Capítulo 20

—Só o tempo dirá se ele realmente tem boas intenções com o nosso povo, vendo como não interveio no castigo de minha filha, suponho que ele simplesmente busca poder — censurando, o homem respondeu.

— Está enganado sobre a pessoa, é a sua filha que pensa ter poder suficiente para tentar ser minha donzela e talvez mais tarde tentar conquistar Sua Majestade — implacável com a sua voz firme e segura, respondeu Sabrina.

O duque não teve outra opção senão retirar-se do local, pois de facto a sua filha tinha agido mal. Sabrina apenas falou com honestidade, embora vendo como o Imperador a defendia, não tinha de se preocupar muito.

A rapariga dirigiu-se para a sala de jantar, pois Alessandro estaria à espera dela e seria muito má educação cometer tal grosseria. Felizmente, não ficava longe da sala de reuniões onde os ministros se tinham reunido naquela manhã.

— Majestade, lamento o atraso — fazendo uma reverência a Alessandro, Sabrina desculpou-se.

—Tens de ser mais considerada, Lady Sabrina, Sua Majestade não tem de esperar, em qualquer caso, deverias ser tu a esperar — como reprimenda, Armand repreendeu Sabrina.

— As minhas desculpas, Majestade, asseguro-lhe que não voltará a acontecer — envergonhada, a rapariga continuou a desculpar-se.

— Armand, manda trazer o pequeno-almoço e retira-te, depois falarei contigo — a irritação podia ser vista no rosto do Imperador.

Parecia que ele não gostou nada que o seu mordomo e secretário tivesse tomado liberdades que não lhe diziam respeito, dado que em não mais do que um dia Sabrina se tornaria a Imperatriz, alguém que pode comandar todo o palácio, fazer e desfazer o que quiser.

— Estás bem? Ele vai pagar pela ousadia que teve — preocupado, Alessandro esclareceu.

— Estou bem, Majestade, em relação a Armand, não se preocupe, mais tarde eu mesma me encargarei de lhe mostrar o seu erro — com um ligeiro sorriso, Sabrina tentou acalmar a situação.

— Só ontem falaste comigo informalmente, será que depois do que fizeste perdeste a tua confiança? — confiante e com um sorriso maroto, o Imperador perguntou.

— Ontem à noite..., peço desculpa por isso, não era minha intenção fazê-lo sentir-se mal ou incomodá-lo — com as bochechas ligeiramente vermelhas, Sabrina falou.

— Não me incomodou de todo, para ser sincero, fiquei com vontade de mais — tomando uma das bochechas de Sabrina na sua mão, o Imperador esclareceu.

A situação começava a aquecer e o ambiente tornou-se um pouco quente, felizmente o pequeno-almoço chegou mesmo a tempo de salvar Sabrina.

— A propósito, Majestade, quantos guardas posso levar hoje? — já a provar a sua comida, a rapariga questionou.

— Serão dez dos meus melhores homens, para além das tuas duas donzelas, embora não saiba quem são — respondeu o homem.

— Escolhi Lady Sars e Lady Trent, filhas de um duque e de um conde respetivamente, presumo que conheça os pais destas senhoras — explicando, Sabrina informou.

— Estás correta, no entanto deves saber que não sou apreciador do Duque Sars, ele teve alguns problemas no seu ducado e quando pediu a nossa ajuda não tínhamos os recursos para o ajudar, por isso estamos em maus termos — assegurou Alessandro.

— Eu sei, Majestade, foi por isso que escolhi a sua filha, posso vigiar o inimigo se tiver as suas pessoas por perto — sorrindo maliciosamente, Sabrina esclareceu.

— Não sei se devo temê-la ou agradecer por tê-la do meu lado — tomando um gole de chá, o Imperador perguntou-se.

— Majestade, não confie em mim, deve estar sempre alerta para que eu não o possa surpreender com nada. Sabe que isto é na verdade um pacto por conveniência mútua, deve ter isso bem claro — enquanto comia, Sabrina esclareceu o assunto.

As palavras da jovem fizeram o Imperador ficar triste, pois mesmo sabendo do seu acordo, ele esperava que pelo menos pudessem vir a dar-se bem como amigos.

— Tenho isso bem claro, Senhorita Sabrina, então deixo-a, vou preparar os seus guardas — levantando-se da mesa, o Imperador retirou-se do local.

— "Porque sinto este vazio dentro de mim? Este homem causa mais emoções em mim do que aquelas que consigo controlar" — suspirando, Sabrina questionou-se sobre o que sentia, pois ressentiu a mudança de atitude de Alessandro para com ela.

Passado algum tempo, Sabrina saiu pela porta principal e encontrou exatamente dez guardas, embora os que ficaram realmente impressionados fossem aqueles homens. Sabrina tinha-se ido trocar de roupa e com a roupa que conseguiu arranjar deixou transparecer a sua excelente figura, pois usava um vestido muito simples, embora realmente confortável, este deixava ver os seus grandes atributos superiores, era justo na parte superior e solto na parte inferior, não era realmente comprido e permitia à rapariga mover-se livremente. Ela também tinha o cabelo totalmente apanhado, o que deixava o seu pescoço e rosto totalmente à mostra.

— Majestade, está tudo bem comigo? — Sabrina aproximou-se de Alessandro e perguntou, pois todos ficaram a olhar para ela.

— Não é nada de especial, parece que impressionaste estes homens com a tua beleza — com algum ciúme, o Imperador falou.

— Não é minha intenção causar problemas, se não se importa, vou mudar de roupa, embora não tenha nada para escolher — mais uma vez, Sabrina desculpou-se.

— É a mulher mais bonita que já vi, por isso não mudes nada do que estás a usar. Vai e faz o que tens a fazer, estarei à tua espera quando voltares. O encontro com a modista é à tarde e também conhecerás o teu mestre de esgrima — informou Alessandro.

A notícia surpreendeu e encheu Sabrina de felicidade, que não hesitou em saltar para abraçar o Imperador e dar-lhe um beijo na face.

— Agradeço-lhe muito, Majestade — ainda sem se aperceber do seu ato, Sabrina falou.

Passados alguns segundos, a rapariga percebeu o que tinha feito e afastou-se do Imperador, que estava em choque total, não podia acreditar que aquela jovem tivesse saltado para cima dele e o mais chocante foi que lhe tivesse dado um beijo em frente a vários dos seus subordinados.

— Peço desculpa, Majestade, eu realmente fiquei mais entusiasmada do que me devia ter permitido — baixando o rosto, Sabrina voltou a pedir desculpa.

— Se os agradecimentos forem assim pelo que a faz feliz, farei com que cada ato meu consiga essa emoção em si — tomando Sabrina pelo queixo, Alessandro tinha-se aproximado o suficiente para lhe dizer isso.

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