Encontros e Desenncontros

Encontros e Desencontros

Darius naquela noite estava em seu escritório lendo a correspondência oficial enviada pelo Imperador Illyrio. Todavia era praticamente impossível se concentrar em sua leitura, seus pensamentos estavam repletos do semblante de Denisa. O Rei estava melancólico, fazia muito tempo que não ia até a torre norte vê-la, a falta que sentia de sua amada Rainha não poderia ser explicada em palavras.

Batidas na porta fizeram interromper seus devaneios e voltar a realidade. Não desejava receber ninguém, estava farto de tantos inconvenientes, entretanto, sem outra alternativa resolveu atender, pensou que poderia ser algo a respeito de sua prisioneira, e ela era mais importante do que qualquer outro assunto. Deparou-se com a figura de Lady Brândusa e se arrependeu de abrir a porta. Imaginava que ela mais uma vez desejava confrontá-lo a respeito do paradeiro de sua Rainha. Todavia a dama de posse de suas novas informações, aproveitaria para fazer o rumo da conversa ser outro.

— Boa noite Majestade... — Disse ela fazendo uma breve reverencia.

— Não estou com tempo para seus joguinhos Beatrice... — Declarou impaciente.

— Deveria reconsiderar meu Rei... tenho informações que podem ser do seu interesse... — Alegou dissimulada.

— E que informações são essas? — Indagou sem dar a devida importância que o assunto exigia.

— Eu sei que está mantendo aquela humana presa na torre norte... eu só ainda não sei o porquê... — Declarou esbanjando atrevimento.

— Isso não é da sua conta! — Afirmou o Rei furioso apertando com força o pulso daquela mulher insolente.

— Majestade... não acha que seus amados súditos merecem satisfação? Mas eu proponho um acordo... quem sabe, se permitir que eu me torne sua concubina eu possa guardar o seu segredinho... — Disse por fim.

— Eu não a tornaria minha concubina nem se fosse a última

mulher vagando sobre a terra... maldita! — Afirmou Darius arremessando Beatrice ao chão.

— Vai se arrepende de suas palavras... meu Rei! — Ameaçou a Lady recompondo-se e retornando aos seus aposentos.

O Sr. Anghel ficou furioso e preocupado simultaneamente. As ameaças de Lady Brândusa o encheram de ódio, mas ao mesmo tempo foi obrigado a botar a cabeça para funcionar e evitar que sua Rainha sofresse humilhações piores do que já estava sofrendo. Decidiu ir vê-la, iria aproveitar para indagar sua escolta. Como aquela mulher desprezível obteve as informações sobre o paradeiro de Denisa? Era para tudo ter sido mantido em segredo... alguém contou a ela ou ela descobriu por si mesma? Eram perguntas que não poderiam ficar sem resposta.

O Monarca subiu as escadarias da tore a passos largos, tinha urgência em ver a amada. Os guardas ao avistarem o nobre no corredor, arrependeram-se imediatamente de não terem relatado os eventos recentes envolvendo a Rainha Denisa e Lady Brândusa. Em silencio, baixaram suas cabeças e fizeram suas preces para que não fossem depostos de seus cargos na Guarda Real ou até mesmo para que não fossem executados. Deram passagem ao Rei temendo pelo pior.

Darius lançou para cada oficial um olhar fulminante, ameaçador. Todavia não se deteve, era mais urgente ver sua adorada dama do que repreender guardas relapsos.

Denisa estava deitada chorando quando a porta de sua cela se abriu. Seu amado Rei entrou e sentou-se na cama tocando seu ombro de forma carinhosa. Ela escondeu seu rosto com os lençóis pois não queria demonstrar sua fraqueza perante seu soberano. Entretanto, o vampiro não pode deixar de perceber seu leve soluçar, preocupou-se com a tristeza de sua esposa e demostrando todo seu amor questionou:

— O que foi que aconteceu, minha querida?

— Nada que precise se preocupar, Senhor... — Respondeu sem saber se poderia abrir seu coração ao marido.

— Pode não parecer Denisa... mas eu me preocupo muito com você. — Sentenciou ele, enquanto afagava os cabelos dela.

— Uma mulher veio aqui e me fez diversas ameaças... disse que ela seria meu pior pesadelo... eu entendi que ela deseja meu lugar ao seu lado... mesmo sem eu saber se ainda tenho um lugar

ao seu lado... — Balbuciou.

— Denisa você é e sempre será minha única Rainha... ninguém poderá roubar o lugar que é seu por direito. — Afirmou confiante.

— Então por que ainda me mantém aqui Darius? Porque não veio me ver uma única vez se quer depois daquele dia que me fez sua e consumou nosso casamento? — Questionou voltando a deixar seu pranto rolar.

— Você pode mudar tudo isso agora mesmo... se permiti que eu beba seu sangue enquanto mais uma vez nos tornamos um só... — Pediu ele enquanto roubava um doce beijo apaixonado.

Denisa não sabia por quanto tempo a prata que havia ingerido permanecia em seu organismo, não poderia por em risco a vida de seu amado Rei nem tampouco a paz entre os reinos em cheque. Decidiu que mais uma vez se esquivaria da proposta de Darius Anghel Vasile.

— Meu Senhor... eu não posso permitir que se alimente de mim... — Disse em linguagem quase incompreensível.

— Você me precisa dizer porquê... — Implorou ele em tom severo.

— Eu não posso Darius! — Bradou por fim desabando.

— Lady Brândusa ameaçou expor que nosso casamento está em crise Denisa. Você não pode mais permanecer aqui, mas não posso levá-la de volta aos nossos aposentos se não confia em mim. Não sei o que fazer... — Confessou.

— Vou pedir que por um instante deixe de lado suas incertezas e confie em mim Milorde...

— Você repudia o fato de eu ser um vampiro Denisa? Eu não posso negar minha natureza, esse sou eu! — Protestou.

— Eu jamais faria isso Darius! Eu nunca te repudiaria. Eu te amo! — Disse por fim sem esconder seus sentimentos.

— Denisa... eu também te amo... não seria prudente estar à mercê dos comentários maldosos provocados pelas intrigas de Beatrice... mesmo sem ter te perdoado não permitirei que ela te insulte. Vou tirar você daqui, mas ainda será minha prisioneira de sangue. — Disse controverso.

O Rei vampiro estava com a alma dilacerada, as dúvidas que castigavam seu peito, não o deixavam seguir adiante, o impediam de viver a felicidade ao lado de sua Rainha humana, — eram como o sol ferindo sua pele, como uma estaca em seu coração.

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