Capítulo 11

Rita ficou com os olhos marejados

- Ninguém, não foi seu primo. Tá todo mundo sabendo o que aconteceu?

Valentina contou que iriam trabalhar juntas, novamente reforçou que podiam ajudar, até se caso a mãe dela estivesse a fazendo mentir, ela se manteve mentindo sustentando o que inventou. Fizeram Rita salvar o contato das duas e desbloquear, para poderem conversar.

Quando as duas saíram, Tati entrou sozinha, a mãe de Rita tinha ido pra casa, ela ficou encarando fixamente a parede, Tati encostou ao lado apreensiva

- Oi como está se sentindo?

Rita a olhou brevemente

- Bem na medida do possível.

- Não foi seu filho, não precisa ficar vindo aqui. Só foi a minha primeira vez, não foi nada demais, eu quis ficar com ele.

- Isso aconteceu no sábado, eu trabalhei o dia todo, estava bem. E pode ficar tranquila, nem contei que estive com ele, pra ninguém, minha mãe não sabe e não precisa saber.

Tati não esperava a ver tão tranquila, ficou sem jeito

- Tá bom, eu só quero te ajudar. Sua mãe não é sua amiga né?

- A minha também nunca foi minha, acho que eu me identifico com você, um pouco.

- Quando eu era pequena, meu irmão me defendia, tipo diariamente, ele apanhava e sem motivo, ela era completamente dissimulada, narcisista.

- Minha família queria ajudar, dar as coisas pra gente, porque passávamos necessidade e ela não aceitava, as vezes a gente comia na rua escondido, meu tio levava uma marmita pra cada um, ficava esperando perto da escola.

- Ela nunca me perguntou como foi meu dia ou se eu precisava de ajuda com as tarefas da escola.

- O único carinho era me levar pra bar atrás dela, onde eu ganhava doces e refrigerantes.

- Ela sempre dizia que meu pai foi embora por nossa causa, porque a gente atrapalhava a vida dela.

- Não sei o quanto isso te feriu, mais a culpa não é sua, tudo bem se não quiser falar.

- Quando a gente ainda ficava com a minha mãe, tentaram mexer comigo e o meu irmão me protegeu, enfrentou ela e ameaçou contar pra todo mundo.

- Fomos passar férias na minha tia, depois nunca mais ela pegou a gente de volta e saiu falando que eu me oferecia pro namorado dela.

- Minha família criou a gente, o Gabriel era terrível sabe? Ovelha negra, ele ficou muito revoltado desde a adolescência até os trinta, só parou quando quase morreu, porque estava me destruindo junto, eu já não aguentava mais, todo fim de semana ele aprontava algo, vivia bêbado, caia de moto, arrumava briga.

- Sabia que eu sou casada com meu primo? De primeiro grau?

Rita estava ouvindo atenta, balançou a cabeça que não, Tati enxugou os olhos marejados

- O Maicon era meu melhor amigo, fizemos a maioria das primeiras vezes, juntos, o beijo, tatuagem, andar de moto, festa, ficar bêbado.

- Éramos um grude, afastaram a gente na adolescência, minha tia Ivone que era como uma mãe, achava que podíamos namorar e eu garanti que não era nadaaaa daquilo.

- Voltei morar com meu tio, com toda aquela saudade e o fogo, na primeira oportunidade tivemos nossa primeira vez, era tão difícil se conter perto dos outros o tempo todo.

- Ficamos escondidos por anos, quando começou doer aquele amor todo, decidimos terminar e o Raul irmão do Maicon, flagrou a gente ficando.

- Achamos melhor seguirmos, nos afastando, ele começou namorar uma atrás da outra. Sofri muito e calada, a cada término, tínhamos uma recaída, eu nunca consegui ficar com outro, ir pra cama.

- Até tentava sair, conhecer uns ótimos partidos, mais nenhum era bom o suficiente.

- Quando nós decidimos reatar e expor tudo, estávamos dispostos a sermos excluídos pelos outros, e eu fui, meu irmão e o tio Hugo viraram a cara, só a minha sogra perfeita acolheu a gente, e o pessoal da casa dela.

- Tá acabando o horário de visitas, eu me perdi toda, desculpa.

Rita sorriu sutilmente

- Tudo bem, pelo menos ajudou eu me distrair.

Tati sorriu segurou a mão dela

- Resumindo, é uma longa história. Quando minha mãe soube, que eu estava namorando meu primo, me ofendeu muito, acabou comigo.

- Ela sempre fez eu duvidar de mim mesma, da minha integridade, caráter e força, entende?

- Não te conheço bem, nos vimos duas três vezes, mais pelo o que eu ouvi falar, talvez tenhamos isso em comum.

- Não vim pra te calar ou comprar, como mãe eu ensinei o certo pros meus filhos e acho que seguem, mais não tô dizendo que duvido de você, se por acaso algo saiu do controle, ainda mais quando envolve bebida.

- Quero que salve meu contato, quando receber alta, vou na sua casa tomar um café, contar umas histórias de romance, eu sei que você gosta, ouvi maravilhas das suas redações e contos.

- Promete que vai me procurar, se precisar de qualquer coisa, não vou contar a ninguém e posso ir sozinha ou levar as meninas.

- Como você preferir, sei que sou uma jovem senhora de quarenta anos, mais podemos ser amigas.

O horário estava acabando, Rita ficou mexida

- Tá bom, obrigada. Não fala nada do João, pra minha mãe, não confio nela. E se pedir dinheiro, não de nada!

- Por favor.

- Ninguém precisa saber de sexta feira e...

- Fala pra ele também esquecer e não falar comigo.

Tati percebeu que suas suspeitas eram reais, a mãe de Rita chegou se fazendo de simpática preocupada, ao se despedir disse que Tati não foi a única a ir lá, porque Rita ficava com várias pessoas, e ninguém confiava na menina, falou na porta do quarto que estava suspeitando dela estar fazendo programa. Por sorte Tati não acreditou em nada, saiu chorando com dó, Valentina ficou furiosa dizendo que ia falar com o José, sobre o que ele viu no celular da Rita, foram pra casa, João tinha ido na academia, José estava na sala com o pai, elas entraram todas, começaram conversar sobre a visita, Maria garantiu que não achava nada daquilo verdade, José falou especificamente as mensagens que leu, todos estavam revoltados, Hugo e Gabriel chegaram e o assunto começou render, queriam fazer algo pela Rita e sabiam que denunciar a mãe, não parecia uma boa idéia, porque a própria menina podia mentir em defesa, Gabriel disse que ia falar com alguns conhecidos pra ver se alguém sabia algo da mãe de Rita.

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