Capítulo 7

—Por favor, majestade, não faça isso. Se eles perceberem tudo, minha filha morrerá, eu imploro, não vá com suas majestades— curvando-se e com a intenção de se ajoelhar, a duquesa suplicava.

Claramente, a rainha Arabela tinha muito poder e poderia fazer o que quisesse.

A atitude da duquesa deixou a rainha Arabela confusa, ela nunca imaginou que eles temeriam os reis de Auroria, sabia-se que eles eram justos, a menos que a família Tinks estivesse escondendo algo.

—Eu só queria agradecê-la por me salvar ontem, mas imagino que não poderei, não se preocupe, não irei com os reis, espero um dia poder agradecer pessoalmente à sua filha— disse a rainha se retirando do local. O que ela menos queria era causar problemas.

—Se quiser agradecê-la pessoalmente, ela estará no Ducado de Hill’s, em seu reino, majestade. Nós a enviamos para aquele lugar para sua segurança, não posso dizer mais nada— informou a duquesa e, curvando-se, retirou-se para seu quarto novamente.

A rainha apenas sorriu e, abaixando levemente a cabeça, agradeceu. Agora que Sabrina estava em seu território, seria mais fácil realizar seus planos e deixar seu filho frustrado por não poder brincar livremente com sua nova vítima.

—«Querido, você ficará surpreso com o que te espera»— a rainha pensou, rindo baixinho.

Por esse motivo, ela apressou seu retorno ao seu reino, queria ver com seus próprios olhos a garota que havia lhe salvado a vida e que talvez pudesse ajudá-la no que ela havia planejado.

Levou cerca de dez dias para Sabrina chegar ao Ducado de Hill’s, era um lugar lindo, mas estava praticamente deserto, sem pessoas e com as casas vazias, o que a deixou surpresa ao chegar.

Ela se dirigiu à grande mansão onde encontraria o mordomo que cuidava do ducado. Ao chegar, ela percebeu que só ele e duas empregadas moravam lá.

—Bem-vinda, Srta. Sabrina, fico feliz que tenha chegado bem, por favor, entre. Seu quarto está pronto e também haverá uma pessoa para ajudá-la no que precisar— curvando-se levemente, o mordomo a cumprimentou.

—Obrigada, eu estava me perguntando por que não havia ninguém. As casas estão vazias e o lugar deserto. O que aconteceu?— Sabrina perguntou intrigada.

—Vejo que a senhora não está ciente, pensei que mesmo sabendo a verdade, a senhora tivesse decidido vir para cá— mudando sua expressão feliz para uma triste, o mordomo falou.

—Você poderia me explicar, por favor?— Sabrina pediu gentilmente.

—Veja bem, os reinos sempre compartilharam território com os demônios, isso é história geral, porém, nós que vivemos em Altea somos os mais afetados quando os demônios atacam. Bem ao lado deste ducado, há uma barreira criada pelos magos daqui, para que os demônios não cruzem. Apesar de tudo o que fizeram, as barreiras não são eternas e foram rompidas várias vezes, então o povo daqui foi morrendo aos poucos e outros decidiram ir embora para não correr perigo. Achei que seu pai tivesse lhe contado sobre isso, vou entender se quiser voltar para casa agora— disse o mordomo, triste.

—É uma boa história, mas não se preocupe, estou aqui para ficar e não vou fugir por nada, talvez eu seja a solução para que os demônios parem de atacar Altea ou pelo menos o Ducado de Hill’s— disse Sabrina com um sorriso.

O mordomo abriu um largo sorriso ao ouvir Sabrina falar. Ele, chamado Blas, serviu ao avô da menina por toda a vida e amava muito aquelas terras, o que entristecia seu coração ao perceber que, por culpa dos demônios, as pessoas estavam morrendo e outras, para se salvarem, haviam se mudado para outra parte do reino.

—Bem, como podem ver, há muito espaço para se viver aqui. Todos aqueles que têm família no reino de Auroria retornarão e vocês decidirão se vivem aqui conosco ou se ficam morando lá, mas antes disso, deixe-me mostrar-lhes algo maravilhoso— disse Sabrina.

Sabrina saiu da mansão, que estava praticamente em ruínas pela negligência e pouca manutenção que haviam dado, ergueu as mãos e criou uma barreira protetora sobre todo o seu território. Então ela tocou o chão e toda a natureza floresceu novamente como se nada a tivesse danificado. Mais adiante, ela restaurou todas as construções a um bom estado, dissipando todos os danos que a negligência e o abandono haviam causado a elas.

Todos os soldados e o mordomo ficaram surpresos com o que estavam vendo, jamais imaginaram que Sabrina seria capaz de fazer algo assim, na verdade não acreditavam que alguém pudesse fazer algo dessa magnitude.

—Prometo a vocês que, se me seguirem, se estiverem do meu lado e do lado da minha família, garanto seu bem-estar e uma vida feliz, vão e digam a todos que aqui estarão seguros, mas devo colocar magia em vocês, para que não me traiam e nem minha família ou eu corramos qualquer perigo, vocês concordam?— aproximando-se dos soldados, Sabrina quis tocar em um deles.

Ao perceberem, todos e cada um dos homens se ajoelharam e aceitaram o pedido de Sabrina, pois era verdade que ela colocaria magia neles para que não contassem a ninguém, mas também lhes daria proteção a cada um deles, garantindo assim a lealdade mútua.

Então Sabrina ergueu as mãos novamente e cobriu cada soldado com proteção divina, por enquanto eram apenas trezentos, porém ela tinha certeza que com eles voltaria o restante do exército de seu pai, o duque Tinks, garantindo assim que seus pais e irmãos que viriam morar no reino de Altea estivessem sempre protegidos sem depender dos governantes do local, pois ao ver o descaso com que deixaram o ducado, bem se poderia dizer que pouco se importavam.

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