A Enfermeira

A Enfermeira

Conforme o esperado, depois de alguns dias a primeira trégua foi decretada. Sorrateiramente a Princesa se esgueirou entre os corpos dos soldados abatidos procurando encontrar seu amado. Muitos homens de ambos os lados perderam sua vida no combate, Denisa estava preocupada com a possibilidade de encontrar o Principe vampiro morto.

Não haviam outras enfermeiras no campo de batalha, todas fugiram amedrontadas com os horrores da guerra. Muitos vampiros estavam se alimentando dos soldados humanos caídos buscando curar suas feridas. No entanto muitos oficiais humanos haviam consumido verbena buscando se proteger dos ataques dos rivais, fazendo com que os vampiros que ousassem se alimentar dos feridos desmaiassem indefesos tornando-se presas fáceis para serem exterminados sem piedade.

Após se dar conta do que estava acontecendo, Darius tratou de orientar seus homens a não se alimentar dos cadetes do exército inimigo, o Principe não poderia de forma alguma permitir que suas tropas fossem subjugadas com um estratagema baixo como esse.

A jovem não poderia se dar ao luxo de ser reconhecida por seu pai ou por qualquer outro soldado e para manter seu anonimato, fazia o uso de uma touca e uma máscara que quase cobria todo o eu rosto.

Algumas horas depois de iniciar sua busca, a jovem encontrou um homem imponente muito ferido encostado em uma pedra, teve certeza que se tratava do Principe vampiro quando o mesmo tirou seu elmo revelando seu rosto ferido e sua vasta cabeleira negra.

Denisa se aproximou dele oferecendo cuidados, no entanto sabia que sua generosidade poderia causar certa desconfiança no nobre, pois o mesmo provavelmente não a reconheceria.

— Senhor... sou enfermeira, permita que eu trate de seus ferimentos. — Pediu de forma humilde.

— Moça... você é humana não é? Não parece ser a enfermeira andarilha enviada por Ilyrio...

— Sei que estamos em lados opostos desse combate, mas, entretanto, não posso fechar os olhos para o seu sofrimento...

— Que jovem doce você é... todavia só existe uma forma com a qual uma humana pode curar meus ferimentos e eu não ousaria pedir isso a você... iniciei essa guerra com o objetivo de formar uma aliança entre nossas nações e não posso tirar vantagem de alguém que me ofereceu ajuda... — Disse o vampiro quase sem forças.

— Se for algo que estiver no meu alcance terei prazer em ajudar... — Respondeu decidida.

— Seu sangue... beber sangue humano é a única coisa que pode me curar... — Afirmou pesaroso.

A jovem ficou assustada com as palavras do Principe, todavia a ideia de oferecer ajuda foi sua e não deveria se acovardar perante as dificuldades. Estava diante do homem que amava e era evidente que ele precisava dela, jamais se perdoaria se ele morresse naquela situação sem que ela tivesse a chance de amenizar seu sofrimento.

Decidiu que deveria ofertar seu sangue a ele, Darius era a única esperança dos Reinos Valaquianos encontrarem a paz, se ele perecesse em batalha tudo estará perdido. Sendo assim, a Princesa de forma tímida, se inclinou em sua direção permitindo que ele se alimentasse dela. O Principe ficou surpreso com a generosidade de uma moça que ele acreditava ser uma estranha, foi inevitável pensar em sua amada... aceitar o sangue de outra mulher poderia ser considerado traição? Acomodou a jovem em seus braços e sem mais hesitar mordeu seu delicado pescoço e sugou o sangue que lhe foi ofertado.

Sentiu suas feridas se curando e suas forças voltando pouco a pouco com cada gota do sublime néctar do Deuses que ingeria. Foi inevitável não notar que a jovem era donzela, se questionou se o sangue de sua adorada Princesa humana seria tão divino quanto aquele. Suas dúvidas vieram acompanhadas de culpa, mas não poderia desposar sua amada se estivesse morto, resolveu passar por cima de seu orgulho e não mais se lamentar. Futuramente ofertaria algum tipo de compensação aquela adorável enfermeira que impediu que sua vida fosse ceifada.

O Principe Anghel acabou adormecendo por breves instantes enquanto seu organismo se curava e quando despertou a caridosa enfermeira já não mais estava ali.

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