Capítulo 5

Eu registrei a queixa contra o Lucas, mas não pedi medida protetiva, meu pai já colocou um segurança atrás de mim, o que da minha parte é um exagero, mas enfim! Agora estou sentada na minha mesa, na recepção olhando alguns documentos tentando distrair a minha mente.

Parece um pesadelo tudo que estou vivendo. Às vezes sinto vontade de sumir desse lugar e ir para bem longe.

E a Melanie? As palavras dela ontem estão tomando conta da minha mente, inveja?

Como ela pode sentir tal coisa de mim? Que sou irmã dela e a sempre vi como uma referência.

E toda essa história que ela era apaixonada pelo Lucas e que eu roubei a vida dela?

Céus, eu só queria sumir daqui e não voltar nunca mais!

- vamos sair para almoçar, que ir junto? - Julie e Sara vem sendo verdadeiras irmãs! Eu as convidei para passarem a noite como lá no meu apartamento. Não quero ficar sozinha essa noite, preciso de companhia e do aconchego delas.

- eu não estou com muita fome, mas vou acompanhar vocês - guardo os papéis e levanto da mesa suspirando pesado.

Faço qualquer coisa para me distrair e tirar um pouco a tensão que estou sentindo.

- para onde pensa que vai? - James aparece dos corredores parecendo estar assustado com alguma coisa.

- aconteceu alguma coisa? - pergunto sem entender. talvez o prédio esteja pegando fogo e eu não sei.

- o Senhor Williams quer falar com você - ele parece está apavorado.

- ele vai me demitir? - tudo que eu menos posso agora é ser demitida. Esse lugar é o único que ainda me acalma um pouco e distrai os meus pensamentos.

- eu não sei, mas eu acho melhor você ir logo.

- a gente vai te esperar - Sarah segura minha mão.

Elas parecem tão apreensivas quanto eu.

- não precisa, vão almoçar e daqui a pouco eu chego lá - tento sorrir para elas - eu vou ficar bem.

- tem certeza? - ela pergunta relutante.

- tenho sim, não se preocupem.

Mas que merda, por quê aceitei a carona dele? Talvez esteja pensando que meus problemas pessoais vão afetar o meu trabalho.

Sigo James pelos corredores. A sala principal fica no térreo, e precisa ir de elevador.

- não vai comigo? - eu acabei de entrar no elevador e pelo visto o meu amigo James não vai me acompanhar.

- Annie, por favor, não debata com ele em nada, pode não parecer, mas eu gosto de você e é uma boa funcionária, vai ser difícil encontrar outra igual a você - James aperta o botão sem me dar a oportunidade de falar e eu fecho os olhos.

Não acredito que isso está acontecendo, eu vou ser demitida justo agora?

É tão difícil achar um bom emprego, mas talvez com uma boa carta de recomendação eu consiga achar um tão bom quanto esse.

Saio do elevador e ando até a única porta do corredor.

Bato duas vezes e entro.

- boa tarde, Senhor Williams - pirrareio, não quero parecer nervosa ou apreensiva.

- boa tarde, senhorita Annie - ele está sentado em sua cadeira, usando óculos e com alguns papéis em mãos.

Céus, eu acho que nunca vi um homem tão bonito quanto esse.

De onde ele saiu?

Será que caiu do céu?

- senhorita Annie, está tudo bem?

- sim, sim, está tudo bem! - balanço a cabeça afastando alguns pensamentos bobos - eu não vou questionar a minha demissão, eu vou aceitar ela mesmo ficando triste, aliás, eu teria que aceitar de qualquer jeito, não é mesmo? - tento falar sem transparecer a minha tristeza - e mais uma vez, eu peço desculpas por todo o trastorno que presenciou na casa dos meus pais.

- do que você está falando?

- não me chamou aqui para me demitir? - Arqueio minhas sobrancelhas.

- não, eu te chamei aqui para avisar que agora você é minha secretária - ele tira seus óculos e levanta da cadeira - por quê eu demitiria você?

- eu não sei - dou de ombros e sorrio sem graça.

- eu ouvir muitos elogios sobre você, que preciso de alguém de extrema confiança ao meu lado.

- eu fico feliz em saber disso - vejam só? Acho que as coisas estão melhorando para o meu lado, vou ser secretária de um juiz e dono de tudo isso, espera? Meu salário de secretaria vai ser maior do que o de recepcionista?

Isso não importa agora, eu só estou feliz por tudo que está acontecendo agora.

- você aceita? Por que se quiser continuar com o seu cargo de recepcionista não tem problema nenhum.

- mas é claro que eu aceito! Quando eu começo?

- agora mesmo se quiser - ele aponta para o canto da sala onde tem uma mesa pronta me esperando.

- o que eu tenho que fazer?

- você vai atender as ligações, anotar algumas coisas, marcar viagens e outras coisas que agora não vem ao caso.

- tudo bem - ando até a minha mesa observando as coisas.

Blocos de anotações, um celular, telefone e alguns papéis.

- já almoçou?

- não, eu estou sem fome - olho para ele - mas se quiser eu posso ir buscar o seu almoço.

Sara e Julie pegam a comidas dos seus chefes, e elas são secretárias deles.

Aí, jura que eu vou ter que subir e descer um milhão de vezes para pegar comida, água e tudo que ele quiser? Talvez eu recuse a proposta de secretaria.

Minha vida como recepcionista era legal.

- você é minha secretária e não minha garçonete - ele pega seu celular - vou pedir para que tragam a nossa comida.

- tudo bem! - dou de ombros e me sento na mesa suspirando.

Ele desliga seu celular depois de falar alguns segundos e volta para sua mesa fazendo o silêncio ecoar na sala.

Apenas as nossas respirações estão sendo ouvidas pela sala.

- sei que não é da minha conta, mas eu gostaria de saber se prestou queixa contra seu ex noivo - ele morde os lábios por alguns segundos - sei que pode não acreditar, mas eu já julguei muitos casos de assassinatos de mulheres que colocaram fim em relacionamentos, e mesmo que pense que talvez ele não seja capaz de fazer nada contra você, é sempre bom se prevenir.

- eu registrei a queixa contra ele hoje de manhã, e o meu pai também colocou um segurança atrás de mim.

Tá, o modo em que ele falou me deixou um pouco assustada.

Mas graças a Deus eu ouvi o meu pai e prestei queixa contra ele.

- você ainda o ama?

- o que?

- desculpa se fui indiscreto, isso não é da minha conta - ele se ajeita na

cadeira parecendo envergonhado com a pergunta que acabou de fazer e eu nego com a cabeça.

- para falar a verdade eu já não o amo mais, Lucas foi meu primeiro namorado, era um sonho casar com ele, mas, depois de tudo que aconteceu, eu vejo que eu jamais seria realmente feliz ao lado dele, claro que eu o amava muito, mas todo aquele sentimento morreu, se foi junto com todas as coisas que descobri sobre ele, morreu ainda mais ontem a noite, quando eu o vi tão fora de si, quando ele renegou o próprio filho e desejou a sua morte - olho para ele - eu sinto pena dessa criança, não tem culpa de nada, mas os seus pais já desejaram a sua morte e várias outras coisas a um ser inocente.

- eu tive uma noiva, eu a amava, mas ela morreu já faz uns anos - vejo seus olhos ficarem distantes - ela estava grávida, foi morta por um cara que eu coloquei na cadeia.

- como assim?

- o cara foi condenado por matar um homem em um assalto, e quando eu dei a sentença, ele jurou que se vingaria de mim e eu não acreditei - ele olha para mim - quando ele saiu, ele me vigiou, ficou a par de toda a minha vida, e matou a Cris enquanto ela estava no shopping.

- eu sinto muito - tento lhe confortar com palavras - e o que aconteceu com ele?

- eu o matei com as minhas próprias mãos! Era um miserável, ninguém sentiu falta - ele da de ombros e eu suspiro.

nossa! Pensei que juízes só julgavam as pessoas.

- antes de ser juiz, eu fui delegado por alguns anos, entrei bem novo nessa vida, segui os passos do meu pai, e hoje estou aqui - ele levanta da sua mesa com as mãos no bolso da calça - eu vou fazer uma viagem amanhã, tem uma audiência em outra cidade.

- eu vou ter folga?

- não, você vai comigo, é minha secretária e eu preciso que esteja do meu lado - ele volta a sentar em sua mesa e olha para o relógio em seu pulso - acho que a comida está demorando muito.

- também acho! - quando foi que eu fiquei com fome? Minha barriga chegar roncou agora.

- espera! Amanhã é véspera de natal - olho para ele sem entender.

- amanhã é a véspera, e não o dia, temos muito trabalhando ainda.

- e vamos voltar amanhã mesmo?

- por que? Tem algo importante para fazer?

- não? - era para eu passar o natal com a minha família, mas pela primeira vez na vida, eu não estou no clima, esse tempo nostálgico não vair fazer bem, acho que prefiro trabalhar durante todo o feriado, ao menos não vou ter que inventar nenhuma desculpa para não passar ao lado deles.

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Comments

Vilma Alice

Vilma Alice

QUE ESTÓRIA DIFERENTE. EU PELO MENOS NUNCA LI ALGO SEMELHANTE.
TOMARA QUE A ANNIE E O DR WILLIAM SE APAIXONEM E SEJAM MUITO FELIZES./Heart//Heart//Heart//Heart//Heart//Heart//Heart/

2024-04-29

7

Maria Maura

Maria Maura

Autora não inventa de Annie ter que tomar conta do sobrinho, vai ser um caos a mãe que tem que assumir e sumir com o problema que causou.

2024-04-27

0

Eliane🌻

Eliane🌻

Estou gostando dessa estória!

2024-04-27

0

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