Cap VIII

Otacílio foge do local, mas, estava na cara que aquilo não ficaria assim....

A caminho do escritório de Sebastião,  Paulo tenta pegar algumas informações com Rubi.

Paulo: a senhora está melhor? Se quiser, podemos ir até a delegacia, meu filho é policial, policial dos bons! Ele encontra rapidinho  qualquer bandido...

Rubi: Não moço! Não quero ir a delegacia nenhuma, por favor, apenas me leve para o escritório do meu marido, ele saberá o que fazer!

O celular dela tocou dentro da bolsa, ao olhar quem ligava, era o número de Otacílio....

Paulo: seu esposo?

Rubi: Não! é apenas uma amiga, mas eu não quero atender ninguém!

Cai então uma mensagem de texto no celular.

- " Você tem até 3 dias para me dar o dinheiro que me deve, ou farei seu marido saber o que tem feito". Diz a mensagem.

Rubi está tremendo demais, bastante nervosa, Paulo liga o som do carro, e coloca um louvor bem baixinho....

Paulo: Isso vai ajudar a acalmar a senhora! Todos nós temos dias difíceis.... Mas tenha certeza que há um Deus no céu que zela por nós! E não nos deixa sofrer diante do mal, se não formos merecedores...

Rubi começa a chorar, mas não era de arrependimento, era de aflição, de como iria arranjar aquele dinheiro, sem que Sebastião soubesse... E aquele louvor, aquela pregação de Paulo, estava enlouquecendo Rubi.... Até que chegaram ao escritório...

Paulo: Pronto senhora! Está entregue!  Chegamos!

Ela desce do carro, e Paulo desce junto...

Rubi: Eu vou pedir para o meu esposo mandar um empregado deixar uma gratificação para o senhor....

Paulo: Não! Não precisa! Eu quero apenas entregar a senhora nas mãos do seu marido! Só vou embora depois de ter a certeza que a senhora está segura! E nem adianta dizer não!

Sem escolha, Rubi entra com Paulo no escritório de Sebastião, ela pede que a secretária chame o marido, Sebastião fica surpreso de saber que Rubi estava em seu escritório, afinal de contas até onde ele sabia a esposa tinha ido para um encontro com  um terapeuta... Apressado, ele vai ver o que houve com sua mulher.

Qual não foi a surpresa de Sebastião, ao perceber que sua esposa estava com aquele homem.... Aquele que era esposo de Sabrina, aquela mulher tão parecida com Estefânia..... Aquele que até o agrediu....

Quando Sebastião abre a porta e vai de encontro com Rubi, a esposa de Sebastião o abraça, ele então olha para Paulo e os dois reconhecem um ao outro.

Sebastião: Você?

Paulo: Peraí! Você?

Rubi: Amor, eu quase fui assaltada quando fui  ao terapeuta, desci do carro e até o abandonei lá no estacionamento, quando este homem, o Paulo... Ele me socorreu, entrei em pânico...  Amor! Manda alguém pegar o meu carro!

Sebastião: Rubi, entre na minha sala, descanse... Eu vou resolver isso para você....

Rubi: Amor, dê uma gratificação para o Paulo!  Ele foi tão gentil comigo! Nem sei o que seria de mim... Sem ele. Obrigada viu Paulo! Diz ela já entrando na sala do marido.

Sebastião e Paulo  ficam cara - a- cara...

Paulo: Então ... Quem diria! O maluco que aborda as mulheres no meio da rua.... é casado, deixa a esposa só por aí, tendo ataque de crises de ansiedade!

Sebastião: Olha cara, você não sabe nada!  Nada sobre minha vida e o que passei!  Estefânia e eu temos uma história!

Paulo: Não começa de novo cara! Isso está ficando chato!  Minha mulher se chama Sabrina, ela pode parecer com sua Estefânia, mas não é ela!

Sebastião: Paulo, você tem certeza?

Paulo percebe que Sebastião não era mau caráter, e que vivia uma angústia interior dentro de si...

Longe dali, na casa de Sara, Sabrina preparava as refeições, enquanto se lembrava da foto que Sandoval havia lhe mostrado de Estefânia...

- Não culpo aquele homem! A tal Estefânia, realmente é igual a mim!  Parece que eu estava me vendo em fotografia! Jesus ! Misericórdia!  Dizia ela sozinha....

Sara chega na cozinha, era algo que ela não tinha o hábito de fazer.

Sabrina: Senhorita!  Posso lhe ajudar em alguma coisa?

Sara: Bom... é que eu .....

Sabrina:  Sandoval já me falou.. Eu lembro de uma pessoa muito especial para você .... Não é isso?

Sara que sempre era meio dura com as pessoas, marrenta... Parecia meio confusa agora....

Sara: Desculpa... Mas é que eu não tenho lembranças da minha mãe, ela faleceu quando eu tinha   3 anos, é.... As lembranças que eu possuo dela são apenas das fotos ...

Sabrina sente compaixão por ela, desliga o fogo da comida que acabava de aprontar...

Sabrina: Tudo bem meu amor... Vai ficar tudo bem... Eu entendo o que você sente....

Sara tem uma vaga lembrança, de cair da bicicleta, uma lembrança adormecida, em que sua mãe a pegava no braço, e dizia estas mesmas palavras...." Tudo bem meu amor.... Vai ficar tudo bem.. Você é forte..."

Sabrina percebe Sara parada, pensativa...

Sabrina: Tudo bem senhorita?

Sara: Sim... Sim... Tudo bem... Olha, desculpa pela minha grosseria hoje cedo com você!  Eu geralmente não costumo ser tão gentil, ou agradável com as palavras... Mas não é que eu seja ... Má pessoa ou coisa assim... Enfim!

Sabrina: Eu entendo, não se preocupe! Esse é apenas o seu jeito de ser! Não são as palavras que definem necessariamente quem somos, e sim o que há dentro de nós!  Eu vejo bondade e muito amor em seus olhos!

Sara sorri....

Sabrina : É verdade, patroa!

Sara: Obrigada!  Você é uma das poucas pessoas que conseguem ver isso nos meus olhos...  Olha, foi um prazer conversar com você... Acho que virei a cozinha mais vezes...

Sabrina: Fico feliz!

Sara volta para o escritório pensativa, estava surpresa, era a primeira vez que conseguia se conectar assim com alguém, e pedir desculpas assim tão fácil.

Sabrina estava sozinha na cozinha, ela sente uma leve tontura.... E uma memória avulsa, de uma menininha travessa correndo pela casa lhe vem na cabeça.... Mas coisa rápida....

Sabrina: O que foi isso? Será que faz parte de minhas memórias perdidas? Dos anos que não consigo me lembrar? Da parte da minha vida que ficou perdida desde o dia que Paulo me encontrou naquela praia ferida?

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