As duas faces da "justiça"

Um garoto, aparentando estar à procura de alguém, aquele menino se aproximava cada vez mais. O homem, vendo a criança desnorteada, comentava enquanto o garoto do seu lado passava:

- Está perdido, rapaz?

Com um olhar espantado, o jovenzinho respondia:

- Eu... eu não consigo encontrar minha mãe. Me perdi dela no meio daquelas lojas.

- Por que você veio até essa rua? Deveria ter ficado no mesmo lugar, à espera que ela te encontrasse.

indagava aquele homem.

O jovem continuou por um tempo sua explicação, sobre como em uma tentativa de encontrar sua mãe, ele havia chegado a uma rua de onde não sabia mais voltar.

O homem, se levantando, acalmava o garoto, oferecendo também uma mão em auxílio do menino ali perdido.

Segurando a mão do homem, o garoto o seguia, um pouco desconfiado, mas sem outras opções. Simplesmente desnorteado. Até que eles saíam de nosso campo de visão, já tendo virado por aquela rua. No momento em que a cena era trocada, um homem era visto de costas, como se admirasse com um olhar bem observador a paisagem, ele olhava diretamente para a praça daquele lugar, uma praça bem movimentada por sinal. Crianças passavam de tempos em tempos, mulheres que carregavam seus bebês, mercantes, trabalhadores, todos passavam por aquela praça que ligava a maior parte dos caminhos naquele centro comercial. Ele apenas falava calmamente e baixo, como um susurro, que se direcionava para o pássaro negro em seu ombro:

- Sinto que será aqui, onde tudo irá começar, meu amigo, e também aqui, onde tudo vai terminar.

Não esclarecendo o que estaria prestes a começar, nem sequer o que iria terminar.

Quando a cena retornava à figura do homem que guiava o garoto, eles caminhavam, se aproximando do centro comercial, onde estava também o restaurante de onde aquele homem fora expulso tantas vezes. Eles caminhavam mais um pouco, e ao fundo, os cenários alternavam entre os mais variados estabelecimentos: uma tenda de doces chineses, uma tenda de cartomantes, entre muitas outras.

Conforme andavam, chegando mais próximo daquela praça, o garoto se lembrava de que aquele caminho já havia sido feito por ele. O homem, que tinha conhecimento do movimento bem alto daquele lugar, pegava na mão do garoto, o alertando para não se perder dele em hipótese alguma. Eles estavam quase próximos de uma loja de roupas, quando um grito não esperado podia ser ouvido:

- Sequestrador! Encontramos o garoto, é exatamente como a mãe disse.

Enquanto alguns homens, alarmados, iam na direção do homem e o começavam a puxá-lo pela camisa, o indagando sobre aquela acusação.

O garoto tentava explicar o ocorrido, em meio a homens agitados e cheios de ódio. Ele não tinha a chance de pará-los, pois eles iam fazer aquilo que em suas cabeças, se chamava justiça, mas no fundo era só um mal entendido, uma justiça cega com as próprias mãos. O homem começava a ser castigado pelos homens que chegavam, crescendo gradualmente em número. Os desavisados que chegavam acreditavam cegamente estar acontecendo uma justiça bem feita naquele local e logo se juntavam para bater naquele homem. Sete homens agrediam o pobre e não reconhecido cavalheiro. O garoto, que via tudo, se encostava em uma parede próxima de onde ele estava, começando a chorar, sem saber o que fazer e confuso.

O homem, que pedia desculpas por algo que não cometeu, era surrado de forma terrível e forçado a pedir perdão pelo seu erro não cometido.

- Então você gosta de crianças, não é mesmo?! - dizia um dos caras que chutava a face daquele simples morador de rua, que já tinha perdido tudo o que podia perder. Agora ele estava prestes a ter retirado de si mais uma coisa, algo do qual ele não poderia recuperar:

- Esse homem é aquele bêbado que vive sendo jogado para fora daquele restaurante. Eu já sabia a escória que esse lixo pertencia. - Com tom de ódio cego, aquele homem alimentava sua auto proclamada justiça, enquanto feria um homem inocente que pedia por socorro.

Em meio às barbaridades humanas vistas naquele local, uma multidão, reunida em volta de tudo aquilo, assistia os sete homens fazendo "justiça" por eles. Enquanto no meio daquela multidão, uma figura familiar não passava despercebida. O domador, ao ver toda aquela cena, conversava em tom baixo, quase inaudível, com seu corvo:

- Você também percebe, não percebe?! Qual a diferença entre eles e os animais em seus estados mais selvagens? Lobos cercam um cordeiro até que ele não tenha chance de escapar. Aqueles sete homens são os lobos. O pobre homem a ser caçado não é nada mais que um cordeiro para eles, e agora esses lobos alimentarão sua fome cega por "justiça".

Enquanto era possível ver aqueles homens gritando em tom alto:

- Menos um desses no mundo!

A multidão, que de certa forma estava satisfeita pelo ato que lhes parecia o certo, se dissipava aos poucos, pessoas saindo aos poucos e indo embora, até que só restava em cena um homem, que não se importava com as pessoas que ao seu lado passavam, ele as ignorava e observava tudo, com um corvo em seus ombros, um corvo que agora chorava.

Ao mesmo tempo, ao fundo era ouvida a voz preocupada de uma mulher dizendo:

- Yì Jiān, meu filho, você está bem?

Enquanto aquela mulher tentava acalmar e entender as palavras da criança que a abraçava, chorando, aquela criança era seu filho...

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