Lar doce lar

"Após sua morte, Bryan Lester teve que ser substituído. As autoridades ainda estavam sem uma ideia clara das coisas que aconteceram. Lester, que outrora era idolatrado como capitão, em um ato de falsidade forçado por ele mesmo foi pela ocasião trocado, com a designação de outro homem ao cargo de capitão, Olsen Letfield, um homem educado e carismático, diferentemente de quando Lester ainda era vivo, a cidade agora poderia prosperar sem aquele regime policial corrupto aplicado por Lester. A cidade agora recebia visitas de longe com mais facilidade. No meio de tudo isso, uma hospedaria, que se encontrava cheia de turistas de bom valor. O balconista não sabia, mas ele, acreditando que o jovem loiro o tinha enganado e não havia pago seu débito, tinha indiretamente sua recompensa em mãos. Com a engrenagem movida pelo domador, aquela cidade agora voltaria a ser mais próspera, e sua hospedaria mais suscetível a visitantes.

Enquanto olhando pelo lado de fora, em uma das ruas daquela cidade, uma mulher andava com seu bebê, desprovido de um pai que perdeu há exatas 2 semanas. Vendo-a por fora, não conseguíamos ler seus sentimentos, ou sequer saber se tinha superado a tristeza que há pouco tinha em seu coração. Enquanto ela caminhava com seu bebê, seus passos era trocados pela imagem que nos deslocava diretamente para a frente de uma grande catedral. Ainda estávamos em Lustershire, embora não fosse a mesma catedral, onde em sua frente, o injustiçado ex-tenente tinha sido executado. Aquela catedral ficava mais nos extremos daquela cidade, a Catedral Saint Louise. Aquele lugar escondia segredos que não foram desvendados, pelo menos, não até agora. Uma noite bem chuvosa por sinal em volta daquela grande catedral. Com tempestades que estrondavam ouvidos de garotos curiosos que olhavam pela janela de seus quartos. Enquanto ao olhar mais para dentro daquele orfanato. A porta dentro do quarto de um dos garotos se abria, Dylan e Levi olhavam para a porta com receio. Para a felicidade deles, era apenas a irmã Janette.

A favorita e mais atenciosa de suas cuidadora. Ela com um sorriso tenro e gentil abria a porta com algumas guloseimas. Os garotos suspiravam aliviados ao mesmo tempo que sentiam alegria, embora não sabemos o porquê de seu prévio receio.

- Como vocês estão, pequenos?

Ela perguntava enquanto acariciava o cabelo de Dylan.

- A tempestade, a gente não consegue dormir.

Respondia Dylan.

- Então, que tal, eu fico aqui com vocês até vocês dormirem, mas vão ter que me prometer, vocês serão bons meninos amanhã, e não brigarão de novo.

Ela sugeria.

Os meninos concordavam, enquanto ela os acariciava e conversava, acalmando os garotos. Os minutos se passavam, os garotos quase pegavam no sono, porém a porta se abria novamente:

- Senhora Madre?!!

Janette olhando para a porta dizia com espanto, enquanto tentava se explicar.

- Te disse para ajudar as irmãs na cozinha, não perca tempo precioso com esses moleques, ou já não se lembra de como o orfanato a acolheu quando era só uma garotinha?

Uma mulher que em sua expressão já demonstrava sua falta de empatia, já não era nem tampouco jovem, com sua persuasão e cinismo, dizia para Janette, que se lembrando destas palavras, se sentia agora em débito.

- Sim, Madre.

Concordando, ela saía cabisbaixa e passava ao lado de sua Madre. Aquela mulher a encarava, de forma a intimidar a jovem Janette, que apenas se retirava dali.

Agora a Madre que olhando para aqueles dois garotos, com desdém, fechava a porta daquele quarto.

Os garotos já quase adormecendo fechavam seus olhos e após algum tempo entravam em estado de não lucidez. À medida que já estavam adormecidos, a imagem que nos distanciava do quarto em uma bela perspectiva de telespectadores em terceira pessoa. Ao sair pela porta, conseguíamos ver bem a estrutura daquela catedral, com seus quartos enfileirados. A pintura dos homens influentes que ajudaram na construção daquele lugar decoravam as paredes acima de cada porta. Foi com essa visão da catedral, que aquela noite chuvosa, nos tirando o sentido da visão por alguns instantes, terminou...

"Dylan! Dylan! Acorda, Dylan!"

Pela perspectiva de um garoto, Deitado, nós víamos suas pálpebras se abrirem durante a madrugada, em uma visão de câmera na primeira pessoa, vendo diretamente pelos olhos de Dylan. Seu colega de quarto o acordava com escândalo e alguns empurrões. Dylan, que se levantava, bocejando profundamente, questionava seu amigo sobre o porquê de tanta pressa. Obtendo a resposta:

- A Madre superiora. Vem logo!

dizia Levi apressadamente.

Dylan rapidamente se levantava e acompanhando Levi, os dois saíam de seus quartos. Ainda era madrugada. Ao sair daquele quarto, eles se direcionavam lentamente pelo corredor enfileirado, sem chamar a atenção de nenhuma das freiras que os tinham sob tutela. Eles, esgueirando-se pelo corredor, escutavam choros e um pedido de desculpas quase inaudível. Aquela porta, pela qual eles ouviam tais ruídos, era a porta da sala confessionária. Feita de forma que abafasse as confissões feitas internamente. Eles apenas ouviam gritos. Eles já sabiam o que acontecia ali, algum órfão estava a ser punido pela Madre superiora. O motivo não era claro. Mas todos ali sabiam que a forma de punir da Senhora Madre nunca foi algo para correção, mas ela, na verdade, parecia descontar algum ódio ou ressentimento passado em garotos órfãos que, sob sua tutela, não tinham proteção de ninguém. Enquanto eles ali estavam, eles ouviam passos vindos das costas deles. Eles se virando, sentiam a adrenalina que seus corpos produziam. Se deparando com a irmã Janette, que os repreendia com um tom de voz baixa:

- Meninos, voltem para seus quartos, venham.

Os garotos, sem dizer nada, a seguiam novamente para seu quarto. Quando nele chegaram, eles agora sim argumentavam:

- Ela não pode fazer isso, Senhorita Janette! Não deixe ela fazer isso.

Dylan suplicava com uma lágrima em seu olho. Aquela lágrima significava seu sentimento de fraqueza, o sentimento de uma criança ao perceber-se indefesa, sem poder se proteger ou sequer proteger seus amigos.

Levi era um pouco mais apático do que Dylan, e ele costumava aceitar as coisas como elas eram, admitindo que não conseguiria mudar sua realidade atual. Sendo sempre repreendido por Dylan.

Eles se deitavam novamente, recebendo uma bela despedida de Janette, que os confortava e garantia que nada de mal aconteceria com eles. Palavras ditas, enquanto o fechar daquela porta engolia o último resquício de luz que transpassava por ela. Terminando a noite, que não traria bons sonhos aos pobres garotos. Enquanto a cena se escurecia, retornando apenas quando já era de manhã. Os garotos arrumavam suas camas e se aprontavam. Eles deveriam comparecer às aulas, que o orfanato os oferecia em tempo integral, com suas pequenas pausas para lanches, almoço e jantar. Quando saíam de seus quartos, eles se deparavam com vários garotos que também saíam de seus quartos, cumprimentando e interagindo entre si. Enquanto Dylan percebia naquele alto número de meninos e meninas que saíam de seus quartos, o mais recém-chegado dos garotos que ali estava tinha dificuldades para se socializar. Ele saía cabisbaixo de seu quarto, passando por Dylan, passando por Levi, ele não dizia nada. Seus olhares, para olhares de uma criança não possuíam mais nenhuma esperança. Apenas desilusão e aceitação. Aquele garoto, após perder seus pais fazendeiros para ladrões de gado, em sua cabeça e coração, não tinha mais nada a perder. Todos iam em fila para a cantina, onde recebiam a comida que mesmo não sendo das melhores, era comer ou passar fome. Dylan, sentado ao lado de Levi na cantina, olhava dentre todos aqueles garotos que comiam naquele pequeno refeitório. Mas, dentre todos eles, o novato, era quem mais o chamava a atenção, parecia tentar esconder algo por debaixo das mangas de sua camisa. Coisa que Dylan, agora como o garoto enxerido que era, iria achar uma forma de descobrir, Já supondo em mente que aquele garoto era quem foi punido da última vez. Todos terminando suas refeições, praticavam suas atividades. Eles viam o dia passar conforme faziam suas atividades. Lanches, estudos. Primeiramente aulas de artes, linguagens, matemática, entre outras até seu tempo livre, onde podiam brincar entre si por uma hora. Naquele momento, o ponteiro do relógio marcava as 11:00 da manhã. E os garotos brincavam e se divertiam, no tempo em que eles podiam esquecer os problemas que mesmo ainda sendo muito jovens, tinham ligados a si. Um garoto estava sentado e distante de todos, ele não queria estar ali, mas afinal, o que adiantaria ele querer alguma coisa? Ele apenas deveria fazer o que lhe dissessem. Dylan, em sua teimosia, falava com Levi:

- Levi, lembra do garoto que eu te falei quando estávamos comendo de manhã?

ele recebia a concordância de Levi.

- Espere aqui. Eu vou até ele.

afirmava Dylan, que se aproximando do garoto, já se apresentava, daquele seu jeito, um jeito extrovertido e direto:

- Olha, eu realmente entendo, nenhum de nós tem um pai ou uma mãe. Eu notei você desde que chegou, ficar assim não vai mudar nada. Então, que tal sermos amigos?

- Você diz que entende, mas não, você apenas acha que entende. Sinto muito, estou bem, sozinho.

O garoto se levantava e dizia adeus para Dylan, que, não conformado, o agarrava rapidamente pelo braço, tendo a reação do garoto que gritava instantaneamente:

- NÃO ME TOQUE!!!

aquele momento passou pela cabeça de Dylan como se estivesse em câmera lenta, ele teve tempo suficiente para ver a marca que seu braço possuía por debaixo das mangas, e a cicatriz que tentava esconder. Enquanto todos ali presentes voltavam seus olhares para Dylan e o garoto, aquele menino ia embora agora nervoso, sentindo que sua privacidade foi invadida. Ignorando os olhares dos outros meninos e meninas, Dylan apenas olhava para o garoto que saía dali com raiva, mas Dylan tentava compreender, pois talvez, ele pudesse entender o que acontecia não só com aquele garoto. Mas entender o que se passava naquele orfanato...

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Comments

Kacey

Kacey

Shinzo wo Sasageyo!
Não teve como, lembrei do baixinho marrento.

2024-01-22

1

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