Areia, sal, mar e talvez você 20

Depois de todo aquele papo sobre a alimentação de um vampiro ficamos em um silêncio tranquilo, aproveito mais um pouco a brisa fresca.

Não demora muito para que eu acabe quebrado o silêncio.

Amaya: Sabia que as praias do país em que eu nasci não são iguais as daqui? Tá, eu sei que isso é meio óbvio já que nenhuma praia é exatamente igual a outra, mas estou falando de como as coisas funcionam... A maior parte das praias do Brasil são lotadas de pessoas, mesas e guarda sois na areia, vendedores ambulantes para todos os lados, músicas ecoando de quase todos os lugares e inclusive restaurantes bem próximos... Ah e bebida alcoólica a sua disposição. Acho que gosto das duas versões que tenho da praia, essa e a do Brasil. Não troco uma pela outra, as amo igualmente.

Ele não diz nada, mas não parece totalmente desinteressado.

Pego um protetor solar em minha bolsa e o retoco em meu rosto, passo mais um pouco em meus braços já que acabei me apressando um pouco na hora de me arrumar e não protegi todas as partes possíveis do meu corpo.

É só nesse momento que lembro de oferecer.

Amaya: Quer um pouco?

Quinlan: eu não preciso.

Continuo espalhando em meus braços quando lembro que também devo passar em minhas costas. Trago meu cabelo todo para a frente e colocando um pouco de protetor na mão tento alcançar a parte de trás. Tenho um pouco de dificuldade, bastante na verdade.

Quinlan: Me dá isso aqui... Diz indicando o frasco em meu colo.

Amaya: Pra quê? Questiono.

Quinlan: Pra ver se vc para de se contorcer como uma minhoca.

Olho para ele com uma cara feia, mas faço o que me pediu, viro um pouco mais de lado de modo que ele também se ajeita.

Em questão de segundos sinto sua mão espalhar o protetor solar em minhas costas, dos ombros elas descem para a parte inferior.

Minha pele arrepia involuntariamente e me seguro para não acabar recuando.

Não é nada demais Amaya, só faz um tempinho desde a última vez em que você foi tocada de forma parecida por um homem.

Amaya : Não está demorando demais aí não? Acabo perguntando.

Quinlan: quase terminando...e estou aproveitando a oportunidade de tirarem uma boa foto nossa.

Amaya: Tem alguém nos olhando nesse exato momento? pergunto meio tensa e viro minha cabeça para encarar Quinlan.

Quinlan: Atrás de nós, escondido naquelas palmeiras lá no fundo... Ele acha que não o vi.

Ele está olhando em meus olhos no exato momento em que sua mão levanta a parte de trás do meu biquíni e passa protetor ali, sinto meu corpo esquentar um pouco.

Para com isso Amaya...

Quinlan: Talvez devêssemos dar um bom momento para ele... Segura meu queixo e o ergue com uma de suas mãos.

Amaya: O que você...

Quinlan: Apenas para a foto...

Com a aproximação fecho meus olhos e sinto sua boca roçar de leve a minha antes dele realmente me beijar, é suave e rápido, mas de alguma forma ainda assim consegue mexer comigo.

Ele se afasta, mas continua segurando meu rosto e me encarando profundamente, quando engulo em seco Quinlan me solta e volta seu olhar para a água, como se o que tivesse acabado de fazer não tenha significado nada, não tenha passado de uma encenação.

E foi realmente isso o que acabou de acontecer não é? Quer dizer, eu não deveria estar tão agitada.

Quinlan: Ele deve ter conseguido uma boa foto. Fala depois de um tempo.

A foto, é foi isso... no que mais deveríamos pensar a não ser nela...

Faço o possível para tirar isso da minha mente e então forço um sorriso.

Amaya: Acho que vou me molhar um pouco se você não se importar.

Nenhuma reação a isso e então eu fico de pé e desprendo a saída de praia da minha cintura.

Caminho de vagar em direção a água e não demora muito para que eu chegue até ela, sinto um pouco de frio quando ela molha os meus pés.

Me pergunto se foi realmente isso o que escolhi para mim, me casar com ele... algumas demonstrações de afeto em público e provavelmente nenhuma interação quando estivermos a sós. Talvez isso acabe deixando tudo muito confuso, mas eu sabia que seria assim desde o início, não é nenhuma novidade.

A vida as vezes consegue ser engraçada... nunca consegui me imaginar vivendo dessa maneira.

As ondas não estão tão agitadas e então resolvo entrar um pouco mais, um mergulho sempre melhora as coisas para mim.

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Quando volto estou batendo um pouco os dentes devido ao vento que está fazendo, me sento novamente ao lado de Quinlan e tento me enxugar da melhor maneira possível sem uma toalha.

Meu estômago ronca e tenho consciência de que fazem horas desde a última vez em que coloquei algo na boca.

Dobro os meus joelhos apoiando os braços e a cabeça em cima, estou sentindo realmente bastante frio.

Amaya: Acho que preciso comer alguma coisa. Comento, não exatamente pedindo algo

Quinlan: Deu pra perceber pelo barulho do seu estômago... Vamos embora, já ficamos tempo o suficiente aqui.

Amaya: Eu queria ficar só mais um pouco. Falo erguendo a cabeça com a menção de ir embora agora. Ao menos até eu me secar, posso esperar mais um pouco. Digo tentando ignorar a minha fome.

Não queria ter que ir agora, não sei quando vou acabar voltando de novo... E vir para cá sozinha com certeza não é uma possibilidade na visão de Quinlan.

Quinlan: pra você acabar desmaiando de fome por puro capricho? Acho melhor não.

Viro meu rosto, demonstrando que não gostei de suas palavras.

                ***

Ao contrário do que pensei o Quinlan não insistiu para que fôssemos, na verdade ele mandou que trouxessem uma refeição completa para mim. Tudo bem que eu tive um pouco de pena do homem que teve que vir caminhando do hotel até aqui nesse sol trazendo uma bandeja, mas estou feliz por poder ficar mais um pouco.

No entanto Quinlan foi bem claro ao dizer que quando eu terminasse de comer iríamos voltar para o bangalô, concordei sem a menor dificuldade, mas confesso que estou demorando um pouco a mais do que deveria para comer a minha carne assada com fritas.

Amaya: Se quiser um pedaço é só pedir.

Ele me olha sabendo que estou comendo bem de vagar propositalmente.

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