Arrependimento

Luna

- Você está melhor? - O meu chefe pergunta.

- Sim, senhor Silvestre - Respondo forçando um sorriso - Foi só um enjoo, mas já passou.

- Me desculpe pelo meu filho - Diz sem graça.

- Tudo bem... - Suspiro - Acho que, no fundo, ele tem razão - Abaixo o olhar.

- O que você quer dizer? - Silvestre pergunta.

- Se eu visse uma moça pobre se casando com o chefe milionário, também a acharia interesseira - Hesito - Será que estamos fazendo a coisa certa?

- Luna, por favor não diga isso - Meu chefe me repreende - Você não é interesseira. Fui eu quem te pedi em casamento. Não ligue para o que o Noah diz. O meu filho é amargurado, mas isso não tem nada a ver com você. Não leve para o pessoal.

- Tudo bem, senhor Silvestre - Digo resignada.

- Você sabe se os seus pais já receberam o convite do nosso casamento? - Ele pergunta.

- Acredito que sim - Respondo - Hoje a noite vou fazer uma chamada de vídeo com eles. Já encomendei também os trajes que eles irão usar.

- Ótimo - Meu chefe diz. Eu vou te levar em casa para que você tire o dia de descanso.

- Não precisa, Senhor Silvestre - Digo - Eu estou melhor.

- Tem certeza? - Insiste.

- Tenho sim - Respondo.

- Tudo bem, mas qualquer coisa que você sentir, pode ir para a casa. Não trabalhe passando mal. Ainda mais no seu estado - Meu chefe adverte.

Concordo com a cabeça e retorno para a recepção. Trabalho o restante da manhã tentando esquecer o incidente de hoje.

Por volta do meio-dia, saio com Juliana para almoçar.

Conto sobre o meu desentendimento com o Noah e a minha amiga fica perplexa com o que ouve.

- Espero que o amigo dele não seja antipático assim - Minha amiga diz com desdém.

- O Felipe é diferente, amiga - Digo - Ele parece ser mais alegre, mais educado…

- Como pode um homem tão bonito ser amargurado daquele jeito?

- Pois é - Dou de ombros.

Após a refeição, retornamos para o escritório. Por sorte, não tive mais enjoos. Coloco a mão na minha barriga enquanto penso em qual será a reação da minha família quando souber que eu estou grávida.

Noah

Chego em casa e a primeira coisa que faço é tomar um banho pra tirar esse cheiro de café que ficou impregnado em mim.

Estou triste pela doença do meu pai e, ao mesmo tempo indignado em ver que ele mesmo desenganado, caiu na armadilha de se casar com uma interesseira como essa tal de Luna.

Após o banho, ligo para o Felipe e combinamos de almoçar juntos.

Nos encontramos em um restaurante e o meu amigo me fala sobre os seus planos aqui em Buenos Aires.

Quando ele termina, é a minha vez de contar sobre a manhã desastrosa que tive no escritório do meu pai.

Felipe me escuta sério antes de dizer:

- Cara, você não acha que pegou muito pesado nas palavras com a Luna? Sabe, eu a conheço a pouco tempo, mas ela me parece ser uma boa moça.

- Porque não é com o seu pai que ela vai se casar por interesse.

- Não acho que seja por interesse - Felipe retruca - Ela está esperando um filho dele não é?

- Esse tipo de mulher se deita com qualquer um pra conseguir o que quer - Digo com desdém.

- Felipe e eu encerramos a nossa refeição conversando assuntos diversos e logo após nos despedimos, pois ele precisa ir ao escritório do pai.

O Lucas se aposenta dentro de algumas semanas e Felipe vai substitui-lo no consultório e passar a atender os clientes do pai.

Então eu vou para o meu apartamento e resolvo descansar para amanhã iniciar o projeto novo do meu pai.

Felipe

Noah está convencido de que Luna está casando com o pai dele por interesse.

Eu não o julgo, pois sei que para ele, está sendo difícil lidar com a situação.

O pior é que eu não posso revelar o outro motivo do casamento do Silvestre com a sua secretária.

O meu pai me contou ontem toda a história da Luna e me pediu segredo. Ele tem medo do Noah descobrir que o bebê dela não é do Silvestre e piorar ainda mais situação pensando que a Luna é uma aproveitadora.

O meu amigo tem um bom coração, mas depois do que a ex-namorada fez, ele perdeu totalmente a confiança em mulheres.

Eu só queria que o Noah se apaixonasse por uma boa moça que o fizesse superar esse trauma do passado.

Luna

Às 17 horas encerro o meu expediente e após organizar todas as minhas coisas, vou embora com Juliana como todos os dias.

Amanhã farei a minha primeira ultrassom. Mal me aguento de ansiedade para ver o meu bebê pela primeira vez. Pena que como ainda completo oito semanas, não será possível descobrir o sexo. Isso eu soube logo na minha primeira consulta o que me frustrou um pouco. O médico disse precisarei esperar completar dezesseis semanas. Mas tudo bem. Até lá consigo pensar nos nomes.

Como amanhã é sábado, nem Juliana, nem eu trabalharemos, e ela irá me acompanhar. Afinal, a minha amiga é a madrinha do meu filho e merece participar de cada detalhe.

Marquei esse exame no horário do almoço e a morena pulou de alegria quando a convidei para ir comigo.

Quando chegamos em casa, resolvemos pedir uma pizza para o jantar. Enquanto ela liga fazendo os pedidos, recebo uma notificação no celular.

É uma mensagem da minha mãe perguntando se pode me ligar por chamada de vídeo.

Eles devem ter recebido o convite do meu casamento e não devem estar entendendo nada. Com tanta coisa para resolver, me esqueci completamente de prepara-los para a notícia.

Respondo a mensagem da minha mãe e aviso que estou indo para o quarto atender a chamada.

Acomodo-me em minha cama e cerca de três minutos depois ela liga. Atendo e logo vejo os rostos dos meus pais e da minha irmã do outro lado da tela.

- Oi! - Digo sorridente - Como vocês estão?

- Oi princesa, estamos bem - Minha mãe diz - Apenas preocupados. Recebemos o seu convite e ficamos sem entender. Nós nem sabíamos que você tinha namorado, como assim já vai se casar?

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