Capítulo 04

Narrado por Lídia

Eu seguia minha vida normalmente, só que agora, eu era muitíssimo grata a Lidiane. Pois, assim que ela aceitou casar com esse tal cara, a nossa mãe foi transferida para um hospital de classe, e estava bem melhor. Eu tinha uma dívida enorme com Lidiane, e esperava um dia poder retribuir tudo que ela estava fazendo.

Já havia passado duas semanas desde quando ela havia sido transferida, e eu estava indo fazer mais uma visita. Ainda desempregada, eu dedicava todo meu tempo a minha mãe, já que nesse hospital eu podia ficar como acompanhante e até mesmo dormir com ela. Quando chego em seu quarto, encontro o médico a conversar com mamãe

_ Lídia, querida... Vem cá, venha ouvir isso que o médico está contando.

Pela animação da minha mãe, eu também vou animada ouvir, e realmente, depois dessas longas duas semanas, era uma notícia maravilhosa

_ Sim, Dona Lídia. Se sua mãe não apresentar nenhuma piora, ela vai receber alta amanhã mesmo para esperar a autorização da cirurgia em casa. Ela está respondendo muito bem ao tratamento medicamentoso, e eu não vejo motivo de continuar mantendo-a aqui

_ Isso é sério, doutor? - pergunto surpresa -

_ Claro que é! Sua alta já está assinada, Dona Mara. Se passar bem esta noite, amanhã assim que acordar, já pode ir embora.

Comemoramos felizes a boa notícia, e ligamos para papai, Lidiane e Zezinho para compartilhá-la. Todos reagem felizes. Era um sonho o que estava acontecendo. Lidiane estava tão boa ultimamente que eu só conseguia agradecer a esse homem misterioso mentalmente, seja quem fosse, já tinha mudado muito a cabeça da minha irmã. Uma pena ela não poder nos apresentar ele antes do casamento.

Como já era noite, resolvo dormir no hospital para ir embora com a mamãe no dia seguinte. Minha mãe já estava dormindo e eu precisava tomar um café. Vou até a recepção do hospital para perguntar se realmente amanhã minha mãe poderia ir embora em qualquer horário, e para minha surpresa, dou de cara com o motivo da minha demissão, Zac Mason! Quando me vê, ele demonstra uma surpresa no olhar, quase como se me conhecesse...

Ele fica em silêncio me observando, olhando no fundo dos meus olhos, até que no segundo instante para que as coisas ficam claras pra ele, uma vez que ele desfranze a testa. Apesar desse comportamento soar estranho pra mim, eu não comento nada, provavelmente, ele deveria está tentando lembrar da onde me conhecia. E antes que eu pudesse falar algo, ele diz

_ Sim... Você é a garota a qual eu deixei sem emprego! - fala com um sorriso no rosto -

_ Não sei como pode achar graça nisso. Você foi um pervertido comigo, e no final, eu paguei o preço.

_ Está maluca, garota? Fala baixo!

_ De quem mesmo o senhor veio pagar a estadia e tratamentos? - pergunta a recepcionista -

Ele fica olhando pra mim enquanto eu o olho esperando que ele termine

_ Pode deixar a mocinha falar primeiro. Sou um cavalheiro! - ele fala com ironia -

Tiro minhas dúvidas com a recepcionista e saio de perto dele a fim de tomar meu café. Afinal, encontrar com esse cara tirava minha total paciência. Ele tinha esse poder, de me deixar brava e enojada com sua presença.

Volto para o quarto da minha mãe e durmo.

No dia seguinte, quando acordo, Zezinho já estava pegando as bolsas da minha mãe no quarto, e ela, já estava arrumada para ir. Quando chegamos em casa, ela é recebida alegremente pelo meu pai, era como se ele ansiasse a sua chegada, e isso me faz pensar que eu estava vendo somente minha tristeza, e isso estava impedindo que eu visse que meu pai, provavelmente, também estaria sofrendo.

Lidiane também abraça nossa mãe alegremente, e conta tudo sobre o casamento e o quão divertido está sendo todas as provas de vestidos, doces e bolos. Eu não conseguia entender como ela podia está se sentindo tão feliz se casando com uma pessoa que não amava. Mas, preferia pensar que ela se sentia bem ajudando a mamãe.

_ Quando é seu casamento, querida? - mamãe pergunta curiosa -

_ Ainda tem um mês até lá, mamãe. Fique tranquila. Seu tratamento é muito importante pra mim e nada me fará mudar de ideia.

Tudo parecia estar começando a dar certo para nossa família. Eu só não sonhava que o pior estava por vir.

No dia seguinte a chegada da minha mãe do hospital, queria conversar com Lidiane para saber se estava realmente feliz com essa decisão. Mas, antes que eu pudesse bater na porta, percebo que ela estava entreaberta, e então, vejo uma oportunidade de escutar o que ela falava ao telefone

Ligação On

_ Eu quero saber cadê o dinheiro que me prometeu?! - ela pergunta -

- a outra linha era inaudível -

_ Sério que vai esperar até nos casarmos? Eu já prometi que não vou dar pra trás. Minha palavra não basta?

_ Ah.. Obrigada pela parte que me toca. Tchau - ela conclui -

Ligação Off

Não era meu feitio escutar atrás da porta, mas Lidiane estava muito estranha. Nunca tinha a visto com tal comportamento, e eu não podia ignorar o que ela tinha sido todos esses anos por conta de uma mudança repentina, ou diria, mudança divina?

_ Licença, Lidi... Posso entrar? - pergunto -

_ Claro. Entre...

_ Eu só queria ter certeza que está bem com tudo isso?! Casar com uma pessoa que não ama, é um grande sacrifício, eu não conseguiria me imaginar fazendo isso.

_ Acho que se você tivesse oportunidade como eu tive, aceitaria fazer pela mamãe. Não se preocupe, eu vou ficar bem com isso. Afinal, não tenho ninguém como você mesma disse, vai ser fácil suportar esse casamento.

_ Ele é bonito, pelo ao menos? - pergunto sorrindo, para descontrair -

_ Não faz o meu tipo. Mas, é pela mamãe. Certo?!

Concordo positivamente e Lidiane me dar um abraço. Me aconchego em seu abraço, que não sentira há tempos. Em todos esses 26 anos, Lidiane nunca tinha sido tão carinhosa como agora. E eu só podia relacionar isso ao fato de quase termos perdido a mamãe. Isso havia acontecido para deixarmos ainda mais unidas.

Continua...

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