Cabeças vão Rolar

Cabeças vão Rolar

Beatrice mal pode crer no que seus cinzento olhos estavam a vislumbrar. Aquela que outrora gozou de grande prestigio, figurando como símbolo da união entre vampiros e humanos estava agora aprisionada como uma criminosa qualquer.

Haviam muitas perguntas sem resposta, e Lady Brândusa estava há muito tempo impaciente. Sem perder tempo a vampira tratou de interrogar a Rainha sobre seus infortúnios, sem se preocupar com qualquer tipo de cordialidade ou cerimonia.

— Bom dia Majestade... — Disse a nobre dama em um tom extremamente debochado.

— Bom dia... — Respondeu Denisa sem desconfiar nas maldosas intenções da mulher que estava parada na sua frente.

— Perdoe-me... mas acabei derrubando seu café da manhã... — Seguiu Beatrice com cinismo.

— Tudo bem querida... de fato, eu não estou com fome... — Respondeu com doçura.

— Infelizmente minha Rainha... eu não sou sua criada... esse traje e essa bandeja são parte do meu disfarce para checar seu paradeiro e os motivos que fizeram o Rei jogá-la aqui. — Afirmou deixando cair sua máscara.

— Quem é você? — Indagou incrédula.

— Sou eu pior pesadelo minha Rainha... e meu nome é Beatrice Brândusa. — Bradou triunfante.

Denisa ficou intimidada por aquela mulher agressiva que estava dando aquele espetáculo junto a sua cela. Entretanto, não conseguiu se defender ou pedir por ajuda.

— Então Majestade... o que motivou Darius a te aprisionar aqui e jogar a chave fora? Por acaso você é uma messalina infiel? — Questionou atrevida.

— Eu jamais trairia meu marido! — Respondeu reunindo sua pouca coragem.

— Ora... ora... Denisa... então você ainda tem forças para se justificar... me diga porque está presa aqui... alteza. — Seguiu esbanjando ironia.

— Eu não tenho nada para dizer a você! Saia daqui! Guardas! Guardas! Há uma intrusa na minha cela. — Gritou aflita pedindo ajuda.

Lady Brândusa ficou com medo de ser descoberta pela Guarda Real e tratou de sair dali rapidamente, voltando para as muralhas do castelo por uma escada secundária.

Nas muralhas, sua fiel serva já a aguardava com um vestido simples de vestir para possibilitar uma fuga rápida e eficiente que não levantasse suspeitas. A nobre Dama da Corte, sem perder tempo, trocou rapidamente de roupa com o auxilio de sua criada, escondendo a peruca ruiva dentro de sua bolsa de mão. A serva deixou sua Senhora ali e cuidou de levar pessoalmente o uniforme usado no plano para o cesto de roupa suja da lavanderia para que não houvessem rumores sobre o desaparecimento de um traje de empregada.

Lady Beatrice tratou de se dirigir aos seus aposentos acreditando que havia executado um plano perfeito. Todavia, a Rainha fez o relato para os guardas de que uma dama da corte esteve em sua cela lhe fazendo cruéis ameaças. Estava tão nervosa que foi impossível para Denisa lembrar o nome daquela mulher insolente que a intimidou, entretanto quando os soldados se reportassem ao Rei não haveriam dúvidas que se tratava de Lady Beatrice Brândusa.

Com medo de serem castigados pela ira do Rei, os guardas resolveram de comum acordo deixar essa grave falha na segurança em segredo.

— Se o Rei desconfiar que fomos negligentes com a segurança da Rainha cabeças vão rolar... — Disse um dos jovens muito temeroso.

— Eu é que não vou apontar as falhas do nosso trabalho... por mim levo esse segredo para o túmulo... — Respondeu o outro dando certeza que manteria sua boca fechada.

No entanto, os guardas não precisavam se preocupar em manter os eventos daquela manhã de outono em segredo. Lady Beatrice de posse de suas reveladoras novas informações, iria mais uma vez de forma atrevida, indagar Darius. Agora ele não teria como tentar ludibriá-la sobre o paradeiro da Rainha. Ela sabia onde a Sra. Anghel Vasile estava e exigiria satisfações de seu amado Soberano.

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