O Acordo

Após muito pensar, decido que o melhor a ser feito é não contrariar meu pai, e como ele mesmo disse sempre me apoiou em tudo, e nada mais justo que eu dar essa força para ele.

E de certa forma um escândalo talvez comprometesse nossos negócios e a reputação de nossa família, e isso é muito importante para o meu pai.

Me arrumo para o tal jantar, visto um terno azul marinho, coloco uma gravata cinza, não sei se vai ser um evento simples, mas na dúvida vou de terno.

Alguns minutos depois estou estacionando o carro em frente da casa do sócio do meu pai, vejo que ele e sua esposa já devem estar aqui, pois vejo seu carro.

Um segurança me leva até a porta e eu toco a campainha e uma mulher de meia idade abre, deve ser a governanta.

— Boa noite. –ela diz. — O senhor é o noivo? –controlo a vontade de revirar os olhos.

— Sim.

— Pode entrar, estão todos na sala.

— Obrigado.

Meu pai está bebendo uísque junto com seu sócio, e Marina esposa do meu pai está com uma mulher que deve ser a mãe da minha "noiva".

— Boa noite. –digo me aproximando.

— Boa noite Christopher. –o sócio do meu pai se levanta e estende a mão para mim e eu aperto. — Sou Frederico Albuquerque.

— Prazer Frederico.

— Essa é minha esposa Katarina.

— Prazer. –digo e aperto a mão dela.

— Uísque? –uma moça me oferece e eu aceito, só bebendo mesmo para aguentar isso.

— A Melissa desce daqui a pouco, está terminando de se arrumar. –apenas assinto.

Fico conversando com meu pai e Frederico sobre negócios e quando olho para a escada uma linda mulher desce as escadas.

Pelo corpo dá para pensar que ela tem mais de 19, mas seu rosto entrega que ela é muito jovem.

Sua beleza é uma grata surpresa, ela tem cabelos longos, olhos de um azul muito bonito, lábios grossos e bem vermelhos, parece uma pintura de tão linda.

Não vai ser tão ruim casar com ela, afinal, já imagino seu corpo jovem, deve ser uma delícia, ela tem seios fartos, cintura fina, pernas bonitas, fico imaginando tudo que ela esconde debaixo desse vestido.

— Finalmente a princesa desceu. –seu pai diz e ela nos olha com cara de poucos amigos.

É meu bem! Eu também não queria estar aqui!

— Essa é minha filha Melissa e esse é o Christopher, minha filha, seu noivo.

— Olá. –digo pegando sua mão para um beijo e ela puxa na hora.

Sorrio, vai ser divertido casar com essa menina, porque ela pode ser maior de idade, mas para mim é uma menina.

— Melissa! Não seja mal educada, vá dar uma volta no jardim com seu noivo enquanto o jantar não é servido. –ela revira os olhos e sai pisando forte.

Eu apenas observo e confesso que estou me divertindo com a situação.

— Você vem ou não?! — ela pergunta para mim impaciente e eu a sigo.

Ela caminha ao meu lado em silêncio, e eu a observo, ela é linda, sua pele deve ser macia e o cheiro dela é muito bom.

— Em minha defesa eu também não queria isso. –digo.

— Pois diga que não quer casar comigo, que me achou feia, ou sei lá.

— Eu não posso dizer isso.

— Por que não?

— Porque você é tudo, menos feia. –ela me olha e umedece os lábios e minha vontade é beijá-la.

— E o que importa tanta beleza e não poder escolher com quem eu vou me casar?!

— Você gosta de outra pessoa?

— Não, meu pai não me deixa sair de casa, nunca namorei na vida, mas eu acredito que casamento deve ser por amor.

— Eu nem acredito em amor. –digo.

— Você nunca se apaixonou?

— Eu não.

— Mas você já é... Velho, então suponho que já tenha tido namoradas. –sorrio.

— Não sou velho, talvez para você eu seja, mas no geral eu sou jovem ainda e respondendo sua pergunta sim, eu já tive namoradas, mas não posso dizer que amei nenhuma delas. –ela me olha estranho.

— Como pode namorar e não se apaixonar?

— Bom, como te dizer sem ser indelicado? Bom, não tem como, é apenas sexo, para transar com alguém não precisa de amor.

— Não?

— Claro que não, se os dois querem é só fazer e pronto.

— Agora que não quero casar com você mesmo! — eu sorrio. — Na verdade não queria casar com ninguém, pelo menos não agora, sou tão nova ainda.

— E o que você queria?

— Estudar.

— Estudar o que especificamente?

— Medicina.

— Eu acho isso ótimo.

— Seria, se meu pai deixasse. –ela baixa a cabeça e os olhos ficam marejados.

Sinto algo diferente dentro de mim, tenho compaixão por essa moça, não é justo o que o pai dela está obrigando a fazer, porque eu sou homem, e estou fazendo isso por conveniência, mas ela está sendo obrigada e se não for comigo será com qualquer outro.

Algo me passa pela cabeça.

— Vamos fazer um acordo, você e eu?

— Como assim?

— Nós vamos nos casar, apenas para nossos pais ficarem tranquilos, e eu vou te dar a oportunidade de estudar, eu pago seus estudos.

— E o que você ganha em troca? Porque esse acordo só é bom para mim.

— Nada, aí que vem a questão, vamos nos casar, ficamos casados apenas um ano ou menos que isso e nos divorciamos. –ela me olha confusa.

— Se eu me divorciar, meu pai me mata.

— Não, você não vai precisar voltar para casa dele, eu vou lhe dar recursos para se manter sozinha e poder estudar.

— Calma! Ainda não entendi em qual parte você se beneficia com isso.

— Em nenhuma, apenas meu pai vai parar de encher meu saco se eu me casar com você.

— Mas você vai querer ter uma noite de núpcias comigo? –ela me olha assustada.

E o pior é que sim, com certeza eu ia querer ter uma noite de núpcias com ela!

Ver o que ela esconde debaixo desse vestido, mas óbvio que eu jamais forçaria uma mulher a ter nada comigo.

Mas para ver sua cara vou falar que sim, que eu quero ter nossa noite de núpcias como qualquer outro casal.

— Sim, claro, já que vamos casar, eu vou querer ter nossa noite de núpcias. –ela me olha assustada e suas bochechas coram.

— Tudo bem, eu aceito! Só em poder sair dessa casa e ir estudar, você pode fazer o que quiser comigo. –ela diz.

Sinto um nó se formar em minha garganta, achei que ela diria que não quer isso ou me tratar mal, mas ao contrário.

Essa menina deve estar muito desesperada para sair dessa casa, sinto compaixão dela e me dá mais vontade ainda de tirá-la logo daqui.

— Temos um acordo! –ela diz e estende a mão para mim.

— Temos. –eu digo e a puxo para perto, deixando nossos rosto bem colados.

A respiração dela fica ofegante e quando estou prestes a lhe beijar alguém aparece dizendo que o jantar está servido.

Suspiro, e a solto, mas percebi que eu a afeto, eu sorrio.

Isso vai ser muito divertido!

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