As ervas perdem seu aroma

"Com o passar da noite, a manhã modesta chegava. Naquele dia, de forma neblinada, o frio começava a ser sentido naquele lugar, um frio de gelar os ossos e a pele. Ele não era a única coisa que estava naquele local. Encostado em uma árvore onde adormeceu na última noite, o jovem loiro olhava fixamente para a trilha. Olhando através das árvores onde se encontrava, ele via claramente a figura de três homens a cavalo, que galopavam de forma que os galopes eram ouvidos a uma boa distância. Eles se aproximavam do pequeno relevo de terra, aquela pequena colina mal formada, onde, descendo de seus cavalos, subiam, querendo entrar na cabana que logo acima da colina estava.

Ao chegar na entrada, com murros, surravam a porta e esperavam. Sem resposta. Olhando pelo lado de dentro, podíamos ver uma jovem mulher que, sentada ao lado de sua querida avó, segurava suas mãos. Cabisbaixa, apenas olhava para sua avó, com uma pequena lágrima que escorria de seu rosto, e medo daquilo que não podia evitar. A porta não suportou por muito tempo, até ser derrubada por aqueles homens, onde entravam em uma pressa enorme, e iam direto para os fundos daquela casa. A mulher que os tentava impedir era imobilizada.

-Que tal se comportar, mocinha?

dizia um dos homens que segurava seu braço.

ao chegar lá, viam um pequeno quarto, era mais para uma reserva de flores e plantas, dentre elas a planta usada no tratamento de sua avó. Enquanto a garota estava desesperada, pois não conseguiu proteger ou esconder aquelas coisas, se esperneava, e gritava para que não fizessem aquilo. Não sendo ouvida, tudo era arrancado, jogado do lado de fora e queimado. Para eles, todas aquelas plantas eram na verdade algum tipo de veneno prestes a ser produzido. A garota enraivecida começava apenas a chorar, visto que implorando não teve muito sucesso. O homem que a soltava apenas dizia:

-Creio eu que agora você não vai mais querer problemas, não é, belezinha?! Nós representamos aquele povo que, mesmo distante daqui, não tolera esse tipo de feitiçaria. Espero que não tenhamos que voltar até aqui, você sabe muito bem que a punição da população é bem pior que isso.

Era o que eles falavam, enganados. Na mente dela, a punição popular não era pior que aquilo, pois dentre as plantas medicinais que eles haviam queimado, dentre as mais difíceis que ela conseguiu para cultivar, a planta usada no tratamento de sua avó não existia mais, e ela infelizmente não teria tempo suficiente para recuperá-la. Vendo a mulher caída no chão, olhando fixamente para a porta com lágrimas e raiva transmitidos direto de seu olhar, via as silhuetas dos três homens já se direcionando à saída, tendo concluído um ato de extrema imbecilidade e apatia humana, vindo de homens cegos. Eles desciam daquele lugar, conforme pegavam seus cavalos, eles galopavam novamente para fora dali, sumindo de vista, da vista daquele homem, que os observava, e que naquele momento, se levantava, e andando calmamente, saia de dentro daquele monte de árvores. Começava a ir pela trilha, pelo mesmo caminho que os homens galopavam. Até que ele também sumia de nossa vista, por aquela trilha verde e cheia de pedras em seus pisos irregulares.

Enquanto uma jovem chorando, segurava as mãos de sua avó, que era tudo o que restava para ela. A cena que carregada de emoção, vinda da neta que chorava por sua avó, era trocada pela imagem de galopes e mais galopes, que com o tempo chegavam em seu destino. Enquanto ainda lá atrás, o domador seguia seu caminho. A cena se escurecendo conforme o caminhar do domador, tornando-se negra, até não ser mais visível. Introduzindo juntamente com o escurecer lento da cena, um breve timeskip, onde com nossa noção do cenário retornando após isso, exibia uma garota que há quase seis dias chorava muito, de forma a engasgar com seus gritos escandalosos e lágrimas que não paravam de cair, aquelas lágrimas podiam ser traduzidas por uma palavra, 'Ódio'. Ódio e tristeza profunda, as emoções que ela sentia, já sabendo que sua avó não duraria muitos dias, ela fazia companhia para aquela que cuidou muito bem dela quando ela ainda não era capaz de sua própria autonomia. Chorando, mas não chorando sozinha. Pois no meio de uma trilha distante dali, um homem caminhava de forma tão lenta e calma que alongava sua rota, rota essa que deveria ter terminado há dias. Olhava para o lado, mais especificamente para seu ombro, tendo a visão de seu corvo, que tinha em seu olho, uma lágrima. Apenas para dizer:

"Então, está feito."

Mantendo seus passos brandos e sem pressa, que ao entrar em contato com as pequenas pedrinhas no meio daquela trilha, reproduziam o pequeno barulho de quando você pisa na areia, o som das pequenas pedras sendo amassadas, enquanto ele chegava cada vez mais perto de seu destino, novamente, aquela mesma cidade, aquela mesma praça, por ser o ponto que ligava a maior parte daquela cidade, o corvo em seu ombro começava a ficar agitado, movia a cabeça para os lados em resposta de curiosidade, enquanto o domador ali se assentava, esperando por algumas horas. Horas que viamos passar, com ele se mantendo no mesmo lugar, esperando pacientemente, até que a tarde já proporcionava um calor bem grande, ao mesmo tempo que 3 colegas de trabalho passavam a cavalo por ali. o que faziam?! Transporte de algumas mercadorias. já em seu tempo livre o que faziam era aparentemente cuidar da vida alheia e se intrometer na mesma. Assim como aqueles mesmos 3 fizeram com a jovem curandeira dias atrás, conforme corriam com seus cavalos, eles passavam na frente do domador assentado naquela praça, indo na mesma direção que o vento soprava, fazendo seus longos cabelos loiros balançarem conforme a brisa, ele permanecia ali sentado, com um olhar fixo, um olhar de quem tem conhecimento do destino daqueles homens.

Os cavalos corriam, eles aumentavam sua velocidade, eles saiam daquela zona urbana, de volta a trilha, uma trilha de 3 caminhos, o caminho esquerdo que os levaria até a casa da jovem curandeira, o caminho central, que os levaria ao destino desejado em outra cidade, e o último que apenas dava em uma fábrica de tecidos.

Seguindo pelo caminho central aqueles homens continuavam sua corrida:

-Vamos nessa! Sem moleza chegaremos lá rapidamente e vamos pegar aquela graninha que vocês já conhecem bem.

Sem saber eles o que lhes aguardava, já bem distante daquela cidade, passando por uma área bem florestal, porém neblinada, eles começavam a ouvir grunhidos nas árvores:

-Você ouviu isso? Os passarinhos estão bem agitados. dizia um dos homens, que estava do lado esquerdo dos 3, mais próximo da beirada daquela trilha.

Sendo respondido pelo mais notável dos 3:

-Deixa disso. São só as corujas, nunca viu uma?

-Corujas?! Já sim, mas não com esse barulho.

Enquanto continuavam, grunhidos baixos começavam a se tornar altos, grasnidos. Começando a se sentir intimidados, o homem que tomava a frente dos dois, franzia suas sobrancelhas em expressão de confusão. Ao mesmo tempo que ao olhar para o lado, um corvo em voo, os acompanhava, bem ao lado daqueles homens, ele tentava espantar o corvo, que se distanciava um pouco, porém não ia embora, ao invés disso, mais um corvo aparecia do outro lado daqueles homens, e mais corvos vinham, eles os seguiam, eles estavam sendo cercados, seguidos, e intimidados, por vários corvos, que em sincronia os perseguiam:

- Que porcaria é essa???

dizia aquele mesmo homem que parecia ser o com mais presença do que aqueles dois, agora começando a sentir uma pequena, mas que aos poucos ia subindo, sensação de medo e insegurança.

Conforme os corvos agora, ainda em sincronia, como se fizessem um teatro na frente daqueles homens, finalmente se espalhavam, eles iam na direção dos homens, começavam um inesperado ataque eles os bicavam, eles os atacavam, os atacavam com suas garras, os homens não conseguiam guiar seus cavalos em meio aquele redemoinho de corvos os rodeando. O cavalo do homem que ao lado esquerdo estava, acabava de tropeçar, jogando o homem para rolar no chão, somente para cair por aquela beirada, ele caia de uma montanha enquanto se chocava com as pedras do caminho, aquele homem não sobreviveria, enquanto em um ato de total desespero, os outros dois também caiam de seus cavalos, o homem que era o mais representável e falastrão dos 3, caído ao lado de seu amigo, após aquela queda, vagarosamente levantava a cabeça um pouco, somente para ver a silhueta e a sombra de alguém se aproximando, que ao chegar mais perto, ele podia ver apenas suas botas negras. Sendo aquela, sua última visão em vida.

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