Uma Honey nata!

A casa de Ítalo é uma obra de arte. Remete a um período histórico rico e ele tem belas obras de arte aqui. É algo que eu reparo muito, afinal de contas, é uma das coisas que eu verdadeiramente gosto.

Estamos no seu escritório agora e eu observo o homem tão alto e tão forte quanto eu. Ítalo é peculiar. Admito que fiz algumas pesquisas sobre mafiosos já nessa minha vida, tentando entender a minha própria história, mas tudo que você consegue achar é superficial e clichê.

Ele tem várias tatuagens pelos braços e no peitoral, que está exibindo em uma camisa de mangas curtas e botões abertos. Sei que não é traço da mafia italiana isso, costume de russos e japoneses, mas ele é jovem, tem a minha idade, deve ser parte da nova geração.

- Como foi a viagem?

Ele me pergunta com um sorriso e eu retribuo. É gentil e está se esforçando mesmo pra me deixar a vontade.

- Foi muito boa, bem tranquila e a vista quando estava chegando foi de tirar o fôlego.

Rizzo me oferece uma dose de conhaque e eu aceito.

- Que bom. E melhor ainda que tenha vindo com sua bolsa de viagem, quero que fique aqui em casa. Eu faço questão, Paolo.

Rhun... meu plano deu certo.

Eu não vim pra cá despreparado. Passei no Lifestayle e fiz check in, vim com algumas malas depois de pedir uma licença na Universidade e não saio desse lugar até saber o que esse homem quer comigo. A bolsa foi uma espécie de isca, e felizmente ele caiu, vou ficar bem perto dele e saber tudo que eu preciso.

- Bom, eu pensei em ir pra um hotel, não quero dar trabalho.

Ele faz uma careta pra mim e estala a língua.

- Não vai dar trabalho jamais. Vou mandar arrumarem um bom quarto pra você.

*******

Na hora do almoço eu observo mais do clã Rizzo.

Certamente a esposa dele sabe quem eu sou, me olha atentamente e desconfiada. Sabe meu nome como eu sei o dela, mas não emitiu palavra sobre isso.

Depois do pequeno incidente com a governanta da casa eu me entretenho em uma conversa com as pessoas da mesa. As mulheres estão curiosas comigo, mas percebo curiosidades diferentes. A mulher mais velha está interessada mesmo em mim, já a irmã de Ítalo tem curiosidade sobre o que eu faço.

Ele tem uma irmã tímida e doce, e apesar de jovem é bem o meu tipo. Daquelas recatadinhas que estão sempre prontas para obedecer, mas eu não vim em busca de uma nova Honey, vim em busca de respostas.

Sirvo de entretenimento e quando o dia acaba eu estou no quarto.

Ligo pra Louis e ele me atende rápido.

📲🔊 - Tudo bem por aí?

📲🔊 - Tudo certo, e por aí?

📲🔊 - Tudo sobre controle.

O silêncio do meu advogado me diz que ele quer perguntar algo, não demora muito e ele o faz.

📲🔊 - O que foi fazer aí, Paolo?

📲🔊 - Na hora certa você vai saber, Louis. Por enquanto deixa eu descobrir mais do que vim descobrir.

Converso com ele sobre mais algumas questões e quando encerro a ligação eu me pego pensando no que Rizzo está tramando. É algo de cunho pessoal, importante pra ele, não estaria sendo tão cordial comigo se não fosse.

Por enquanto estou tendo paciência com ele, mas não sei até onde essa paciência vai durar.

********

Novo dia e eu estou na mesa do café da manhã. A governanta da mansão Rizzo é uma senhora muito prestativa e sorridente, se chama Antonieta e parece gostar muito de servir as visitas. Bom, pelo menos a mim.

- Bom dia, senhor Mancini. Se sente aí, eu sirvo o senhor.

Ela fez um café da manhã digno de hotel, tem tudo e mais um pouco.

- O senhor gosta de geléia? Eu fiz uma de pêssego e maracujá.

Agradeço a ela.

- Gosto sim.

Antonieta coloca na minha frente uma compoteira bonita e pequena, que parece ser de cristal.

- Bom dia, Mancini, dormiu bem?

Abro um sorriso pra Ítalo, quando o vejo chegando acompanhado da mulher.

- Bom dia. Dormi bem sim, o quarto é bastante confortável.

Os dois se sentam à mesa pra me fazer companhia e Rizzo fala comigo mais uma vez enquanto serve café em uma xícara.

- Pensei em te levar pra visitar alguns pontos turísticos. O que acha?

Pego uma torrada pra passar geléia e abro um sorriso educado pra ele. Não tenho interesse em conhecer nada aqui, tenho horror a essa cidade e ao que ela representa na minha vida, mas estou ainda me mantendo no personagem.

- Claro, aceito sim. Sabe que eu nasci aqui, mas fui pra Suiça bem cedo, não conheço nada da cidade.

Ele parece satisfeito em ouvir isso e nós dois entramos em uma conversa sobre as atrações do período do império.

Saio com Ítalo depois de comer e ele acaba me apresentando a quatro homens peculiares, vamos dizer assim, que são seus amigos. Eu sou muito bom em observar pessoas e aposto um braço aqui que Ítalo é o líder dessa matilha. Se tratam como amigos, mas o respeito por ele é evidente.

Só não consegui ainda decifrar se Ítalo é algo mais como meu pai era ou algo maior.

Roma é interessante, eu tenho que admitir, é berço de um período incrível da história mundial e não há como negar o peso que carrega. Acabo deixando meu preconceito de lado e curtindo o passeio.

- Vamos jogar um boliche?

Aceito o convite.

- Claro!

Quando chegamos no lugar de jogo eu observo mais os homens. Eles tiram as jaquetas e eu consigo reparar nos punhos. Os quatro que conheci tem um "R" bem trabalhado no lado de fora do punho direito, Ítalo não tem essa tatuagem.

💭Aaaah, o senhor Rizzo é um Don💭

A matilha é marcada.

Quando voltamos pra casa de Ítalo eu consigo perceber que a irmã dele está de volta também.

- Oi Coccinella, veio fazer o quê aqui?

Pietra beija o rosto do irmão.

- Ambra me chamou pro jantar.

Observo a garota com cabelos castanhos claros e ondulados. É pequena, meiga e frágil, combina com a apelido que o irmão tem pra ela. Delicada como uma joaninha. Pietra usa um vestido de alcinhas amarradas, branco com pequenas flores que imitam margaridas estampadas, tem uma roda leve na saia e ela passa mais ainda jeito inocente vestida assim.

É inevitável pra mim, acabo mesmo reparando nela. A pele clara planta um questionamento na minha mente:

💭Como será que fica depois de um golpe de cinto?💭

É, é o que eu gosto.

Pietra é bem o meu tipo mesmo.

💭Será que se interessaria pelo que eu posso fazer?💭

É bem provável que não, tenho certeza de que seu destino está marcado como o da amiga foi. Vai se casar com algum homem de caráter duvidoso, e está sendo guardada a sete chaves pra isso.

Uma pena, mas no final das contas é bom. Meu objetivo aqui é outro.

*******

Depois de tomar um banho eu desço pro jantar, me acomodo na cadeira quando vejo que Ítalo e a mulher já se sentaram. A senhorita Rizzo ajuda Antonieta a servir a mesa e eu reparo no jeito como olha pra Ambra. A dona da casa faz um gesto com os olhos pra cunhada, que confirma com a cabeça de maneira discreta e se senta do meu lado depois de deixar uma travessa com a salada caprese na mesa. O perfume de Pietra é gostoso, tem um fundo cítrico que chama a minha atenção como ela toda.

💭A senhora Rizzo entrou no jogo e decidiu usar a senhorita pra isso💭

Vamos ver onde elas querem chegar.

Vou continuar no meu papel de sempre, de repente Ambra fala comigo:

- E então, Paolo, gostou da cidade?

Dou um sorriso pra ela embarcando na sua.

- Muito. Tanto que estou pensando seriamente em aproveitar minhas férias na faculdade pra conhecer melhor esse país todo. É engraçado, saí muito pequeno daqui e nunca mais voltei, mas agora parece que estou verdadeiramente em casa.

Ela me passa a travessa com a salada e abre um sorriso largo pra mim.

- As raízes italianas são fortes e inegáveis, não são?

Volto a minha a atenção pra ela e resisto a vontade de dizer que as raízes italianas pra mim são uma verdadeira merda.

- Parece que sim.

Baixo meus olhos voltando a me concentrar na comida. Antonieta cozinha muito bem e eu estou com fome depois do passeio todo de hoje.

Eu posso perceber um movimento de Ambra cutucando Pietra com a perna. Ela realmente acha que está sendo discreta e que eu sou pião no tabuleiro e isso me irrita.

Não demora e eu escuto o tom de voz meigo e interessado da Joaninha do meu lado. Ela está sendo usada pela amiga.

- E então, como anda o livro?

Pois bem, eu vou fazer um teste aqui.

Olho pra Pietra e dou um sorriso de canto, ela se surpreende pela minha mudança de postura, fica ruborizada e eu uso o tom de voz certo pra falar com ela.

- Está entrando na fase final, acho que seu irmão e sua cunhada serão meus últimos entrevistados.

Pietra obedece ao meu tom de voz. Ela é uma Honey nata, a personalidade perfeita pra mim. Me encara fixo enquanto eu me conecto direto com ela a olhando fundo nos olhos, as pupilas folha seca me encaram de volta dilatando.

Ela não sabe ainda, mas achou alguém por quem é naturalmente atraída do mesmo jeito que sou naturalmente atraído por ela. Somos opostos e ao mesmo tempo como metal pra imã. Sou capaz de apostar agora que se eu a disser pra subir até o meu quarto e me esperar nua, ela vai me obedecer sem questionar.

💭Aaaah Honey, será que eu vou ou não vou com você?💭

Sinto meu p*u começando a querer dar sinais de vida, mas graças a Deus somos interrompidos. Ambra quem fala comigo.

- Está entrevistando apenas casais?

Dou atenção a ela saindo do pequeno feitiço que criei e que também fui vítima.

- Não, já entrevistei senhores e senhoras que são viúvos agora, também pessoas divorciadas. Mas isso foi em outros países, nos de cultura mais rudimentar.

Ela parece empolgada com isso.

- E pessoas solteiras?

- Você diz pessoas que nunca se casaram ou que estão prestes a se casar? Por que a segunda opção eu já entrevistei também.

A senhora Rizzo nega com a cabeça.

- Estou falando de pessoas que nunca se casaram mesmo. Tipo, a Pietra, por exemplo, que é jovem e romântica e deve ter uma idéia "X" sobre casamento. Também a Antonieta que nunca se casou, mas viveu alguns amores e já é mais velha, e por tanto, deve ter uma idéia "Y".

Por que ela quer incluir a cunhada e a governanta nessa história? Meus sinais de alerta ligam forte na minha cabeça, mas eu vou em frente.

- Olha, Ambra, é uma boa idéia.

Me viro para as duas mulheres que estão no mesmo lado da mesa que eu.

- Aceitam ser minhas entrevistadas?

Enquanto eu descubro o que o irmão quer comigo, eu vou aproveitar pra sondar o terreno com Pietra. Vai que eu tenho uma surpresa boa com tudo isso?

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Comments

Raynna melice Santos

Raynna melice Santos

Eita 🔥

2024-05-08

1

Raynna melice Santos

Raynna melice Santos

Não sei de quem eu posso ter mais medo! Do Paolo ou do Ítalo

2024-05-07

0

Caroline Oliveira

Caroline Oliveira

eu to gostando muito, mas to perdidinha nessa narrativa 🤣🤣🤣

2024-04-25

1

Ver todos
Capítulos
1 Um novo amigo, ou não...
2 Um cara interessante e diferente
3 Uma Honey nata!
4 Interessada nele
5 Uma grande revelação
6 Entrevista
7 Conhecendo um pouco melhor a minha mãe
8 Amostra
9 Vizinhos
10 Eu sou a Honey perfeita pra ele
11 Pietra é mais inocente que pensei que fosse
12 As pessoas vivem escondendo as coisas de mim
13 Eu me importo com ela
14 Acho que quero mais com ele
15 Tentando fazer diferente
16 Que homem confuso
17 Eu tive ela de novo
18 As coisas não se encaixam
19 Minha primeira sessão de Shibari
20 Eu sinto vontade de cuidar dele também
21 Arreio
22 Amiga...
23 Ela está distante
24 Não quero deixar Paolo nunca, não importando que aconteça
25 Namorados
26 Assumidos
27 Eu sabia que as coisas não se encaixavam
28 Segredo
29 Conheci ela
30 Eu dei um jeito
31 Medo
32 Calábria
33 Fica comigo pra sempre?
34 Uma boa ação
35 Contrariado
36 Me mantendo firme
37 Me sentindo um idiota
38 Nós fizemos as pazes
39 Casa nova
40 Desconfiada
41 Confuso
42 Pega de surpresa
43 Varal de cabides
44 Gancho
45 Sem dúvidas
46 O início do meu felizes para sempre
47 A mesma música
48 Bodas de algodão doce
49 Vacilada
50 Outro varal de cabides
51 Aurie
52 Tudo desandou
53 Uma Ambra muito diferente
54 Eu amo nós dois juntos
55 Um bebê atrás do outro
56 Eu já tenho tudo que poderia querer
Capítulos

Atualizado até capítulo 56

1
Um novo amigo, ou não...
2
Um cara interessante e diferente
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Uma Honey nata!
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5
Uma grande revelação
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Entrevista
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Conhecendo um pouco melhor a minha mãe
8
Amostra
9
Vizinhos
10
Eu sou a Honey perfeita pra ele
11
Pietra é mais inocente que pensei que fosse
12
As pessoas vivem escondendo as coisas de mim
13
Eu me importo com ela
14
Acho que quero mais com ele
15
Tentando fazer diferente
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Que homem confuso
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Eu tive ela de novo
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As coisas não se encaixam
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Minha primeira sessão de Shibari
20
Eu sinto vontade de cuidar dele também
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Arreio
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Amiga...
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Ela está distante
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Não quero deixar Paolo nunca, não importando que aconteça
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Namorados
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Assumidos
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Eu sabia que as coisas não se encaixavam
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Segredo
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Conheci ela
30
Eu dei um jeito
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Medo
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Calábria
33
Fica comigo pra sempre?
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Uma boa ação
35
Contrariado
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Me mantendo firme
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Me sentindo um idiota
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Nós fizemos as pazes
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Casa nova
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Desconfiada
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Confuso
42
Pega de surpresa
43
Varal de cabides
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Gancho
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Sem dúvidas
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O início do meu felizes para sempre
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A mesma música
48
Bodas de algodão doce
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Vacilada
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Outro varal de cabides
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