Capítulo 3

A gente veio durante todo o caminho em silêncio, na verdade foi um silêncio gostoso.

Acho que cada um estava inerte em seus mundos imaginários.

Acabamos de chegar em frente a casa dos meus pais, eu tomei a decisão de voltar para o meu apartamento ainda hoje, não vou abandonar as minhas coisas por causa do que aconteceu.

Eu irei tirar todos os pertences do Lucas e doarei a moradores de rua, sei que farão bom uso, e além de me livrar, irei fazer um bom ato ajudando algumas pessoas.

O carro da Melanie está parado à nossa frente, e para falar a verdade, ainda não me sinto pronta para encará-la.

- mora aqui?

- não, é a casa dos meus pais - olho para ele e suspiro pesado.

Não posso me esconder aqui para sempre, preciso sair e encarar a realidade por mais que seja dolorosa.

- muito obrigada pela carona, senhora Williams - estou me sentindo tão envergonhada.

além do episódio da empresa, ele ainda fez o favor de me dar uma carona e eu agora estou aqui, em seu carro sem querer sair por medo de encarar a minha irmã.

- me chama de Tyler - ela sorrir de lado e olha para o relógio no pulso - acho que ainda não sou tão velho assim.

- tudo bem - coloco minha bolsa em meu braço e fecho os olhos respirando fundo.

Não acredito que vou chorar aqui.

Encarar Melanie agora está fora de cogitação, ainda não me sinto pronta, e vai ser ainda pior encarar a sua barriga e saber que ali, cresce o bebê do homem que eu amava.

- você está bem? - sinto ele tocar meu braço com delicadeza.

- eu estou me sentindo uma boba - deixo as lágrimas caírem livremente - há poucos dias eu iria casar com o homem que eu julgava ser perfeito - não acredito que vou me abrir para um desconhecido, mas eu preciso desabafar - e no dia do nosso casamento, ele e a minha irmã revelaram a mim que dormiram juntos e agora ela está grávida dele - tento sorri para disfarçar um pouco da minha dor - eu o amava muito, senhor Williams, e já fazia alguns meses que eu vinha conversando com ele sobre termos um bebê, parece ser bobo, mas é o meu sonho ser mãe - enxugo minhas lágrimas - Lucas se negava, dizia que queria aproveitar o nosso casamento, nossa lua de mel e veja só, ele engravidou a minha irmã, a quem eu julgava ser perfeita, a minha heroína - olho para ele - ela está lá dentro e eu não me sinto pronta para encará-la, e talvez eu nunca esteja, não sei se vou conseguir perdoa-la por isso.

- eu sinto muito por isso - ele segura minha mão - eles não merecem as suas lágrimas, são dois traidores que não se importaram com você e muito menos com os seus sentimentos - ele enxuga minhas lágrimas - erga a sua cabeça, e por mais difícil que seja, mostre para eles que você é uma mulher forte e vai dar a volta por cima.

- eu não consigo ser essa mulher forte.

- mesmo que desabe no escuro sozinha, não deixe ninguém ver a sua fraqueza - ele se afasta de mim e se recosta no seu assento - quer que eu te leve para outro lugar?

- não, você já fez muito me trazendo aqui - tiro o sinto de segurança - eu vou ficar aqui fora esperando ela sair.

- se quiser eu entro com você.

- não, eles podem pensar alguma bobagem - saio do carro com ele atrás de mim - vi você olhando o relógio, deve ter algum compromisso e eu não quero te atrapalhar.

- não tenho compromisso algum, e além do mais, não está me atrapalhando em nada.

- por quê está fazendo tudo isso? A gente nem se conhece.

- olha, eu já passei por uma situação parecida - ele coloca as mãos no bolso da calça - eu tive uma namorada a alguns anos, ela engravidou, eu a pedi em casamento, e teve um dia que eu fui fazer uma surpresa, e pimba! Cheguei em seu local de trabalho e vi ela transando com seu colega, no final o filho não era meu e eu acabei terminei tudo.

- jura?

- não, eu só estava tentando te ajudar - ele sorri de lado e eu reviro os olhos.

- nossa, foi muito engraçado - saio andando em sua frente em direção a porta da casa.

Respiro fundo e abro a porta de casa.

Lucas, Melanie, Meus pais e Marcos estão sentados no sofá, todos em silêncio.

- boa noite - olho para os meus pais tentando entender que reunião é essa.

- Annie, a gente precisa conversar - Melanie levanta do sofá.

Ela parece nervosa, assim como todo mundo na sala.

- não temos nada que conversar - olho para os meus pais - eu só vim aqui me despedir de vocês, vou voltar para o meu apartamento.

- eu fico muito feliz por isso, querida - minha mãe vem até mim com um sorriso no rosto - sabe que estamos aqui para tudo o que precisar, não sabe?

- eu sei, mãe - deixo um beijo em seu rosto - esse é o meu novo chefe, ele me deu uma carona e eu o convidei para tomar um café - apresento o senhor Williams que cumprimenta e sorri para todos na sala.

- Annie, estamos aqui para tratar um assunto em família - Lucas levanta do sofá e se aproxima.

- desde quando você é da família? Ah, claro! Desde quando você engravidou a minha irmã, não é mesmo? - sou sarcástica - será que não cansam de serem sínicos? O que querem? Já não basta todo sofrimento que me fizeram passar?

- Annie...

- Já chega, Melanie! Você é uma vagabunda da pior espécie! E do fundo do meu coração, eu desejo o pior do mundo para vocês dois.

- não sabe o quanto está sendo difícil para mim toda essa situação, Annie - Melanie nega com a cabeça - estávamos bêbados, não foi uma coisa planejada como você pensa, só aconteceu e foi o pior erro que já cometi na minha vida!

- não me interessa como foi, isso não vai mudar em nada o que fizeram comigo - nego com a cabeça - mentiram para mim, esconderam a sacanagem que fizeram comigo, deixaram eu terminar os detalhes do casamento - por mais que eu tente parecer forte na frente deles, eu não consigo - deixaram eu me vestir de noiva para contar o que havia acontecido, e não tem justificativa no mundo que faça eu perdoar vocês dois.

- eu não amo a sua irmã, foi uma loucura o que fizemos - Lucas leva as mãos até a cabeça - eu não consigo dormir, não consigo trabalhar sem pensar em você, sem pensar em tudo que a gente perdeu por culpa minha.

- a gente decidiu interromper a gravidez - Melanie enxuga as lágrimas caídas em seu rosto - eu sei que será difícil me perdoar, não consegue nem me encarar direito - ela se aproxima um pouco mais - e talvez, se essa criança não existissem as coisas seriam diferentes.

- nada seria diferente, Melanie - eu não consigo acreditar nessas barbaridades que estou ouvindo - o bebê não tem culpa de nada, e mesmo que ele não existisse, a mágoa que eu sinto por vocês não seria diferente.

- Melanie, você está se ouvindo? - meu pai segura minha irmã pelo braço - está querendo matar o seu filho, é isso mesmo? - meus pais sempre foram rígidos sobre certas coisas, e o aborto para eles é uma coisa horrível.

- eu não amo essa criança, pai, não consigo amar - Melanie parece estar mesmo sofrendo, mas eu ainda acho pouco comparado ao que fizeram comigo.

- por que não?

- ela está me fazendo lembrar todos os dias o que eu fiz com a minha irmã, com a minha bonequinha.

Bonequinha, era assim que ela me chamava desde criança.

- eu não consigo amar essa criança, esse filho era para ser dela e não meu.

- essa gravidez é a consequência dos seus atos, Melanie, e você vai ter que arcar com ela.

- essa decisão não é de vocês - Lucas olha para os meus pais - se ela não interromper a gravidez, essa criança vai crescer sem pai por que eu não vou assumir.

- você é mais cafajeste do que eu pensava - Marcos levanta do sofá e pega Lucas pela gola da camisa - você vai assumir essa criança querendo ou não.

- eu não vou assumir, e ninguém pode me obrigar a fazer isso - ele tira Marcos de perto dele - se essa criança não existisse, Annie jamais saberia o que houve entre mim e Melanie - ele olha para mim - foi uma coisa boba, sem importância, e se não fosse por essa maldita gravidez, a gente estaria casados e na nossa viagem pela Itália.

- eu tenho nojo de vocês dois - tenho pena dessa criança, nem veio ao mundo e já está sendo odiada pelos próprios pais - eu preciso sair daqui, está me dando nojo ouvir vocês falarem.

- Annie, vamos esquecer tudo isso - Lucas me olha parecendo está desesperado - eu te amo, Annie, não consigo viver sem você.

- Lucas, vai embora - Meu pai segura ele pelo braço e o leva até a porta.

- eu não vou sair daqui sem ouvir ela primeiro - ele vem até mim e segura meu braço com certa força - me perdoa, por favor, eu te amo.

- me solta Lucas! Está me machucando.

- eu não vou desistir de você - ele me aperta com mais força.

- solta ela! - Tyler empurra ele para longe e fica na minha frente.

- quem é você, hein? Não deveria estar aqui, é um assunto de família.

- eu acho que é você quem não deveria estar aqui, não vê que é indesejádo nessa casa? - Tyler aumenta o tom de voz.

- senhor Williams, não vale a pena.

- você já causou estragos demais na minha família, pensávamos que tinha vindo aqui tratar sobre outros assuntos - meu pai volta a levá-lo até a porta - deixe minhas filhas em paz, e o meu neto não vai precisar de você.

- Annie, por favor...

- vai embora, Lucas, eu não quero te ver nunca mais.

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Comments

Euridice Neta

Euridice Neta

Fizeram a safadeza engravidam e agora querem tirar o bebê que nada tem a ver com a patifaria deles e ainda acham que Annie tem que perdoar a irmã fura olho e o noivo safado, mais é muita cara de pau!

2024-04-17

10

Maria Maura

Maria Maura

Annie não tem que perdoar nenhum dos dois, traíras se não tivesse a gravidez seguiriam traindo, uma vez traidor sempre traidor, ela foi punhalada duas vezes.Que os dois se ladquem

2024-04-27

0

Eliane🌻

Eliane🌻

Começando a ler😍🌻

2024-04-26

0

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