Acordo... acordei... estou acordada...
Olho a hora no meu celular e já são 8 a.m. Vejo algumas mensagens que Mia me enviou a poucos minutos.
Mia: Bom dia?! Já estou pronta! Dormiu bem? Nos vemos no parque.
Respondo suas mensagens com um joinha e me levanto animada da cama para começar o meu dia de sábado com a energia que eu preciso. Vou direto para o banheiro tomar um banho e ficar cheirosa para a mulher que enlaçou o meu sensível coraçãozinho.
...
Chego no Central Park e saio do meu carro, deixando o mesmo estacionado em um lugar bem próximo de onde eu iria me encontrar com Mia. A também alguns veículos ao redor do local. Trago comigo uma sacola com algumas coisas de comer e beber.
Mia me ligou a noite e me chamou para um piquenique no parque e é óbvio que eu aceitei. Cada momento com ela é precioso para mim. Assim ela começará a ter um real sentimento por mim, mesmo que já goste da minha pessoa.
Avisto a pequena mulher sentada em um pano colorido debaixo de uma árvore florida e ela acena para mim com um sorriso. Nossa, aquele sorriso me faz suspirar e sinto as minhas mãos suarem.
É a primeira vez que aquilo acontece comigo desde que conheci ela. Deve ser o nervosismo dentro de mim por ter sido ela, a primeira a fazer o convite depois da noite na galeria de arte. No entanto, eu já tinha um novo plano em mente para levá-la em um lugar que foi importante para mim na minha adolescência.
— Sentiu saudades? — pergunto ao me sentar sobre o pano e pertinho dela.
Mia sorri com o canto da boca vendo a minha aproximação exagerada e eu dou um beijo em sua mão, logo que pego a mesma. Assim vejo uma cesta de piquenique por trás dela.
— Só um pouquinho — ela responde, demonstrando com o polegar e o indicador.
— Só isso? — imito o que ela fez com os dedos — Qual é?... Eu mereço mais.
Mia assente e então beija a minha bochecha, ficando por uns segundos próxima do meu rosto. Deixo a sacola de lado sem me distrair dos seus olhos e seco as minhas mãos na minha calça. Acho que ela não percebeu a umidade da minha mão e sinto um grande alívio.
Vejo ela se afastar e dar sua atenção a sacola. Agora estou odiando essa sacola.
— O que tem aqui?
— Bem... algumas frutas vermelhas, uns biscoitos e um leve vinho.
— Um... não é muito cedo para beber vinho? — ela pergunta tirando as coisas da sacola e colocando sobre o pano de um jeito organizado. É, isso deve ser um costume que ela tem. Sempre organizada.
— Pode ser... vamos deixar o vinho para outro momento.
— Bem pensado... chefe! — ela debocha de mim.
— Eu tenho um nome, sabia? — finjo estar emburrada e viro o rosto para o outro lado.
— Ah... não seja assim.
Mia toca o meu nariz repetidamente ao aparecer na minha frente.
— Hannah?... Vai ficar emburrada só porque te chamei de chefe?
— Um hum! — resmungo.
— Então tudo bem... vou embora — ela faz o movimento para sair e eu puxo ela rapidamente.
Mia cai sentada no meu colo e eu prendo ela com força para ela não fugir. Desde que cheguei, quis abraçar ela, mesmo sendo de qualquer jeito.
— Você me convida para um piquenique e ousa me deixar sozinha?
— Você se chateia por qualquer coisa, então... não posso fazer companhia a pessoas assim!
— E se eu for uma pessoa mais legal? — toco suas coxas por baixo do seu vestido e ela observa os meus movimentos.
— Então... eu fico com você... quero dizer, fico aqui com você.
— Ótimo — vejo ela sair de cima de mim um pouco nervosa.
Mia junta a cesta que trouxe as outras coisas e tira de dentro umas garrafas pequenas com água e suco. Tão saudável, não?! Só falta ela pegar sanduíches de alface e tomate.
Mas não.
Fico surpresa ao ver uma alimentação bem gordurosa.
— Não é cedo para comer algo assim?
— E existe hora pra comer? — ela pergunta juntando as sobrancelhas.
— É... — não vou discordar dela — não... não existe.
— Ótimo... então vamos comer.
— Apprécier — digo em francês para agradar a lady.
Mia sorri e começamos a comer.
É tão agradável tê-la ao meu lado em um momento tão especial como este. Há muito tempo que não vou a um piquenique. A última vez, eu estava ao lado dos meus pais, há quase onze anos atrás.
— E então... — ela diz enquanto mastiga uma fruta. É falta de educação falar com a boca cheia, mas como é ela que está falando, não tem problema, deixa ela em paz — conversaremos sobre o que?
— Hum... sobre o que você quiser!
— Ok... hum... Como é a sua relação com a senhorita Selena?
— Somos amigas desde que nos conhecemos na faculdade de direito.
— Ah... mas, vocês nunca se envolveram intimamente? — ela pergunta olhando em meus olhos — Vocês estavam muito íntiqmas no dia em que ela invadiu o seu escritório.
— Bem... sim... nós tivemos um romance por um tempo, mas vimos que a nossa amizade era mais importante... assim nos tornamos melhores amigas.
— Entendo, mas... quando você a vê... você ainda sente algum desejo por ela? — ela pergunta já com o olhar baixo.
— Não!
— Me desculpe por ser invasiva.
— Mia... você não está fazendo isso... vou contar a você tudo o que quiser saber. Vou me abrir pra você... quero que me conheça.
Ela sorri mais relaxada e decide tomar uma água. Faço o mesmo e então estamos prontas para continuar a conversa.
— Ainda falando sobre você e Selena...
— Sim?
— O sexo era... bom?
Sorrio de sua timidez e ela se contêm para não demonstrar a sua vergonha. Tão fofa.
— Era... o sexo era bom... ainda mais quando ela cedia totalmente ao meu domínio.
— É... — Mia olha ao redor, evitando de todas as formas me olhar — você parece gostar de estar sempre no controle.
— Sim... eu gosto de dominar... — viro o rosto dela para ter toda a sua atenção — e se desejar... farei isso com você.
— Hannah...— ela diz alternando o olhar entre os meus olhos e os meus lábios — acho melhor... falarmos sobre outra coisa.
— Como quiser.
Ela se afasta um palmo de mim e cruza as pernas, enquanto observa as pessoas brincando, andando e se divertindo no parque. Talvez ela tenha se sentido desconfortável com a forma explícita na qual me expressei.
— Me fale sobre você — eu digo e tomo a iniciativa de deitar a minha cabeça em seu colo. Mia permite a minha ação com um breve sorriso.
— O que deseja saber sobre mim? — ela toca o meu queixo, tirando de mim um sorriso sapeca.
— Hum... o que você quiser me contar... não quero te deixar desconfortável com alguma pergunta.
— Ok... hum... eu nunca imaginei que algum dia uma mulher como você se interessaria por mim.
— Oh... chocante — eu brinco e recebo um aperto carinhoso na bochecha.
— Mas então você apareceu e agora estamos aqui... e tem um acordo em jogo.
— Você não acha que esse acordo foi a melhor coisa que aconteceu na sua vida até agora?
— Não seja exibida!
Ela diz num tom sério e ambas rimos. Aí meu coração.
— Sim!
— Hã?
— Quero dizer que... esse acordo foi o melhor que me aconteceu até agora.
— Ah... então posso me exibir sim.
Mia aperta minha bochecha novamente e então seguro a sua mão na intenção de impulsionar ela a fazer uma coisa para mim.
— Vai me prender de novo? — ela pergunta bem próximo do meu rosto.
— Por que eu faria isso?
— Porque você está me segurando.
— Ah... bem... eu quero fazer uma coisa com os seus dedos.
— Fazer o quê?
— Contar eles que não é!
— Rum! — ela puxa a mão sem ter sucesso porque eu a seguro forte.
Ela deve estar imaginando um monte de coisas. Uma cabeça inteligente nunca tem sossêgo.
— Quero fazer isso! — escolho o seu dedo indicador e o coloco lentamente na minha boca, dando uma leve chupada no mesmo.
Olho para Mia e ela está atenta no que eu faço, sem perder nenhum segundo daquele momento. Repito mais algumas vezes o mesmo movimento e então deixo a mão dela livre. Vou esperar a reação dela.
Mia olha para os meus lábios e toca os mesmos com o polegar delicadamente como se quisesse vasculhar cada ponto. A vejo morder os lábios conscientemente e então recebo um beijo lento. Sinto logo uma mordida carinhosa e a sua língua invadir a minha boca, indo de encontro com a minha língua. Os beijos de língua são os melhores. Como será sentir essa língua dela em outro lugar, hein?
Nossos lábios se afastam e nos olhamos nos olhos por alguns segundos. Mia age sozinha quando coloca o dedo na minha boca e eu chupo com todo prazer. Agora vejo ela ter breves arrepios e seus lábios ficarem semicerrados, enquanto sente a sensação que provoco nela.
Alguém grita próximo a nós e Mia tira o dedo da minha boca cortando todo o clima. O infeliz que gritou não tem amor a vida. Ele seria marcado como alvo se caso eu soubesse do seu paradeiro.
O silêncio entre nós se instala e eu decido não falar nada sobre o que aconteceu. Vai ser melhor assim.
— Mas... e seus pais? Conte-me um pouco sobre eles! — digo e me levanto do seu colo para deixar ela mais confortável.
— Bom — ela olha para um ponto qualquer em nossa frente — meu pai é italiano e a minha mãe é francesa e são divorciados. Ela mora na França e ele mora em Mississipi.
— Interessante... mas, se ambos são de países europeos... como você veio parar em Nova York?
— Bem... é um pouco complicado.
— Tenho o dia todo — ela sorri e assente.
— A minha mãe é filha de uma norte americana que se casou com um francês e que era professor de Inglês e ambos foram para a França... A minha mãe é fluente em Inglês e passou essa sabedoria para mim e Taylor. Então eu falo três línguas. Francês, Inglês e Italiano.
— Ah... você exagerou quando disse que era complicado.
— Talvez, mas voltando a minha explicação... Aos 22 anos, Taylor viajou pra cá para começar a faculdade pois foi premiada com uma bolsa. Dois anos depois, ela conseguiu se mudar para o apartamento e me chamou para morar com ela... e desde lá, estou aqui.
— Humm... — cruzo os braços — devo agradecer a Taylor.
— Agradecer pelo quê? — ela olha pra mim.
Agora que voltou a manter o contato visual comigo, tudo está mais leve.
— Por ter... te chamado pra morar com ela.
— Hã?
— Se não fosse por causa dela... eu não teria te conhecido.
Mia vira o rosto para o outro lado. Deve estar sorrindo ou processando o que eu falei. De qualquer forma, eu não me arrependo de nada do que disse.
— E a quanto tempo você não vê os seus pais?
— Já faz um ano.
— E com que frequência você liga para eles?
— Sempre ligo aos domingos porque ambos tem suas vidas, trabalhos, como eu... mas toda vez que falo com eles, eu sinto uma vontade enorme de abraçar cada um. Eu os amo muito.
Mia se cala e eu acabo me lembrando dos meus pais. Como eu queria que a nossa relação fosse saudável. Queria poder ligar para eles e conversar por horas, dizer palavras de amor, de carinho e de conforto em momentos difíceis, mas não. A minha realidade é muito diferente e não posso mudar, porque foram eles que causaram o meu afastamento.
— Mas e os seus pais? — Mia pergunta e me olha, enquanto eu processo aquela pergunta. Eu não estava esperando por ela. Não ainda.
— É...
— O que foi? — ela toca o meu rosto — está tudo bem falarmos sobre os seus pais?
— Ah... é...
— Se não quiser... tudo bem.
Ela é mesmo a mulher perfeita. Tão compreensiva mesmo não sabendo o porquê estou tão mexida. Mas vou contar. Eu posso fazer isso.
— Sim... eu quero falar sobre eles, mas... apenas me ouça e se quiser me julgar depois... eu ficarei bem com isso.
— Eu não vou te julgar... não sei o porquê disso, mas vou apenas te ouvir.
— Ok... — mantemos contato visual — Há dez anos atrás quando eu tinha 18 anos, eu confrontei os meus pais com a minha confissão... eu contei a eles que eu era homossexual e que ninguém seria capaz de mudar isso em mim, mas... eu não esperava tamanha agressividade da parte deles... eles me disseram palavras duras que me magoaram e foi muito difícil para superar tamanha dor... e o pior... eu fui expulsa de casa sem poder levar nada... nada... — A um silêncio entre nós... — John estava presente quando eles me expulsaram e então me levou para morar com ele... a partir daquele dia, nunca mais falei com os meus pais... John além de ser o meu irmão, se tornou para mim... o meu novo pai.
— Hannah... os seus pais que deveriam ser julgados. — Mia diz pegando as minhas mãos e as beijando carinhosamente. Seu toque é macio e tira de mim um sorriso bobo.
— Mas isso é parte do meu passado e eu não vivo no passado.
— A sua sinceridade é tão contagiante que chega a ser insuportável.
Rimos.
Sei que ela quis me fazer esquecer da minha pequena lembrança do passado que por muito tempo me importunou. Mas já não me importuna mais.
— Eu sei que mexo muito com você, mas... não quero que se baseie em meu passado... se importe apenas com o que o futuro nos reserva... é o meu pedido nesse dia.
Rimos novamente e então sinto vontade de tocar os lábios dela com os meus. Ela me olha pensativa como se estivesse adentrando a minha mente. Ela aproxima o rosto dela do meu.
— Você... você quer me beijar?
— Quero!
Então nos beijamos e eu coloco toda a minha paixão em nosso beijo.
Um beijo mais que perfeito, mais que único... Totalmente magnífico.
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Atualizado até capítulo 57
Comments
01...secret
eu sendo ela total
2024-10-11
0
Geane
aaah que fofo 🩷😍
2024-09-13
1
Lindinalva Tavares
Adorandooooo❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️😂❤️
2024-05-25
2