Capítulo 6

Três horas da manhã, e eu estou no jatinho particular do meu chefe. Isso mesmo, nunca pensei que a véspera do natal seria tão animada.

Eu mandei mensagem para os meus pais, me despedi das meninas que, aliás, dormiram comigo no meu apartamento, e estão super felizes pela minha nova posição no trabalho.

Eu não estou vestida muito bem, na verdade eu estou usando uma roupa com a qual eu fiz de pijama, acho confortável, e com o frio que está fazendo, não cai bem dormir de shortinho.

- pode deitar se quiser, ainda temos longas horas de vôo - olho para ele que até agora não havia me dirigido nenhuma palavra desda hora que entramos nesse jatinho.

- não precisa, eu estou bem aqui - me ajeito na poltrona tentando achar um jeito confortável de ficar mas está meio impossível.

- tem uma cama atrás de você, e acredite, ela é bem mais confortável do que essa poltrona - ele levanta da sua poltrona e estende sua mão para mim.

- tudo bem, já que insiste tanto - dou de ombros e aceito sua mão levantando da poltrona.

- pode ligar a tv - ele me leve até a cama e sorri de lado parecendo pensar em algo - vamos chegar em Paris lá para as nove e meia da manhã, vai ser bom que descanse um pouco, vamos ter muito trabalho quando chegarmos lá.

- eu realmente estou muito cansada - tiro meus chinelos e deito na cama puxando o lençol super quente e confortável para me esquentar.

Affs! Parece que é a melhor cama que já deitei em toda minha vida!

Além de nós dois, tem mais quatro pessoas no avião, e eu acredito que sejam os seguranças dele.

Eles estão um pouco mais afastados de nós.

- é tão estranho tudo isso, sabe? - olho para ele - era para eu estar casada, arrumando a minha casa para o natal, planejando toda a ceia com a minha família, com a minha irmã - sorrio de lado tentando amenizar a minha cara de sofrimento - às vezes tento ser forte, mas é muito difícil - sento na cama ainda enrolada ao lençol - por mais que eu não ame o Lucas, e por mais que eu tente não me importar, a traição da Melanie ainda dói muito - deixo uma lágrima cair pelo meu rosto - eu sinto que a minha vida está fora dos trilhos.

É doloroso falar disso, ainda é tudo tão recente, mas por mais que eu tente, esse assunto ainda volta como pedras em cima de mim.

- se não o ama mais, por quê ainda se importa tanto?

- não é questão de amar ou não, mas eu conheço o Lucas há muitos anos, e eu nunca nem se quer duvidei ou desconfiei de alguma coisa - enxugo minhas lágrimas - e a verdade é que eu quero que o Lucas vá para o inferno! Eu dediquei anos da minha vida em um relacionamento que não valeu nada para ele, eu sempre admirei a minha irmã, e do nada, eu vi que a pessoa a qual eu sempre admirei e amei, na verdade me odeia e acha que eu roubei a vida dela - ainda mão acredito que Melanie nutri todos esses sentimentos ruins ao meu respeito, e eu sei, que no fundo tudo isso não passa de inveja.

Inveja de que? Da felicidade que eu estava sentindo? Da minha vida que não é lá essas coisas?

- essas pessoas não merecem as suas lágrimas - ele se aproxima e senta ao meu lado - você é uma mulher muito bonita, e pelo pouco que eu ouvir falar de você, com toda certeza tem um coração lindo! - ele segura minha mão causando arrepios em minha pele - tenho certeza que vai achar alguém que te mereça e que te dê o mundo apenas para te ver feliz.

- não é que eu esteja desesperada por alguém, mas tomara que essa pessoa apareça logo - sim, é o meu sonho ter uma família, filhos, alguém que me ame de verdade. Uma pessoa que esteja ao meu lado em todos os momentos e faça tudo por mim, será que é pedir demais?

- quer comer alguma coisa?

- não, eu só vou descansar um pouquinho - solto a mão dele que, aliás, já faz alguns minutos que estava colada na minha, e para falar a verdade, seu toque me causa arrepios.

Sim, parece que uma corrente elétrica está passando pelo meu corpo.

O que será isso? Nunca senti algo assim, nem mesmo com o Lucas.

Droga! Será que estou me apaixonando por ele? Mas como pode em tão pouco tempo isso acontecer?

Ele tem sido tão gentil e amável comigo, e talvez a minha vulnerabilidade tenha ajudado nisso.

- eu vou deixar você descansar um pouco - ele levanta da cama e senta em uma das poltronas.

Eu volto a deitar na cama e fecho meus olhos.

Eu realmente estou cansada e preciso colocar a minha mente em ordem.

Não acredito que estou viajando para Paris, eu nunca saí de Nova York, e mesmo que seja a trabalho, eu estou indo conhecer a cidade Francesa.

(...)

Acabamos de chegar no hotel em que vamos ficar, eu reservei dois quartos separados, mas a recepcionista não está conseguindo encontrar a outra reserva.

- moça, por favor, a senhora pode procurar novamente?

- eu já procurei senhorita, deve ter havido algum erro no sistema - ela me olha com calma e eu suspiro pesado - foram muitas reservas feitas, é véspera de natal e a cidade está um verdadeiro caos - ela me devolve minha carteira de indentidade - todos os quartos estão reservados, mas se quiser eu posso recomendar um ótimos hotel.

- não precisa, vamos ficar no mesmo quarto.

- senhor Williams, eu não quero incomodar, eu posso ir para algum hotel perto daqui - tudo que eu queria agora era um bom banho quente e um café da manhã bem reforçado.

- nada disso, você é minha acompanhante e ficará no mesmo hotel que eu - ele se aproxima do balcão - eu acho que farei uma reclamação ao gerente, um hotel tão bem falando como esse está cometendo uma grande falha, e isso é uma falta de respeito com os seus clientes - ele olha sério para a moça sentada ao outro lado do balcão.

- senhor...

- eu quero o reembolso do meu dinheiro, paguei três dias adiantado justamente para evitar problemas.

- não se preocupe, faremos o reembolso agora mesmo - ela engole em seco e entrega as notas de dinheiro para o meu chefe - desculpe qualquer incômodo, e eu garanto que isso não vai mais se repetir.

- espero que realmente não aconteça, seria uma pena parar de frequentar esse lugar.

Ele sai na frente e eu o sigo com a minha mala sendo arrastada logo atrás de mim.

- não precisa se preocupar, eu não mordo senhorita Annie - ele fala logo depois de entrarmos no elevador - eu vou dormir no sofá e você fica no quanto, e o assunto está encerrado.

- senhor Williams.

- Tyler, nada de senhor Williams - ele olha para mim - você está cansada, e é justo que fique no quarto.

- não dormiu durante todo a viagem, ficou a noite toda sentado na poltrona.

- já estou acostumado, não é de costume eu deitar naquela cama durante as viagens - ele fica pensativo por alguns segundos - temos que nos apressar, o julgamento começa às uma da tarde, e eu tenho que chegar cedo.

- não se preocupe, eu vou ser rápido, prometo que antes do meio dia estarei pronta.

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