Capítulo 4

Eu ainda estou sem conseguir falar, confesso que além de nojo, agora eu também tenho medo do Lucas.

Eu nunca o vi daquele jeito, foi preciso o senhor Williams ajudar o meu pai e o Marcos a colarem ele para fora.

O mesmo berrou, gritou meu nome e disse que eu ainda seria dele novamente.

Foi preciso ameaçar chamar a polícia para ele ir embora.

Agora vejam só, foi ele quem traiu, me enganou, foi um canalha idiota, e sou eu quem recebo ameaça?

- Anne, você precisa ir até a delegacia prestar uma queixa, ele está fora de si e não acho seguro andar sem proteção - Marcos está sentado ao meu lado no sofá.

Eu ainda não consegui processar todo esse caos, e sem falar na vergonha que estou sentindo por tudo isso ter acontecido bem na frente do meu chefe.

- senhor Williams, eu estou muito envergonhada por tudo que aconteceu - levanto do sofá e ando até ele que está sentado na poltrona no canto da sala - acho que não criou uma boa impressão de mim.

- não tem por que se desculpar, é a grande vítima da história e não tem culpa de nada - ele levanta da poltrona com a expressão séria - eu acho que deveria seguir os conselhos do seu irmão e prestar uma queixa contra ele, o mesmo me pareceu bem fora de si.

- não se preocupe, eu irei fazer isso amanhã mesmo - suspiro pesado - muito obrigada pela ajuda.

- eu não fiz nada demais - ele olha para o relógio no pulso - já está bem tarde e eu preciso ir.

- claro, eu te levo até a porta - ando até a porta e abro para o mesmo.

- até amanhã, e boa noite a todos - ele se despede da minha família e vai embora.

Eu só quero que essa noite acabe logo.

- eu vou preparar um chá para você - minha mãe toca em meu ombro e eu apenas me jogo em seu colo.

- eu só quero dormir, mãe, preciso ficar sozinha.

- Annie...

Minhas irmã tenta se aproximar mas eu nego.

- por favor, Melanie, me deixe em paz! - olho para ela - será que não ver que transformou a minha vida em uma merda? Tudo isso é por sua causa! - aponto meu dedo para ela - a culpa não é apenas do Lucas, é sua também - me aproximo - eu já estou cansada disso, cansada de ouvir você falar que se arrependeu, que foi culpa da bebida! - estou cansada de ouvir eles se fazendo de vítima - vocês só fizeram o que queriam fazer faz tempo, por quê não se jogaram debaixo de um caminhão? Hum? aí sim eu acreditaria que foi culpa da merda da bebida!

- quer saber? - Ela muda sua expressão - eu transei com ele porque quis mesmo, e sabe por que? Por que eu tinha inveja de você, da sua vida perfeita, do seu noivado, da sua felicidade - ela solta sua respiração - eu tinha raiva toda vez que você falava do casamento e do quanto era feliz!

- Melanie... - minha mãe olha para ela sem acreditar.

- Melanie o que, mãe? Eu me apaixonei pelo Lucas muito antes dela, era para essa vida ser minha aquele casamento ser meu!

- você nunca me disse isso.

- sabe por quê eu não disse? Por quê justo no dia que eu iria falar, você chegou em casa toda saltitante falando que tinha sido pedida em namoro, e desde então vinha esfregando a sua felicidade em minha cara.

- você é uma vagabunda, acha mesmo que eu vou cair nesse papo? - eu só não avanço em cima dela porque está grávida - mas em partes eu tenho que agradecer, se não fosse por você, eu teria casado com um idiota, com um cretino, e graças a Deus, hoje não sou eu quem estou carregando um filho dele - pego minha bolsa encima do sofá - sabe o que vai acontecer amanhã? Eu vou voltar para o meu apartamento, para o meu trabalho, para a minha vida, e pode ter certeza que eu vou encontrar alguém que me ame de verdade e vou ser muito, muito feliz! - acho que agora eu tirei um peso enorme das minhas costas - e você, Melanie, vai ser apontada na rua como a mulher que roubou o noivo da irmã e ainda por cima engravidou dele, vai ser apontada na rua como uma vagabunda, como uma qualquer e isso ainda é pouco para você - olho para todos ao redor da sala - não precisam ter pena de mim, eu estou bem, e estranhamente feliz, Melanie me livrou de um fardo e jogou todinho encima dela apenas para me proteger, e como dizem por aí, a males que vem para o bem.

(...)

Eu não preguei o olho a noite toda, apenas tomei banho e troquei de roupa, já amanheceu e eu já estou pronta para o meu trabalho.

Tudo que eu disse ontem para Melanie, foram palavras sinceras.

As atitudes do Lucas me fez ver o quanto ele é um idiota, e felizmente eu me livrei a tempo.

Todo amor que eu sentia por ele se transformou em ódio, raiva, repulsa.

E esse sentimento é recíproco pela minha irmã.

Acho que na verdade nem a considero, mas como tal.

- você está bem? - meu pai sempre é carinhoso e preocupado comigo.

Não somente comigo mas com todos os filhos, só que às vezes eu acho que temos uma conexão diferente.

- estou, pai, não se preocupe - sorrio para ele - eu tenho que ir, já estou atrasada.

- não, espera, você precisa passar na delegacia para registrar uma queixa contra o Lucas, ele te ameaçou, está fora de controle - ele me olha preocupado.

- acha mesmo necessário?

- Annie, não podemos brincar com uma coisa dessas, e eu já providenciei um segurança para você.

- o que? - olho para ele sem acreditar - pai, não é necessário uma coisa dessas, Lucas não vai fazer nada comigo.

- eu não me sentiria seguro com você andando desprotegida por aí - ele pega uma maçã na mesa.

- Pai... - resmungo.

- vamos, Annie, é para a sua segurança.

Reviro os olhos e saio a contra gosto.

Eu estou super atrasada no trabalho, e sem falar na vergonha que estou sentindo em ter que olhar para o meu chefe.

Ele mal na conhece e já viu a confusão que está na minha vida.

O que será que deve estar pensando de mim?

E se decidi me demitir? Mas meus problemas pessoais não tem nada haver com o meu trabalho, sou uma ótima funcionária.

Entro no carro com o meu pai e suspiro.

Ele tem razão, Lucas estava fora de controle e eu não quero correr nenhum risco, quem sabe o que se passa na cabeça dele, não é mesmo?

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