha mãe continua ali, e eu não tinha coragem de pedir que ela saísse. Então, ela se aconchega ao meu lado no sofá que havia ali, me colocando para deitar em seu colo, enquanto eu chorava desconsoladamente

_ Minha filha... Minha doce filha... Sabe que eu sonhei com o dia do seu casamento?! E, não. Ele não era assim... Cheio de tristeza, dor, agonia... Eu não quero ter que está naquele altar testemunhando sua infelicidade. Eu prefiro morrer.

Levanto na mesma hora, e olho nos olhos de minha mãe, segurando suas mãos

_ Nunca mais diga isso, mamãe. Lidiane também se prontificou a fazer isso pela senhora. Lembra?!

_ Lembro sim. Mas, eu conheço sua irmã. Ela é minha filha também. E nunca entraria numa jogada dessa se não estivesse ganhando algo para si.

Minha mãe tinha razão. Lidiane nunca fazia nada por boa vontade, era sempre querendo algo em troca. Como naquele momento poderia ser diferente? Não tinha como ser diferente.

_ Você acha que ela me enganou, mamãe?!  - pergunto chorando -

_ Não sei, minha filha. Mas, independente se ela enganou ou não. Tire esse vestido! Você não vai se casar com esse homem misterioso.

Me levanto na mesma hora, limpando as lágrimas que corriam em meu rosto. Eu não podia desistir de tudo assim. Era a vida da minha mãe que estava em jogo, e não tinha como reconsiderar isso. E, apesar de ter a leve sensação de que tinha sido enganada por Lidiane, não podia julgá-la. Eu faria isso. Eu me casaria, e depois de casada, faria a vida desse homem um inferno.

A raiva muda a gente. E era raiva o que eu estava sentindo dentro de mim. Não culpava a minha mãe, afinal, ela não tinha culpa de nada. Mas, culpava meu pai por não querer dar um jeito de vender a mercearia, culpava Lidiane por não ter se prontificado a vender todas as suas bolsas de grife para ajudar nos custos, culpava esse louco que queria se casar em troca de nos ajudar, porque, para mim, a ajuda deveria ser para fazer o bem.

_ Mamãe, esqueça! Eu não vou desistir. Vou me casar com esse homem, e fazer de tudo para que a vida dele se torne ruim o suficiente para que ele se divorcie de mim.

_ Não fale assim... Você está falando igual a sua irmã. Você não é assim, Lídia.

_ Eu sei, mamãe. Dói meu coração alimentar esse sentimento, pensar em fazer mal para alguém. Mas, eu não o conheço, e não tenho ideia do que ele pode fazer comigo.

_ Lídia, esqueça! Não vou deixar você se casar. Esqueça!

Ela fala tentando arrancar o vestido do meu corpo. Então, eu me afasto.

_ Para, mamãe! Eu vou ficar bem. Não se sinta culpada, mas eu farei isso. Eu quero fazer isso pela senhora! Sou uma mulher adulta.

Minha mãe sai do estúdio desapontada. Me machucava vê-la assim, mas eu não podia deixar tudo pra lá. Além desse cara parar de pagar os custos médicos da mamãe, ele poderia também ir atrás de Lidiane.

Retocam minha maquiagem, e peço que arrumem meu cabelo como o de Lidiane, num penteado que ela costumava usar. Quando me olho no espelho, não vejo mais diferença. Eu era a Lidiane agora, viveria uma vida que era para ser dela...

Um homem entra, e anuncia que já estava tudo pronto. Ele me pergunta se estou pronta e, eu afirmo positivamente. Quando me coloco no início do caminho do altar que haviam feito, vejo a silhueta do homem de costas. Mas... Eu imaginei outra coisa. Não imaginei que ele seria alto e másculo. Imaginei um senhor, baixinho e barrigudo. Quando a marcha nupcial começa, e o homem se vira, eu não posso acreditar no que estou vendo...

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_ Não acredito. Não acredito. Não acredito. - fico falando baixinho -

_ Está tudo bem, Lidiane? - meu pai pergunta também sussurrando -

Eu só concordo e continuamos numa demorada caminhada até o altar. Lembro de olhar bem para minha mãe e ver a tristeza estampada em seu rosto por me ver casar naquele dia com um homem que eu não conhecia, que eu não amava. Seu semblante contrastava com o de Lidiane, que sorria aliviada por ter conseguido que eu casasse em seu lugar. Meu estômago doía, mas não era de fome. Era de medo.

Zac Mason estava no altar, me esperando.  O cara que tinha feito eu perder meu emprego, o cara que tinha me assediado numa reunião de negócios. Da onde Lidiane o conhecia? Por que ele precisava se casar assim tão depressa? E, por que, um homem como ele, que poderia ter qualquer mulher que desejasse, escolheria Lidiane para se casar?!

Eram tantas perguntas em minha cabeça naquele momento, que só me dou conta que havia chegado até ele quando meu pai me dá um pequeno aperto na mão.

Zac e meu pai apertam as mãos, e em seguida, ele beija minha testa para me receber e antes de virarmos para o altar, ele sussurra

_ Que tristeza é essa, gatinha? Pensei que estava feliz com o nosso trato.

Não falo nada. Até porque, Lidiane não havia me contado nada direito. Ela tinha simplesmente me jogado na toca do lobo sem ao menos me da uma instrução de como fazer para sobreviver com ele. Me sentia enojada, esse ser desprezível e abusado, que devia dar em cima de todas as mulheres que dessem apenas bom dia para ele, era com esse cara que eu estava me casando.

Fico aliviada por não ter votos de casamento. E quando o juiz de paz nos declara marido e mulher, Zac beija meus lábios sem aviso, me deixando surpresa. Não consigo retribuir, e agora, mais perto do meu rosto, olhando em meus olhos, vejo um semblante de confusão em seu rosto, mas logo depois, ele abre um sorriso e pega em meu braço para sairmos juntos.

_ Teremos a festa antes de finalmente irmos. Tudo bem pra você?! - ele pergunta -

_ Sim. Quero falar com a minha família antes de ir.

Ele se vira pra mim, e segura em minhas mãos

_ É, gatinha... Eu pensei que você daria pra trás no nosso trato. Hoje mesmo os trezentos mil que combinamos vai está em sua conta, e não se preocupe, continuarei custeando as necessidades médicas da sua mãe. Trato é trato.

Ele se aproxima do meu ouvido antes de continuar falando

_ Ah.. Quase ia me esquecendo... Não vejo a hora de chegar na nossa lua de mel, e poder matar a saudade que estou desse corpinho. - ele beija minha bochecha e sai -

Engulo em seco. Era muita informação pra minha cabeça. Que dinheiro era esse que ele daria para Lidiane? Então, quer dizer que Lidiane tinha relações com esse cara? Eu precisava encontrar Lidiane e conversar com ela.

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