Capítulo 5

Já era de noite, João estava em casa impaciente, Maria e Valentina foram até lá, foram juntos de carro procurar a casa de Rita, conseguiram achar perguntando em dois mercados próximos, ela havia se mudado a poucos dias e ninguém sabia para onde, furioso João levou as primas embora, foi na casa de Biana, ligou enquanto esperava no portão, ela atendeu apreensiva, ele pediu pra sair conversar, em cinco minutos ela foi saindo, ele desceu do carro, encostou de braços cruzados

- Vim buscar o caderno da Rita.

- Não quero nem olhar pra você.

Ela se aproximou hostil

- Tá falando do que?

- Já te encheram de mentiras é claro. Essa garota é uma sonsa!

Ele falou um pouco alto

- Devolve o caderno.

- Seu pai viu o vídeo? Porque eu posso mostrar!

A madrasta dela saiu pra fora

- Oiii, o que está acontecendo?

João respondeu

- Oi, só vim buscar um caderno!

Biana entrou pegar tomando xingo da madrasta, que suspeitava dela estar aprontando, rapidamente saiu com o caderno, deu nas mãos dele furiosa

- Você é um otário!

Ele pegou e segurou a mão dela

- Nunca mais pense em chegar perto da Rita ou da minha família.

- Vou adorar espalhar pra todo mundo, o monte de conversas que tenho e seu pai vai saber quem é a filha dele.

- Acha que vai acontecer o que, quando ele ver o vídeo do que você fez? Viralizando na internet?

- Vai ter tanta gente te odiando.

Ela se soltou o xingando e entrou, ele foi para casa injuriado, começou ler tudo com atenção, contos eróticos, sobre homens de todos os tipos, com riqueza de detalhes quentes e até alguns palavrões, poemas sobre eventos que podiam ser encontrados em calendários, como natal, carnaval, vários sobre dor, raiva, ele adormeceu lendo, estava bloqueado no whatsapp de Rita e por isso parou de enviar mensagens.

Ela também bloqueou Maria e Valentina, mentiu para a mãe escondendo o que aconteceu na escola, ficou de molho em casa sofrendo com fortes cólicas e hemorragia, por ter tomado a pílula do dia seguinte, sua mãe estava toda contente com a nova casa, grata pelo favor que Rita fez, resolveu deixar a filha quieta. Nelson só disse que adorou estar com ela e queria outra oportunidade pra sair com ela.

Rita não estava bem, se isolou em casa e ninguém conseguiu ter notícias dela, dias depois, João estava bebendo com alguns colegas em um barzinho, com show ao vivo, estavam na calçada distraídos, quando um Uber parou perto, mais para trás fora do alcance das pessoas dentro do bar, Rita desceu sozinha, muito bem arrumada, com maquiagem forte, cabelo solto armado, vestido curto justo ao corpo, verde limão com as costas de fora, sandália de salto alto.

Ela estava mexendo no celular distraída, de costas para todos ouvindo um áudio, João a viu, se aproximou de supetão, a tocou no braço

- Oi Rita.

- E aí como você está?

- Tô tentando falar com você a dias.

Ela o olhou assustada, ficou séria

- Vai pra lá.

- Não quero falar com você.

Deu alguns passos para mais longe de tudo, olhando a saída do barzinho

- Vai, me deixa.

Ele foi atrás insistindo

- Sei o que aconteceu, na escola, sinto muito.

- Quero te pedir desculpas, por causa das minhas brincadeiras idiotas.

- Não tenho nada com a Biana.

- Ritinha eu...

- Por favor, me escuta.

Ela interrompeu o encarando séria

- O que é?

- Fala logo.

Ele também olhou para trás

- Tem alguém te esperando lá?

- Vamos conversar em outro lugar.

- Por favor.

Ela olhou para o celular, leu uma mensagem, pareceu estar com medo

- Não posso.

Ficou com os olhos marejados

- Volta pra lá.

Ele se aproximou sentido

- Peguei seu caderno, com ela. Queria devolver, fui na sua casa, vi que se mudou.

- Se quiser a gente vai em casa, pegar o caderno e eu te levo embora.

Cada vez mais impaciente, ela olhou para o barzinho

- Tá. É...

- Vamos rápido.

- Por ali.

Quis ir pelo lado contrário, ele nem acreditou

- Vamos, eu tô a pé.

- Vim de carona.

- Quer chamar um Uber?

Ela foi andando cabisbaixa, desligou o celular

- Não precisa.

- Eu não posso voltar cedo pra casa mesmo.

Ele estava com um copão de bebida na mão, ofereceu

- Quer?

- Ia encontrar quem lá?

Ela apenas balançou a cabeça que não, ele estava olhando reparando nela

- Vai parar de ir a escola?

- Posso te buscar, todos os dias, até acabar o ano.

Ela o olhou julgando

- Já perdi o ano, não faz a menor diferença ir mais.

- Como conseguiu o meu caderno?

Ele pensou pra responder, desconversou

- Ahhhh, falei que ia chamar o pai dela.

- Vou pedir um Uber.

Ela continuou andando

- O tempo que ele vai demorar, é maior do que a gente caminhando.

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