9 a.m.
Ian para o carro na frente do grande prédio da empresa Blackwood localizada em Lower Manhattan e olha para mim através do espelho retrovisor. Eu olho através do espelho do carro para as portas de vidro do prédio e sinto uma emoção repentina. John não estará mais lá em sua sala quando eu entrar. Não me dará mais broncas, não me servirá mais o bom uísque e não me olhará mais como sua garotinha mimada.
Sinto um lágrima escorrer em minha bochecha e limpo de imediato porque eu não desejo que Ian e nem os empregados da empresa vejam o meu sofrimento. Eu devo ser forte. Devo fazer isso para honrar a confiança que John depositou em mim.
Olho para Ian e digo:
— Você pode tirar o dia de folga. A noite me busque, mas só se eu te ligar.
— Entendido, senhorita.
— Certo. Tenha um bom dia.
Saio do carro e quando piso na calçada, sinto um vento forte soprar os meus cabelos. Uma ótima sensação. Estou vestida conforme uma dona de empresa deve se vestir, seguindo a elite e o meu amor por ternos. Algo que sempre fiz.
O carro sai e eu sigo para a entrada. Passo pelas portas de vidro e cumprimento os seguranças na portaria. Passo pelas garotas da recepção e aceno para elas, pois elas já me conheciam e sabiam que eu não era um tipo de chefe durona com os empregados. Então sigo para o elevador e aperto no último andar, onde era localizado o escritório de John e que estava à minha espera para se tornar meu. Entro no elevador e em seguida ele se fecha.
As portas do elevador se abrem e eu saio. Após uns passos, eu chego no departamento e me deparo com os empregados bem concentrados. Uma organização impecável. Todos olham para mim surpresos porque nem imaginavam que eu estaria de volta a empresa tão cedo depois que John faleceu. Entre eles há alguns rostinhos novos, mas há também um rostinho familiar que pertence à senhorita Miranda Costello. Ela trabalhava como secretária do meu irmão e agora seria a minha secretária.
Miranda acena para mim ao me ver e vem rapidamente ao meu encontro. Ela é baixa, negra, seus cabelos são castanhos mel e os seus olhos são pretos. É uma senhora elegante.
— O que faz aqui tão cedo, senhorita? — ela pergunta com um sorriso no rosto e se aconchega em mim me dando um abraço de lado.
— Vim assumir o meu novo papel, infelizmente! — eu digo tentando manter a minha seriedade.
— Senhorita Blackwood... meus pêsames. O senhor John era uma pessoa muito querida. — ela se afasta de mim porque os funcionários nos olham e vêem que ela está me abraçando como se fôssemos amigas íntimas. — Fui visitar ele no cemitério, mas não pude comparecer ao enterro.
— Não se preocupe, Miranda e obrigado por ter estado sempre ao lado dele.
— De nada.
Caminho em direção a ex-sala de John e Miranda me acompanha...
— Senhorita... aconteceram algumas mudanças nesses dois meses que você esteve no exterior.
— Quais tipos de mudanças, Miranda?
— Bem... eu não sou mais a única secretária destinada a trabalhar somente para o senhor John ou agora... para a senhorita.
— Como assim? — eu paro há alguns centímetros da sala e Miranda acaba tropeçando sem querer em mim. Eu seguro ela para ela não cair, e ela se afasta rapidamente quando está firme e olha ao redor para ver se algum dos funcionários está nos observando.
— Bem... o senhor John contratou uma nova secretária devido ao acúmulo de ligações e por causa de um atraso com algumas papeladas.
— Ele fez o certo... poupando você de tanto trabalho. Você é uma pessoa tão dedicada que deveria ganhar dinheiro sem ter que trabalhar.
— Obrigada, senhorita — ela agradece um pouco envergonhada.
— Não fique assim... gosto de elogiar quem é dedicado, você sabe.
— Verdade.
Rimos em silêncio...
— Mas... ele diminuiu o seu salário quando diminuiu o seu trabalho?
— Não, senhorita... pelo contrário. O senhor John aumentou o salário de todos desse departamento.
— Ótima notícia — eu afirmo e gosto do que ouvi. John fez uma coisa boa antes de morrer.
— Sim, senhorita. Isso ajudou muitos dos empregados.
Continuo o caminho até a minha mais nova sala e entro pois a porta já está aberta. Aquele agora é o meu escritório.
As paredes são cinzas, a cor favorita de John. A vidraça é a esquerda e virada para outros prédios. Há alguns quadros médios e um sofá de cor preto. Era nele que John gostava de jogar baralho comigo. Uma lembrança muito viva em mim. E no final da sala estava a mesa marrom e a cadeira de cor preta que ele sentava todos os dias. O computador, o telefone, as canetas, os papéis e a xícara vermelha com o nome da empresa que era o nosso sobrenome.
Me aproximo da vidraça e olho para os prédios, enquanto Miranda está em silêncio, porque sabe que estou me recordando de vários momentos com o meu irmão.
Uns minutos depois, eu vou para a mesa e me sento na cadeira. É tão confortável aquela cadeira, tanto que é bem fácil de cair no sono.
— Senhorita Blackwood... vou deixá-la sozinha agora.
— Sim, Miranda.
— A senhorita quer tomar algo? Posso providenciar!
— Sim, Miranda... café sem açúcar.
— Sim, senhorita — Miranda sai fechando a porta e eu fico pensando em coisas aleatórias porque se pensar somente no meu irmão, vou acabar desabando em lágrimas.
Em meio aos meus pensamentos, acabo lembrando que Miranda me falou sobre uma nova secretária, mas não detalhou nada sobre a mesma. A nova secretária já estava trabalhando na empresa a dois meses, o tempo que eu fiquei no exterior resolvendo alguns assuntos pessoais e assuntos envolvendo a empresa. Eu era a mão direita do meu irmão quando ele não podia deixar a empresa. Eu sempre ia em seu lugar, porque John optou por não ter esposa e nem filhos.
Um tempo passa e Miranda está de volta em minha sala. Ela deixa o café na mesa e uns papéis ao lado.
— Aqui esta, senhorita.
— Obrigada. Vou me sentir bem melhor depois de tomar o café.
— Eu sei, senhorita — ela diz com um sorriso genuíno.
— E esses papéis? O que são?
— Ah... são alguns documentos que precisam da sua assinatura. A partir de hoje você fará isso com frequência.
— Ok, Miranda — sorrio para ela.
— Me avise quando estiverem assinados.
— Sim.
— Estou indo, com licença — ela diz e vai na direção da porta.
— Espere, Miranda — eu peço.
— Sim, o que deseja? — ela diz um pouco de lado sem se virar completamente.
— Bem... eu quero saber o nome da nova secretária. Você não me disse ainda.
— Oh, sim... o nome dela é Mia Lancaster. Se deseja saber mais alguma informação sobre ela, dê uma olhada em seu currículo. Esta tudo no computador.
— Obrigada, Miranda... pode ir agora e obrigada de novo pelo café.
Miranda sacode a cabeça positivamente com um sorriso e sai da sala fechando novamente a porta. Eu começo a beber o café e dou uma olhada nos documentos que devo assinar.
Me levanto da cadeira, ando na sala enquanto tomo o café e decido ir ver o currículo da nova secretária. Abro o computador depois de me sentar na beirada da mesa. Procuro o currículo com o nome “ Mia Lancaster ” e logo encontro.
Vejo que há uma foto nele. Também vejo que a tal Mia Lancaster tem uma bela aparência. Um currículo impecável pois é fluente em francês e italiano. Sua idade é de 22 anos e ela mora no lado norte da cidade.
Na foto, posso ver que sua pele é clara, seus cabelos são castanhos claros e longos e os seus olhos são verdes escuros. Tem um rosto atraente.
Deixo o currículo de lado por um momento e pego o telefone. Ligo para Miranda que atende depois de chamar várias vezes.
— Sim, senhorita Blackwood?
— Miranda, eu gostaria de conhecer a senhorita Lancaster, então peça para ela vir à minha sala.
— Senhorita... Mia Lancaster não está na empresa... ela está de atestado médico e retornará ao trabalho somente amanhã.
— Tudo bem, Miranda... mas aproveitando essa ligação, venha buscar os documentos.
— Ok... estou a caminho.
A ligação é encerrada e eu volto para a minha cadeira para assinar os documentos. Logo que assino, escuto batidas na porta.
— Entre! — digo porque sei que é Miranda.
Quando a porta se abre, uma mulher loira, alta e da pele clara entra e vem diretamente em minha mesa. Ela está vestida em um vestido bege que desce até o meio da coxa e que realça as suas curvas e também em um salto alto preto. E em seu braço direito carrega uma pequena bolsa preta. Aquela mulher é ninguém menos que a pessoa que eu dei um vácuo. A vadia rica.
Continuo sentada em minha cadeira e nisso vejo ela se curvar sobre a mesa tentando parecer sexy e enquanto isso, ela me encara com seus olhos azuis claros.
Lisa Mitchell era a minha ex-namorada e agora que eu estava de volta em Nova York, ela veio ao meu encontro para tentar convencer-me a voltar com ela. — Mas não, jamais! — O que ela fez comigo era algo imperdoável. Nem mesmo as suas, milhões de ligações conseguiram fazer-me esquecer da sua maldita traição.
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Atualizado até capítulo 57
Comments
Isinha Ninny Oliveira
Estou Amando:)
2024-08-29
2
Maria Izabel
muito bom
2023-11-25
5
Vanesa lopes Brito
ótimo livro tô amando
2023-11-17
1