Capítulo 9

— Sabrina, não é o que você está pensando — falou alto e claro a rainha Arabela.

Sabrina olhou para o lado e a viu ali, porém não deu importância à sua presença. O que ela precisava naquele momento era curar Mark, então se voltou para ele e com a ajuda de sua magia curou o ferimento que o golpe do general havia causado.

— Senhor Mark, continuem seu caminho para casa e não olhem para trás, é uma ordem — ordenou a jovem ao homem já velho, olhando-o fixamente.

Este, sem pestanejar, apenas se levantou, subiu na carruagem e seguiu para a mansão. Não queria irritar a senhorita depois de toda a gentileza que ela teve, levando em conta que deixou aquelas pessoas entrarem sem sua permissão, embora, na realidade, ele não tivesse muitas opções, afinal, era a rainha de quem se tratava.

Quando seus empregados já tinham ido embora, Sabrina se aproximou do general que havia desmaiado de dor e selou seus ferimentos para que não infeccionassem e ele não pudesse morrer tão facilmente.

— Você não deveria ter feito algo tão drástico, ele apenas atingiu aquele homem. Você, por outro lado, o deixou inútil para o resto da vida, o general preferiria estar morto — mais do que irritada, a rainha o repreendia em tom severo.

— Em primeiro lugar, eles não deveriam ter entrado na minha propriedade sem permissão. Em segundo lugar, eu não perdoo quem fere os meus. E por último, se não quiserem acabar como ele ou pior, quero que saiam deste lugar agora mesmo — disse Sabrina com os olhos cheios de fúria.

— Como você ousa faltar com o respeito a Sua Majestade, falando com ela dessa maneira? Na presença dela você deveria se ajoelhar — disse um dos soldados que acompanhavam a rainha, desembainhando sua espada.

— Vocês deveriam começar a pensar antes de agir — disse Sabrina.

Ela levantou a mão direita, girou o dedo indicador algumas vezes e então o soldado que havia falado se viu dentro de um redemoinho de poeira, elevado no ar. É claro que se ouviam os gritos de socorro, pois, embora o redemoinho não fosse forte o suficiente para destruí-lo, estava deixando o homem muito tonto e lhe causando dor.

A rainha estava prestes a intervir, mas Sabrina não pensava em deixar que isso acontecesse.

— Agora sim ela está em condições de ajudar, por que você não se protegeu quando foi atacada no reino de Auroria? — perguntou Sabrina, ainda mantendo o soldado no ar.

A rainha ficou surpresa ao perceber que a garota conseguia se lembrar dela, embora sua maior preocupação fosse que Sabrina soubesse mais do que deveria.

— Então você se lembra de mim? — perguntou a rainha Arabela, caminhando em direção a Sabrina.

— Eu me lembro de uma mulher que tem certo grau de poder, uma covarde capaz de deixar seus subordinados sofrerem, só para que ninguém descubra quem ela realmente é — disse Sabrina, em tom de zombaria para com a rainha, com um sorriso no rosto.

O comentário que Sabrina fez claramente irritou a rainha, que quis atacar com fogo, que era o poder que ela possuía. Ela lançou uma rajada de fogo na direção de Sabrina e, esperando que ela sofresse um dano considerável, a rainha aguardou.

Depois de alguns segundos, o fogo foi desaparecendo e lá estava ela, Sabrina, sem nenhum ferimento, totalmente intacta.

— Acho que, antes de atacar, vocês deveriam conhecer o seu inimigo — disse Sabrina, mostrando os dentes brilhantes em um grande sorriso.

Como, devido ao ataque da rainha, ela finalmente havia deixado cair o soldado que estava no redemoinho, Sabrina colocou as duas mãos estendidas para frente, na direção da rainha Arabela. Um brilho azul-celeste apareceu por todo o seu corpo, embora suas palmas brilhassem ainda mais que o resto dela. Ela começou a fazer um movimento em direção à rainha Arabela e uma luz vermelha começou a sair do corpo da rainha, o que a enfraqueceu, fazendo-a cair no chão.

— O que você fez comigo? — perguntou a rainha, olhando fixamente para as próprias mãos e tocando o corpo todo, ainda no chão.

— Você não precisa dele, então eu tirei seu precioso poder. Se você não é capaz de proteger os mais vulneráveis, não merece tal honra — disse Sabrina, voltando ao seu estado normal.

E sim, Sabrina tinha a capacidade de absorver o poder de qualquer outra pessoa que tivesse magia. Em sua vida passada, ela nunca havia usado essa habilidade, pois se considerava uma boa pessoa, até que foi traída da pior maneira. Nesta segunda vida, ela não permitirá que ninguém a governe e muito menos permitirá que alguém machuque aqueles que ela ama.

— Eu sempre protegi meu povo, você não me conhece, não sabe do que está falando — disse a bela e corajosa rainha a Sabrina, com lágrimas escorrendo de seus olhos.

Naquele momento, era possível ver uma mulher destruída. Ao que tudo indicava, sem seu poder de fogo, ela não era nada. Simplesmente uma mulher a quem todos chamavam de rainha.

— Não pareceu, em Auroria e muito menos ao chegar aqui. O Ducado de Hill’s está totalmente deserto, não há pessoas porque seus governantes nunca se importaram com este lugar, mas eu não serei como vocês — disse Sabrina à rainha, começando a abrir a barreira. — Agora saiam daqui. Não pensem que podem vir aqui e me dizer o que devo fazer. Vocês já me conheceram um pouco, não deixarei que ninguém maltrate aqueles que eu amo.

Abrindo uma grande parte da barreira, Sabrina estava prestes a sair do local, mas foi atacada pelos outros homens que estavam fora da barreira esperando por Sua Majestade, que eram magos com diferentes poderes.

A jovem de cabelos loiros não se surpreendeu nem um pouco e deixou que todos atacassem ao mesmo tempo, para que pensassem que poderiam destruí-la. O que eles nunca consideraram foi o grande poder que ela possuía.

Sabrina recebeu o ataque, absorveu-o e, em seguida, fazendo o mesmo processo que fez com a rainha, absorveu todo o poder mágico daqueles magos, deixando-os fracos no chão.

— Parece que vocês não conseguem entender o que acontece aqui. Mesmo que sejam deuses, ninguém pode me vencer. Vocês me irritaram e não há como eu devolver o poder à rainha como pretendia fazer.

Com um movimento, ela tirou todos que ainda estavam dentro de sua propriedade, fechando a barreira novamente.

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