Sabe aquela sensação de recomeço que eu achei que sentiria ao voltar ao meu trabalho?
Eu não estou sentindo isso, parece que a minha vida parou naquele maldito dia!
Já são quase meio-dia, me ocupei com o trabalho e não pretendo sair daqui pelas últimas horas.
Julie e Sara foram buscar o nosso almoço, me chamaram para ir em um restaurante aqui perto, mas eu prefiro ficar aqui.
Acho que estou sozinha por aqui.
Quase todo mundo saiu para almoçar e eu estou aqui, com a cara em um monte de papel.
- pensei que não tinha ninguém para me atender aqui - levanto minha cabeça para encarar o dono da voz até então desconhecida por mim.
- estamos em horário de almoço, o que deseja?
Que homem bonito é esse?
Nunca vi por aqui antes, será que advogado? Ou veio atrás de um?
- quer ajuda ou vai esperar o pessoal voltar do almoço?
- eu vou esperar, posso sentar ali? - ele aponta para ao sofá ao canto da recepção e eu acento.
- claro que pode, quer uma água ou um café? - levanto da cadeira e ando até ele.
- não, eu estou bem aqui, pode voltar ao seu trabalho - ele senta no sofá e pega seu celular.
- qualquer coisa pode me pedir - volto a sentar no meu lugar e pigarreio tentando voltar minha atenção ao trabalho.
Pode ser impressão minha, mas eu estou sentindo seu olhar queimar sobre mim.
Bonito, sexy, atraente e uma voz extremamente rouca.
Seu perfume está exalando pelo ambiente.
- faz tempo que trabalha aqui?
- oi? - tiro meus óculos e olho para ele.
Sim, uso óculos no trabalho, minha visão é péssima para leitura, e eu sinto muita dor de cabeça se forçar a ler sem eles.
- trabalha aqui há muito tempo? - ele pergunta novamente e eu sorrio de lado.
- já faz dois anos que trabalho aqui.
- e você gosta?
- sim, eu gosto - por quê tantas perguntas? Será um sequestrador, ou apenas mais uma pessoa atrás de emprego interessado em saber como será o local de trabalho ? - vai trabalhar aqui também?
- eu acho que sim - ele volta sua atenção ao celular e eu ao meu trabalho.
Que homem misterioso, há poucos segundos estava entretido em nossa conversa e agora está sério, mexendo no celular.
Dou de ombros e ponho meu óculos de volta.
Estou com tanto trabalho que acho que só saio daqui amanhã.
Talvez seja bom ocupar a mente por aqui, é disso que estou precisando no momento.
- Senhor Williams, o que está fazendo aqui fora? - James aparece dos corredores com o olhar assustado e de reprovação para mim ao mesmo tempo - por quê não colocou ele na sala?
- eu não sabia que podia - olho para ele sem entender - James, por quê todo esse pavor? É apenas um...
- nosso novo chefe, Annie - ele nega com a cabeça - ele é o juiz que comprou todo esse departamento.
- eu não sabia - acho que agora me dei um pouco mal, acho que vou perder o meu emprego.
Eu ofereci café e água para o meu novo chefe.
- desculpa, eu não sabia - levanto da cadeira e ando até ele passando as mãos em minha roupa - mil desculpas, senhor Williams, eu não sabia que era o nosso novo chefe, eu estava afastada daqui e voltei hoje.
- não se preocupe, eu fui bem atendido - ele olha para James - será que podemos entrar?
- claro que podemos - James sai na frente e eu suspiro.
- vão querer alguma coisa?
- não, só não queremos ser incomodados - James fecha a porta e eu suspiro pesado.
Acho que não estou nos meus melhores dias, com certeza devo ter feito algo errado na minha vida passada.
Volto a sentar em meu lugar e fecho os olhos tentando respirar fundo.
Eu só queria que tudo passasse de um terrível pesadelo, meu casamento, meu apartamento, minha irmã e todo o resto.
- ei, o que foi? - saio dos meus devaneios com Sara tocando o meu braço - está tudo bem?
- porque não me falaram que o nosso novo chefe chegaria hoje?
- a gente falou, mas acho que não deve ter prestado atenção - Julie me entrega uma marmita que, aliás, está cheirando muito.
Ambas são secretárias, Julie é do James, e a Sara é da Bárbara, uma das advogadas do departamento.
- eu estou com a cabeça tão cheia - sinto meus olhos arderem.
Não quero chorar mais, quero ser forte e me sentir bem.
- Annie, não chora, vai passar, está bem? - Julie aperta minha mão e eu respiro fundo.
Elas eram as minhas madrinhas, acompanharam todo o processo, toda a felicidade que eu estava sentindo.
E agora acompanham a minha dor, e estão sendo verdadeiras irmãs para mim.
- ainda dói muito, achei que voltar ao trabalho iria fazer tudo passar ou pelo menos aliviar um pouco - tento sorrir - mas eu acho que está ficando ainda mais doloroso, e ver a barriga dela crescer vai ser pior ainda.
- Annie, nenhum dos dois merecem as suas lágrimas, você é uma mulher forte, linda e vai achar um homem que te ame de verdade - Julie deixa um beijo em minha mão.
- fica bem, amiga - Sara sorri de lado - eu tenho que ir, Bárbara deve estar louca atrás de mim.
- tudo bem, não se preocupe - respiro fundo tentando controlar minha respiração - eu vou ficar bem, tudo isso vai passar.
22h45 da noite.
Todos já foram embora, exceto James e o nosso novo chefe.
Meu pai ligou e perguntou se eu queria que ele viesse me buscar, mas eu neguei e disse que pegaria um táxi.
Eu acho que já acabei tudo que tinha para fazer hoje, eu sou recepcionista, mas às vezes me dão outros trabalhos para fazer e eu gosto.
Minhas coisas já estão guardadas, e a marmita que as meninas trouxeram ainda está aqui, completamente intacta.
Elas insistiram para que eu fosse junto com elas, queriam me levar para sair, mas eu preferi ficar.
- ainda está aqui? - James me olha surpreso e eu suspiro.
- já estou de saída - desligo o computador e pego minha bolsa - eu estava colocando algumas coisas em ordem.
- Annie, você está bem? - ele suspira e pigarreia parecendo não saber o que falar - eu sinto muito, de verdade.
- está tudo bem, eu vou conseguir superar isso - suspiro e mordo a ponta dos lábios - eu preciso ir, já está tarde e eu vou pegar um táxi.
- não quer que eu te leve até em casa?
- não precisa se preocupar, tem um ponto logo aqui perto - agradeço e ando até o elevador.
amanhã eu vou voltar para o apartamento, lá não era somente a casa que eu iria morar com o Lucas, foi um presente dos meus pais e pertence somente a mim.
Vou encarar meus problemas como uma mulher adulta.
Saio do elevador e ando até a saída.
Está fazendo o maior frio, dezembro se aproxima e com ele trás a neve e o clima nostálgico de natal.
É a melhor época do ano para mim.
Ando até o ponto e me sento no banco de espera.
A rua está movimentada, ônibus, pessoas voltando para casa, casais com cachorros e crianças passeando.
- sabe que não é seguro ficar aqui sozinha uma hora dessas?
Tá, meu coração quase sai pela boca agora.
Eu tava tão entretida em meus pensamentos que nem percebi o carro parar a minha frente.
- que susto, senhor Williams! - trago a mão até o meu peito - e sabia que não é seguro sair do carro e deixá-lo sozinho com a porta aberta? - levanto do banco de espera.
- vem, eu te levo em casa.
- não precisa, daqui a pouco aparece um táxi - ele é realmente um homem e super bonito e atraente, ah, e esse perfume? Meu Deus, parece que caiu do céu!
- então eu vou esperar aqui com você - ele se posiciona ao meu lado.
- não precisa, eu estou bem - sorrio para ele - e me desculpa pelo episódio de hoje, eu não sabia que era o novo chefe.
- não tem por que se desculpar, eu fui muito bem atendido - ele arqueia as sobrancelhas.
- acho que vai chover - olho para o céu ao sentir algumas gotas molharem meu braço.
- então eu acho que não vai ter outra alternativa a não ser aceitar a minha carona, não é mesmo?
- é, acho que venceu, eu vou aceitar a carona - não vou ficar na chuva e muito menos deixar que o meu chefe tome todo esse aguaceiro por minha causa.
Ainda bem que não tem ninguém do trabalho por aqui, não quero que pensem bobagem e que isso se torne uma fofoca amanhã.
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Atualizado até capítulo 41
Comments
Maria Maura
Pella foto o chefe deveria ser mais bonito
2024-04-27
0
Ana Lúcia Souza Rocha
aí chefinho lindo
2024-04-24
0
dinha sousa
onde compro esse juiz ??? kk
e a autora ainda diz que não é boa.
é sim querida, continue escrevendo.
2024-04-19
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