Ciúmes?

Acordo muito cedo, já que meus pais sempre fizeram questão que eu acordasse cedo. Não sei porquê me faziam acordar tão cedo, já que nunca tinha nada para fazer naquela casa.

Antes quando eu estudava tudo bem, precisava acordar cedo, ainda bem que pelo menos o ensino médio meu pai me deixou fazer.

Decido levantar, tomar um banho e fazer minhas higiene matinais.

Escolho uma lingerie de renda, branca, minha mãe caprichou nesse enxoval, até parece que vou ter coragem de usar essas coisas com Christopher, fico vermelha só de pensar. Mas sei que uma hora ou outra ele irá cobrar sua parte no nosso acordo, tomara que demore muito para isso.

Visto um vestido branco, de alças finas, ele deixa minha cintura bem marcada e é soltinho no quadril, ele tem estampas de pequenas flores lilás, calço uma sandália rasteira também branca, prendo meus cabelos em um coque frouxo e por fim começo a arrumar minhas roupas no closet.

Coloco uma música, Chandelier de Sia, para trocar em meu celular, não deixo de notar que há ligações do celular da minha mãe e do telefone de casa, mas eu não retorno, não estou afim de falar com ninguém. E com certeza ela vai querer saber como foi a noite de núpcias e eu não gostaria de mentir para ele e se meu pai sonha que esse casamento não foi consumado é capaz de vir aqui e me obrigar a ficar com Christopher.

Afasto esses pensamentos e foco na música e vou me mexendo no ritmo, eu amo dançar.

Distraída enquanto danço dou de cara com um paredão de músculos, não preciso nem olhar para saber quem é.

— Bom dia. –ele diz com as mãos em minha cintura.

— Bom dia.

— Você acorda animada, não são nem sete da manhã ainda, e hoje é domingo.

— Costumo acordar cedo. –digo.

— Eu também.

O ignoro e continuo arrumando minhas coisas, mas ele me observa, com uma mão no bolso e outra no queixo, como se estivesse me analisando.

Ele consegue ficar ainda mais bonito sem seus trajes informais. Ele está com uma camiseta branca de mangas médias e uma calça de moletom cinza, seus cabelos estão molhados e ele está com aquele cheiro bom de quem acabou de tomar banho.

— Precisa de ajuda? — ele pergunta. — Posso chamar Regina ou outra das meninas que trabalham aqui para te ajudar.

— Não precisa, obrigada.

— Tem certeza que sabe fazer isso? Até porque percebi que sua mãe faz tudo por você.

— Sim, ela faz mesmo, e todos os outros funcionários que meu pai muito rico paga! –ele sorri e tenho vontade de o chutar para fora daqui, mas a casa é dele.

— Eu também sou muito rico, talvez mais que seu pai, tenho muitos funcionários a sua disposição, pode chamar qualquer um deles.

— Eu não preciso.

— E nosso acordo Melissa? Já estou cuidando da minha parte, e a sua quando vai cumprir?

Minha respiração fica irregular, consigo ver meu peito subir e descer e ele também percebe e sorri.

— Está nervosa, Melissa?

— Não.

— Tem certeza? Não é o que seu corpo diz.

— Só não gosto do jeito que você fala.

— Como assim?

— Sei lá.

— Diga, preciso que me diga como se sente para poder te entender.

— Por que você precisa me entender?

— Porque gosto de saber o que as pessoas ao meu redor pensam.

— Ah! Mais um maníaco por controle, eu mereço!

— Como assim mais um? Há outro em sua vida?

— Pode ter certeza que sim.

— Seu pai?

— Acertou!

— Mas não sou como seu pai Melissa, gosto de outro tipo de controle.

— Como assim?

— Você verá! — ele diz e sai.

De repente esse quarto ficou quente demais, a presença desse homem me deixa estranha, quente, ofegante, nem eu mesmo sei o que sinto.

Após terminar de arrumar minhas coisas, desço as escadas e vou para a cozinha, onde encontro Regina e outras três moças, essas devem ter mais ou menos minha idade.

— Bom dia senhora. –Regina diz.

— Bom dia, me chame de Melissa, nem tenho idade para ser senhora ainda. –ela sorri.

— Mas o senhor Adams gosta de formalidades. –uma das moças diz.

— Pois usem as formalidades com ele, comigo não precisa. –ela assente. — Como vocês se chamam?

— Eu sou Bianca e sou a chef, e essas são Júlia e Mariana e elas cuidam da limpeza.

— Prazer meninas. –digo.

— Prazer. –elas dizem juntas.

— Gostaria de tomar café agora? — Regina pergunta.

— Sim.

— Pode ir para sala de jantar que já sirvo seu café.

— Não, pode servir aqui mesmo.

— Acho que o senhor Adams a espera para tomarem café juntos.

— Não sei onde ele vai tomar o dele, mas o meu vou tomar aqui. –elas me olham espantadas e focam o olhar atrás de mim.

Tenho certeza que foi Christopher que entrou na cozinha, me viro apenas para confirmar o que eu já sabia.

— Sirvam o café aqui. — Christopher diz e as quatro olham espantadas para ele.

— Perfeitamente senhor Adams. –Regina diz e serve o café na ilha da cozinha.

As três fazem questão de sumir e nos deixar à sós.

— Estava te esperando na sala de jantar, porque se meteu na cozinha para tomar café?

— Eu gosto de ficar perto das pessoas.

— Você tomava café com os funcionários na casa dos seus pais?

— Sim, meu pai acorda mais cedo que eu, toma café junto com minha mãe e depois vai trabalhar, e minha mãe vai se ocupar com suas atividades e só depois vinha me acordar e para não tomar café sozinha, tomava na cozinha.

— E seu pai aprovava isso?

— Óbvio que não, mas também ele não estava em casa para ver.

— Melissa, você não precisa ficar metida na cozinha, pode tomar café comigo.

— Sim, e nós podemos tomar café aqui sem problema algum, você as assustou, não deveria intimidar as pessoas assim.

— Eu não as intimidei, elas só sabem que gosto de privacidade e descrição.

Antes que eu possa dizer algo, o celular dele que está em cima da mesa toca e vejo a foto de uma mulher muito bonita na tela, não consigo ver o nome, e ele se apressa para desligar.

— Não vai atender? Deve ser importante, já que está ligando tão cedo em pleno domingo.

— Não, nada é mais importante que tomar café com você. — controlo minha vontade de revirar os olhos.

— Sei...

— O que foi?

— Nada.

— Ciúmes? –o cretino sorrir.

— Vai sonhando.

— Não fique brava, sabe que nosso casamento é apenas um acordo e eu sou homem, já que você não me quer, há quem queira.

— Inacreditável, bom café pra você, perdi o apetite. –me levanto e vou para o quarto e por sorte ele não vem atrás de mim.

Não sei porque tive essa atitude, esse homem vai me deixar louca.

Será que estou com ciúmes?

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