Decisão

Deixa que eu atendo! - Digo.

Dirijo-me até a porta e ao abrir, vejo o porteiro do prédio que diz:

- Boa noite, senhoritas. Um funcionário da casa de Benício Alcântara pediu que eu recolhesse as coisas dele aqui.

Covarde! Nem pra vir pessoalmente...

Segurando as lágrimas, assinto e peço ao homem que me espere enquanto Juliana perplexa observa a cena.

Vou ao meu quarto onde Benício costumava dormir quando se hospedava aqui e recolho todos os seus pertences. Aproveito e coloco em uma caixa também, os presentes que ele me deu e as nossas fotos juntos.

Retorno para a sala e entrego as coisas para o porteiro que após agradecer, se retira.

Assim que o homem vai embora, desabo em lágrimas sendo amparada pela minha amiga.

- Você viu, Juliana? - Digo aos prantos - Ele nem sequer teve coragem de aparecer aqui.

- Sinto muito, Lu - Diz afagando o meu cabelo - Esquece esse cara…

- Eu vou esquecer sim. Escreve o que eu estou te dizendo - Digo enxugando as lágrimas - E vou começar agora - Me desvencilho do abraço e vou à mesa de centro da sala em busca do meu celular.

- O que você vai fazer? - Juliana pergunta.

- Vou eliminar o Benício da minha vida - Dizendo isso bloqueio ele dos meus contatos, mas antes não posso deixar de ver que agora a sua foto de perfil é com a noiva.

Fico me perguntando como ele conseguiu levar essa vida dupla por tanto tempo.

- Amiga, eu nem sei o que te dizer - Minha amiga diz com compaixão.

- Eu vou ficar bem, Ju - Digo aos soluços.

- Eu sei que vai - Juliana diz alisando o meu cabelo - Quer dormir no meu quarto? - Pergunta.

- Não precisa - Recuso - Hoje eu quero ficar sozinha.

- Eu te entendo - Responde sorrindo fraco - Mas qualquer coisa pode me chamar.

- Tá bom - Respondo.

Mais tarde já deitada em minha cama, me pergunto o que fiz pra merecer isso.

Molho o travesseiro com mais algumas lágrimas até ser vencida pelo sono.

No dia seguinte acordo com o cheiro de café vindo da cozinha.

Esfrego as mãos nos olhos e aos poucos, as lembranças da noite passada me vêm à memória.

- Amiga, o café está pronto - Juliana diz ao aparecer na porta do quarto.

- Tá bom, amiga - Respondo - Me arrumo em um minuto.

- Eu fiz aquela vitamina que você adora - Pisca - Te espero na cozinha - Se retira e eu sorrio.

A minha autoestima está na mesma altura do meu dedão do pé, mas o gesto da Juliana faz eu me sentir um pouco mais especial. Eu tenho uma amiga que se preocupa comigo.

Tomo um banho rápido, faço a minha higiene matinal e após vestir o uniforme, me maquio e prendo os meus cabelos em um rabo de cavalo.

Logo que chego à empresa,me jogo de cabeça no trabalho para esquecer o que aconteceu ontem.

Estou magoada com o Benício e a atitude dele pra mim, foi a gota d'água. De certa forma o que aconteceu serviu para me ajudar a tomar uma decisão.

Assim que o meu chefe chega, vou até a sua sala repassar a agenda do dia.

Quando terminamos, eu digo:

- Senhor Silvestre, eu gostaria de falar com o senhor.

- Pode falar,Luna - Meu chefe responde.

- Eu pensei na sua proposta e já me decidi - Digo hesitante enquanto ele me olha em expectativa -Eu... Aceito me casar com o senhor.

Senhor Silvestre sorri e diz pegando as minhas mãos:

- Obrigado,Luna. Eu prometo que você não vai se arrepender. Vou entrar em contato com o meu advogado e iniciaremos os trâmites.

- Senhor Silvestre, eu só queria pedir que fizéssemos um casamento só no civil. Quero que seja tudo o mais simples possível - Digo.

- Como você desejar,Luna. Mas temos que fazer pelo menos uma recepção em casa - Meu chefe diz.

- Pode ser, mas quero algo discreto somente para família e amigos próximos - Respondo.

- Como quiser - Sorri.

(...)

Na hora do almoço, converso com Juliana sobre o ocorrido e ela diz:

- Que bom que você aceitou, amiga - Sorri - Só achei estranho você não querer festa nem casamento na igreja.

- Ju, esse é um casamento somente no papel. Prefiro que seja assim - Respondo.

- E quando você pretende contar para os seus pais? - A morena indaga.

- Ainda não sei - Dou de ombros - Mas confesso que estou com medo da reação deles.

- Amiga - A morena toca minha mão - É melhor que eles saibam que você está grávida do seu próprio noivo do que de um cara que está noivo de outra não acha?

- É, você tem razão - Suspiro.

Terminamos o almoço conversando assuntos aleatórios e logo após retorno para a empresa onde realizo algumas demandas.

Por volta das 15 horas, o amigo e advogado do Senhor Silvestre chega.

- Boa tarde, Luna - Sorri cordialmente.

- Boa tarde, Doutor Lucas - Sorrio de volta.

- Eu vim falar com o Silvestre. Ele pediu que eu viesse - O advogado diz.

- Claro! - Pego o interfone. Só um momento. Assim que o meu chefe atende, digo - Senhor Diaz, o Doutor Lucas está aqui.

- Certo, Luna. Mande-o entrar e venha também. Esse assunto diz respeito a você.

- Ok - Desligo o interfone e digo - Doutor Lucas,acompanhe-me por favor.

Dirigimo-nos à sala do meu chefe e acomodamo-nos em cadeiras à sua frente.

- Bom,Luna. Nós te chamamos aqui, pois o Lucas veio colher as cópias dos documentos para darmos entrada no nosso casamento. Será no próximo mês, no civil como você pediu e logo após, faremos um coquetel em minha casa para nossos familiares e amigos mais próximos. Providenciarei as passagens para que os seus familiares venham assistir à cerimônia. A nossa união será a comunhão total de bens. Você se mudará para minha casa e será uma das minhas herdeiras. Alguma dúvida?

Hesito antes de perguntar:

- Como vai ficar a minha situação aqui? Para ser sincera, eu não queria ter que deixar o meu emprego.

O meu agora noivo sorri antes de dizer:

- Luna, a verdade é que você não precisará mais trabalhar após o nosso casamento. Mas se você faz questão, poderá continuar aqui na empresa. Porém, não será mais como funcionária e sim como uma das donas - Explica - Mais alguma dúvida?

- Não. Nenhuma - Respondo.

- Então assine aqui por favor - Doutor Lucas me estende um documento que após dar uma breve lida, assino - O RH já providenciou as cópias dos seus outros documentos. Agora é só iniciarem os preparativos - Sorri - Parabéns aos noivos - Estende a mão a mim e ao Senhor Silvestre antes de se despedir.

Sorrio, mas um sentimento de culpa me invade.

Será que eu estou fazendo a coisa certa?

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***