Capítulo 16

Era sábado, João e Kaique estavam trabalhando já combinando de saírem a tarde, quando a oficina fechou, João desistiu foi pra casa lavar a moto e o quintal, era uma tarefa dele todo fim de semana.

José foi tirando o carro pra lavar, contou tudo sobre uma menina que ele estava interessado e ficou na noite anterior, só tinham trocado mensagem de bom dia, na hora do almoço ela já falou que não ia conseguir sair com ele, deu a entender que não ia dar nenhum outro dia, o deixou frustrado e irritado, ele nem insistiu.

João começou rir dizendo que aquilo era charme, José aproveitou a oportunidade de criticar

- Nem tudo é c u doce. O que a Rita te disse ontem?

- Você não sai de cima né?

Ele disse que foi se desculpar, perguntou se parecia muito doido por querer ficar com ela de novo, José olhou com julgamento

- Porque é tão difícil você ouvir a gente cara?

- Toda vez é a mesma coisa, você coloca umas coisas na cabeça e não para, com a Belinha foi a mesma coisa.

- Doida é ela, se ficar com você de novo, pelo o que eu vi, ela se sente intimidada, constrangida, quando você tá perto.

- Deixa a menina em paz, é essa a minha opinião, só isso.

João ficou pensativo, disse que ia deixar pra lá, tentando mentir pra si mesmo, a noite estavam todos os familiares no aniversário da Valentina, Rita não quis ir, cheia de vergonha.

Tinha carne assada pronta, João foi pegando sem ninguém perceber, fez uma marmita e saiu levar pra Rita, quando estava chegando no portão dela, o José viu da calçada, assobiou e falou para o Kaique

- Porque eu tô com a sensação que isso não vai dar certo?

Kaique começou rir

- Nem sou irmão dele e sinto o mesmo, mais deixa cara, não adianta nada falar. O bichão é teimoso que só!

Foi saindo uma plateia pra fora olhar, ele ficou no portão dela, tocou o interfone, ela saiu achando que podiam ser as meninas, quando o viu ficou séria, não gostou, andou o corredor todo no escuro, se aproximou de braços cruzados

- O que você quer?

Ele mostrou o pote

- Nada, só vim trazer churrasco pra você.

- Tem certeza que não quer ir lá, um pouco?

- É só família.

Ela respondeu hostil

- Não faço parte, sei que a minha situação não é das melhores aqui e aceitei ajuda, de vocês.

- Mais não preciso que fique me rodeando com pena ou sei lá o que.

- Não quero sua amizade.

Ele não gostou, foi passando o pote pela fresta

- Toma, pega aí.

- Não é pena sabe Rita.

- Só tô tentando ser legal, pra compensar tudo.

Ela pegou chateada

- Compensar pra quem? Sua culpa?

- Só me deixa em paz, por favor, isso nem faz sentido.

Ele foi se afastando chateado

- Beleza, não faz mesmo. Tchau!

Ela agradeceu e entrou, já estava com medo de começarem a falar dela por lá, ele nem voltou pra festa, entrou e foi deitar em casa.

Todos estavam aproveitando, bebendo e dançando, já estava ficando tarde, quando souberam que o Léo tinha sido preso, a festa acabou na hora.

No domingo dia seguinte, Valentina foi ficar com a Lana sua cunhadinha, na casa da Maria, estavam todos arrasados, tentando distrair a menina, José e João foram também.

A tarde Rita foi lá fazer tranças na Lana, estavam todos deitados na sala assistindo, quando ela chegou falou boa tarde, todos responderam menos o João, que se levantou sem olhar pra ela

- Vou deitar no quarto.

As meninas foram ficar no quintal, ele não chegou nem mais perto delas.

Foi uma semana muito difícil e triste, depois do trabalho Valentina só passava em casa tomar banho e ia ficar com o José ou a Rita, até com a Babi, tudo para evitar os pais, já que estavam em guerra em casa.

José estava buscando ela e Rita no trabalho, todos os dia, andava desanimado com tudo, sem coragem de sair ir ficar com ninguém, um colega do trabalho disse que tinham boatos da Layza sua ex estar grávida, aquilo o incomodou muito, porque os dois queriam ter filhos e até os nomes já tinham escolhido.

Quando ele foi buscar a Valentina e a Rita, estava mais sério, mal falou oi pra elas, as deixou na frente da loja e perguntou se elas queriam sair depois, comer alguma coisa, Rita nem respondeu, Valentina disse que não estava afim, e no carro já tinha combinado de ir ficar na Rita, ele estava em pé ao lado da porta do motorista apoiado em cima do carro

- Vocês duas são péssimas comigo, sabem disso né?

- Ficam conversando entre si, enfiadas aí e me excluem.

- Tô muito puto da vida hoje.

Os três começaram rir, Valentina disse que elas não gostavam de sair, ele insistiu

- Eu pago, ah vamos, não é nada demais. A gente trabalha a semana toda!

João estava chegando de moto, passou por eles e só buzinou, tirando a Rita, os dois deram tchau, Valentina disse que podiam pedir comida, assistir na casa dele, porque a Rita não tinha tv e ela não tinha nem casa, ele olhou para Rita

- Você vai? Em casa?

Ela balançou a cabeça que sim, ele sorriu

- Vocês vão lavar a louça, porque a gente não cozinha, todo mundo junto?

- Podemos fazer lasanha ou panquecas sei lá. O que a Vê gostar, pra ela comer direito!

Já marcaram de irem no mercado, ele foi pra casa tomar banho e elas também, deixou o carro na rua, João estava na cozinha tomando café da tarde, José falou que as meninas iam jantar lá, pediu pra ele não ficar em cima da Rita, João nem respondeu nada só ignorou.

Quando Valentina voltou pra casa de Rita, levou um saco grande de roupas, elas estavam olhando colocando no guarda roupa, Valentina mostrou um macacão

- Quando fiquei com o Léo a primeira vez, estava com essa roupa e ele derrubou bebida nela.

Rita devolveu

- Então leva, pode pegar tudo o que quiser, fique a vontade.

Valentina se deitou pensativa

- Não quero, minhas memórias bastam.

- Você não liga mesmo de ir lá?

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