A Cela

A Cela

Denisa foi levada pelos guardas mas não ousou protestar, chorou silenciosamente sem esconder que estava imersa em vergonha e tristeza. Darius fingiu indiferença. Todavia seu coração estava em pedaços. Havia passado por muitos sacrifícios para estar com ela, não podia suportar ser rejeitado por se quem ele era, um vampiro puro sangue, desse o ventre materno.

Inconsolável, solicitou a presença de seu fiel Primeiro Ministro Crisan, que também ocupou esse mesmo cargo no Reinado de seu pai Victor, buscando que ele pudesse lhe ofertar um pouco de luz e algum valioso conselho para enfrentar aquele momento difícil.

O Rei vampiro estava desorientado, sem rumo. Era difícil admitir, mas, no fundo de sua alma sabia que nada do que fosse dito por seu fiel escudeiro lhe traria qualquer tipo de conforto.

— Me chamou Milorde? — Indagou o nobre aflito.

— Sim.... Hoje, deveria ser o dia mais feliz da minha vida... mas minha núpcias com Denisa foram arruinadas...

— O que aconteceu Senhor? — Questionou incrédulo.

— Antes de consumar nosso casamento, fiz um movimento para mordê-la e reivindicar seu sangue... e ela me rejeitou. Eu jamais imaginei que ela se negaria a me ofertar seu sangue, em nenhum momento escondi que sou um vampiro e que minha única fonte de alimento é sangue..... Por que Crisan? Porque?

— Majestade... lamento, mas não tenho a menor ideia de quais sejam os motivos da Princesa para agir dessa forma.

— E você acha que eu tenho? — Respondeu perplexo.

— Algum motivo deve haver... a futura Rainha de nossa nação jamais agiria por um motivo fútil... — Afirmou o conselheiro de forma sensata.

— Por mais que eu procure, não consigo encontrar uma resposta. — Confessou desolado.

— Descanse essa noite Milorde e amanhã vá a torre vê-la, tenho certeza que depois de dormirem um pouco tudo será esclarecido. — respondeu por fim tentando elevar os ânimos.

O Soberano não teve outra alternativa s não concordar com as palavras de seu Primeiro Ministro. Talvez passar uma noite na torre faça sua Rainha reconhecer seus erros e voltar a traz em sua decisão.

Não era evidente que ele desejaria se alimentar dela em sua primeira noite juntos? Não seria a maior prova de confiança e lealdade que Denia poderia lhe ofertar? Entretanto, também estava se sentindo culpado por ter dado a ordem que levou sua amada para a prisão. Não estaria ela solitária, abandonada e com frio? Como poderia ele dormir tranquilamente em lençóis de cetim tendo sua amada apenas palha como cama?

O Rei mais uma vez gritou chamando sua Guarda Real, que prontamente surgiu diante de seus olhos curvando-se em sinal de respeito.

— Levem a cama e os moveis do quarto de hospedes Turquesa da Ala Oeste para a torre norte onde a Rainha está alojada... imediatamente! Isso é uma ordem! — Gritou descontrolado.

Os Guardas Reais ficaram extremamente confusos e temerosos, entretanto não ousaram dizer nem mesmo uma única palavra. Evidentemente, o humor de Darius não era dos melhores e contestá-lo de forma alguma seria algo tangível.

Barulho nas escadas despertaram a Princesa de seu breve cochilo. Dormir sobre a palha de sua cela era extremamente desconfortável, e a jovem nunca havia experimentando privações em toda a sua vida.

— Com licença Senhora... o Rei ordenou que trouxéssemos a mobília do quarto Turquesa. — Disse o Capitão da Guarda de forma respeitosa.

— Entrem... — Respondeu confusa.

Denisa ficou surpresa com a chegada do leito e dos demais moveis, contudo, essa mudança em sua cela lhe trouxe a certeza de que sua estadia na torre do castelo não seria passageira e que precisaria ser forte para suportar todas as adversidades que ainda estavam por vir.

— Será que Darius se arrependeu? — Questionou-se ao deitar confortavelmente entre os travesseiros.

Estava exausta, contudo seria muito difícil conseguir voltar a dormir depois de tantos reveses.

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