Capítulo 16

Liz

Bernardo

Liz

Bella me fez vir para o baile do chefe dela, não estava nem um pouco afim, mas não consigo negar nada para ela.

Eu decidi ficar conversando com Bernardo, que para minha grande surpresa é um homem muito interessante, mas dessa vez farei as coisas diferentes, não irei tr*nsar com ele logo de cara, apesar de estar com muita vontade, porque ele é gostoso demais, mas quero conhecê-lo melhor.

— Então você mora em Milão?

— Sim.

— Quando volta?

— No começo do mês que vem.

— Mas já?

— Estou aqui desde o começo do mês, desde o dia que você esbarrou em mim. —ele sorrir. — Ficou um roxo do tombo sabia?

— Eu sinto muito, não era minha intenção.

— Aonde estava indo com tanta pressa?

— Estava indo esperar minha mãe, fazia alguns dias que não a via, estava apressado.

— Sua mãe está aqui?

— Estava, já foi com meu pai, eles não gostam muito da agitação da cidade grande, mas vão ficar até o final do mês e depois nós voltamos.

— E você mora com eles?

— Sim, cuido das fazendas do meu pai, sou engenheiro agrônomo.

— Nossa! E seu irmão trabalha com tecnologia, totalmente oposto.

— Sim, ele sempre gostou dessa área, meu pai queria que ele assumisse tudo, mas ele nunca quis.

— Você gosta da sua área?

— Sim, muito, além de ser bom para o meu pai óbvio, mas eu gosto muito do que faço, eu amo o campo, o ar puro, não gosto da cidade grande, amo viver no interior.

— Já eu gosto muito da cidade, minha gêmea é o oposto de mim, ela ama morar na sua cidade.

— Lá é muito bom, meu irmão prefere morar lá, pois é mais tranquilo, ele não gosta muito de se expor.

— Igual minha irmã Raquel e o marido, mas eles moram aqui mesmo.

— Mas lá é muito bom, se quiser posso te levar para conhecer a fazenda.

— Mas você só volta depois do réveillon e eu também vou voltar depois do réveillon para Milão.

— Podemos ir agora se você quiser.

— Quando tempo demora pra chegar lá?

— Umas três horas.

— Não! Está muito tarde, não vamos pegar a estrada uma hora dessas e também eu mal te conheço, não sou tão doida a esse ponto.

— Eu sou de confiança, não vou te fazer mal algum, bom, pode ser que eu esbarre em você e você caia, mas não vai passar disso. —ele diz e nós sorrimos.

— Encontrou outro bem rápido não é sua safada! —ouço a voz conhecida e preferia não ter ouvido. — O senhor acha que está com uma moça direita, mas essa aí não passa de uma qualquer que vai com qualquer um! —Lucas diz e Bernardo me olha e depois olha para ele.

— Você o conhece? —Berbardo pergunta para mim e Lucas não me deixa responder e fala antes de mim.

— Conhece sim! Eu fui o único que quis levá-la a sério, mas ela não quer nada com ninguém, ela gosta de viver com um e com outro, se é que o senhor me entende.

— Vai pro inferno Lucas! Isso tudo porque eu não quis mais ficar com você?

— Não! Eu quem não quero mais ficar com alguém fácil como você, só estou dizendo a verdade para ele, para ele não se iludir, porque você não é alguém que se leve a sério e eu conheço a família dele e são pessoas corretas.

— E desde quando ficar com quem quiser é ser incorreto?! Me poupe Lucas!

— Chega cara, deixa ela em paz! É melhor sair daqui ou vou chamar a segurança.

— Já tá defendendo ela? Já deu pra ele não é sua safada?

— Cara não é assim que se trata uma mulher! E se ela tiver dado, como você diz, isso não é problema seu, é problema dela.

— Você é só mais um otário que ela vai iludir.

— Que seja, isso não lhe diz respeito, agora saia daqui!

— Quero ver quando ela te der um chute na b*nda pra ficar com outro.

— Com licença, não preciso ficar ouvindo essas coisas, você faz o favor de nunca mais me procurar Lucas! Eu odeio você.

— E quanto a mim? —Bernardo pergunta.

— Ouviu o que ele falou não é? —pergunto. — É tudo verdade, então é melhor nós ficarmos na amizade.

Digo isso com dor no coração, pois vejo nele alguém sério e bem centrado, não vou dizer que foi amor à primeira vista, mas eu gostei muito de conhecê-lo e talvez ele seria alguém que fosse me levar a sério sem querer me impor suas vontades como o Lucas fazia.

Ainda gosto do Lucas, não vou negar, não se esquece alguém assim da noite para o dia, mas Bernardo Adams é alguém que me faria esquecê-lo de vez.

Saio sem olhar para trás e algumas lágrimas escorrem pelo meu rosto.

Lucas sempre consegue estragar tudo, sempre consegue fazer eu me sentir um lixo e ainda sim eu tenho sentimentos por ele.

Pego meu celular para chamar um táxi, não vou incomodar Raquel e Caio, nem muito menos a Bella, espero que ela se acerte com o Raul.

— Ei! Eu disse pra sua irmã que ia te levar pra casa, e eu vou!

— Eu vou de táxi.

— Uma hora dessas? Não acho seguro, vem eu te levo.

— Ouviu o que ele falou não é? Eu sou fácil, fico com todo mundo, não sou uma pessoa para namorar.

— Mas você namorou com ele, foi infiel a ele alguma vez?

— Não! Nenhuma vez.

— Então me diz como você não é uma pessoa pra namorar? Em um relacionamento para mim o principal é a fidelidade e depois a confiança, então loirinha eu acho que você é sim pra namorar, agora se esse otário colocou isso na sua cabeça eu não sei o que fazer para tirar, mas eu posso tentar te convencer do contrário. —não respondo nada, só consigo chorar. — Eu sou bem sincero e não gosto de fazer rodeios, desde o dia em que eu te vi no aeroporto não parei de pensar em você, só que eu não tinha como descobrir quem era você, pois nem seu nome você me disse, quando vi sua irmã hoje fiquei tão empolgado que não faz ideia do quanto, mas no momento em que ela disse que não lembrava de mim me senti tão mal, porque eu passei todos esse dias pensando em você e se algum dia eu iria te ver de novo, e quando vi que vocês são gêmeas fiquei muito feliz, agora meu bem a escolha é sua, se quiser me dar uma chance de te conhecer melhor eu estou disposto.

— Eu não sei se isso vai dar certo, tenho um longo passado e também moramos em países diferentes.

— Os aviões estão aí para isso, posso ir te ver, claro, se você quiser e você também pode vir me ver.

— E sua família? Pelo que pude perceber são bem tradicionais.

— E são, acredite ou não o casamento do Christopher foi arranjado e queriam arranjar um pra mim também, mas eu falei que não iria me casar dessa forma, até que a moça era bonita, mas eu não gostava dela. —ele diz e eu arregalo os olhos, não sabia que ainda se fazia isso em pelo século XXI.

— Nossa! Que coisa mais ultrapassada, mas seu irmão parece gostar muito dela.

— Ele não gosta, ele ama aquela mulher.

— Pelo menos o casamento deu certo.

— Sim, por sorte os dois se apaixonaram.

— E quem te garante que você não iria se apaixonar pela sua noiva arranjada?

— Eu garanto! Não fico com ninguém se não rolar sentimentos, deixa eu te dizer uma coisa, eu só tive uma namorada na vida. —fico surpresa com isso. — Namoramos dos dezesseis até os vinte e dois.

— E porque terminaram?

— Vamos para algum lugar mais reservado e eu te conto toda a história.

— Eu estou ficando na casa da minha irmã.

— E eu na do meu irmão, vamos para um hotel? —estreito os olhos para ele. — Para conversar, prometo que não tento nada, só se você quiser também.

— Ok, vamos.

Vamos até o estacionamento e ele abre a porta do carro para mim, um completo cavalheiro.

Ele para em frente a um hotel de luxo, que fica próximo ao salão de festas, esse é um dos bairros mais caros da cidade.

Ele pede uma suíte cara, não precisava de tanto, já que só vamos conversar.

— Quer beber alguma coisa? —ele pergunta quando já estamos na suíte.

— Pode ser um vinho. —digo.

— Ok. —ele pede o vinho e depois começa a tirar a gravata borboleta e depois o paletó.

Ele abre os primeiros botões da camisa social branca e dobra as mangas até o antebraço, é inevitável não olhar para ele.

— Se quiser pode ficar mais a vontade também. —ele diz.

Só se eu for ficar de calcinha, porque sutiã não estou usando.

— Estou bem assim, só vou tirar o sapato.

— Quer minha camisa? Esse vestido parece ser apertado. —na verdade é mesmo.

— Não, estou bem assim. —digo tirando o sapato.

Nunca fui tímida, mas estar perto dele de alguma forma inexplicável me deixa assim.

— Ok. —ele diz e logo batem na porta, é o serviço de quarto com nosso vinho.

Subo na cama, estico as pernas e encosto minhas costas na cabeceira da cama.

Ele serve duas taças de vinho e me entrega uma e sobe na cama e senta ao meu lado.

— E a história? —pergunto.

— Então, ela e estudamos juntos a vida inteira, sempre fomos amigos e eu sempre gostei dela, mas ela tinha todo esse lance de não querer estragar a amizade.

— Já vi essa história em outro lugar. —digo lembrando da Bella e do Raul.

— Com você?

— Não, pode continuar.

— Então, aí quando fizemos dezesseis finalmente ficamos juntos, mas sem nossos pais saber, pois acredite ou não, ela já estava prometida a outro e eu a outra, mas nós não queríamos isso para nossa vida, nós mantivemos esse relacionamento escondido até ela finalmente fazer dezoito anos e o pai dela determinar que ela teria que casar com o prometido dela, aí assumimos nosso relacionamento e nossos pais aceitaram, mas com o tempo nossa relação voltou a ser somente uma amizade e ela conheceu outra pessoa, no caso o prometido dela e os dois hoje estão noivos.

— Nossa!

— E depois dela eu não fiquei com mais ninguém.

— Tipo namorar não é? Mas se envolveu com outras pessoas?

— Não, como eu disse, não me envolvo com ninguém se não rolar sentimentos, eu sei que sou homem, mas isso não dar para mim.

— Está há três anos sem fazer s*xo? —pergunto surpresa.

— Sim, e só fiz s*xo com minha ex.

— Nossa!

— Eu sei que dizem que todos os homens são iguais, mas eu não sou assim, eu não gosto de fazer s*xo com qualquer pessoa. —olho para ele incrédula.

É raro encontrar alguém assim hoje em dia, bom tem minha irmã, mas ela é uma peça rara, só que um homem pensar assim é difícil.

— Diga alguma coisa! —ele pede.

— Eu não sei nem o que dizer.

— Me acha um otário não é?

— Não! Ao contrário disso.

— O que seria o contrário então?

— Bom, eu acho isso incrível, estamos vivendo em um mundo onde as pessoas são tão vazias, que encontrar alguém com esse pensamento é inacreditável.

— E isso é bom?

— Sim, muito bom, e isso me deixa com mais certeza ainda de que eu sou a pessoa certa pra você.

— Pois eu digo que é sim, se não fosse eu não estaria aqui com você, como falei agora pouco, não me envolvo com ninguém se não rolar sentimentos.

— Mas você ouviu o que o Lucas falou não é?

— Sim, e isso não me importa, pouco me importa com quantos você já ficou.

— Se sua família souber não irão me aceitar.

— Meu pai mudou, ele já não interfere em nossas escolhas, então só basta você querer Liz.

— Nós mal nos conhecemos.

— E por isso mesmo que estou pedindo para te conhecer melhor.

— E a distância?

— Isso não é desculpa, minha família tem avião próprio, então viajar para mim não será problema.

— Doze horas de vôo.

— Não importa, aceita?

— Vamos com calma, tenho medo de não atender suas expectativas.

— Ah meu bem! Você atende sim, tenha certeza disso.

— Você é doido.

— Não acredita em amor à primeira vista?

— Nunca aconteceu comigo.

— Pois comigo sim, assim que te vi.

— Doido!

— Apaixonando por você, posso te beijar agora?

— Pode.

Ele me beija e nosso beijo se encaixa de uma forma que eu não sei explicar.

Talvez ele seja realmente o que eu preciso para finalmente ser feliz.

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