O Convite

O Convite

Horas mais tarde, a jovem despertou e percebeu que não estava em sua cela. Rapidamente percorreu o quarto com os olhos procurando a figura do marido sem conseguir encontrá-lo.

Não sabia o que lhe aguardava, só poderia esperar que seu Rei tivesse misericórdia e se apiedasse de seu sofrimento. Seus pensamentos foram interrompidos pelo retorno de seu amado com a bandeja de café da manhã.

— Dormiu bem Denisa? — Indagou afável.

— Sim... Majestade. — Respondeu ela sentando na cama se recostando nos travesseiros.

Darius colocou a bandeja de café da manhã sobre a cama e repleto de formalidade, o nobre tratou de por sua amada a par de suas decisões, as quais ele julgava severas, porém justas e muito necessárias.

— Denisa... Lady Brândusa deseja seu lugar como minha Rainha, e para tanto, tentará difamá-la perante toda a corte... não posso permitir que ela se atreva a jogar meu nome na lama... sendo assim, pretendo promover um baile daqui a seis dias para que todos saibam que os murmúrios levantados por Beatrice não passam de rumores sem fundamento. — Declarou autoritário.

— Darius.... Então você vai me perdoar? — Indagou ansiosa com os olhos cheio de lágrimas.

— Esse baile é apenas para manter as aparências minha cara... eu não posso perdoá-la se você não confia em mim. — Decretou por fim.

A jovem não ousou responder, sabia que seu amado tinha seus motivos e que não tinha direito de contestar suas ordens. Sua única opção seria obedecê-lo como sua fiel esposa. Beberam juntos uma xicara de chá preto sem trocar uma única palavra. Em seguida, o Rei tentando inutilmente esconder seus reais sentimentos se retirou, fingindo uma falsa indiferença.

— Tenho assuntos que exigem minha presença. Se precisar de algo, as criadas estão a sua disposição. — Disse ele, levantando-se, deixando os aposentos do casal sem esboçar seu

afeto, frio e formal.

Os cinco dias seguintes foram dedicados a preparação do grande baile, os convites foram distribuídos e o pai de Denisa estava entre os nobres convidados. O Rei Claudiu Felix ficou extremamente surpreso ao se deparar com o mensageiro vampiro em sua porta trazendo o comunicado oficial, estava a semanas sem receber noticias de sua filha, acreditava que seu desafeto já havia se alimentado da moça e sucumbido perante o sangue envenenado com prata.

— Esse maldito ainda está vivo? — Gritou o Rei depois que o mensageiro se retirou.

— Majestade... tenha calma... vamos comparecer a esse baile e ficar a par do que está acontecendo no castelo do Rei Anghel. Denia nos deve uma explicação. — Disse o primeiro ministro tentando tranquilizar seu soberano.

— Convoque mais uma vez os feiticeiros e os alquimistas reais, ordene que preparem uma nova dose do elixir de prata em cinco dias. Denisa ainda não cumpriu sua parte no acordo e não está livre de sua tarefa. Ela se casou com aquele bastardo para mata-lo e não para viver uma vida de luxo e alegria ao seu lado. — Bradou rancoroso.

De volta ao reino dos vampiros, o mensageiro confirmou a presença do Rei humano e seu ministro no baile promovido por Darius. A Rainha ficou temerosa quando soube que seu pai seria um dos convidados do baile. Enquanto a modista costurava seu traje para o evento não conseguia parar de pensar que seu pai questionaria o porquê de seu rival vampiro ainda estar vivo. Teria que inventar uma desculpa convincente e tentar evitar ao máximo ficar a sós com ele.

O tempo passou rápido, os preparativos seguiam a contento e a corte de Darius estava toda em polvorosa aguardando a grande celebração, seria a primeira aparição pública da Rainha humana depois do casamento. Denisa estava preocupada, não sabia como deveria se comportar nem como seu estimado Rei a trataria. Já não poderia mais suportar a indiferença de seu amado. Mais uma vez estava de volta aos aposentos reais, todavia, já faziam cinco dias que Darius estava dormindo em sua cripta e a jovem, sem poder vê-lo, tinha a impressão de ter apenas trocado de cela. A ausência do vampiro a cobria de incertezas, a falta de confiança do soberano era como um mar revolto onde pouco a pouco ela perdia o fôlego e se afogava.

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