— O que quer aqui? — eu pergunto olhando para a mulher em minha frente. “ Acho que ela veio me visitar para tentar voltar comigo. ”
— Quero saber porque você me deixou plantada te esperando no restaurante! — ela parece irritada comigo, mas ela até que tem um pouco de razão. Eu simplesmente ignorei o convite dela.
— Simples... eu tenho comida em casa.
— Só isso que tem pra me falar?
— O que quer que eu diga?
— Quero que me peça desculpas!
— Não fiz nada de ruim a você... então, não preciso pedir desculpas.
— Você me deve uma explicação! Poderia ter dito que não iria se encontrar comigo e eu usaria o meu tempo em outra coisa.
— Como sempre, Lisa. Você me trocou várias vezes lembra?
— Isso é passado, Hannah... podemos deixar lá e focar no presente. Eu ainda gosto de você.
— Lisa... — me levanto da cadeira e dou a volta na mesa. Paro na frente dela e nos olhamos mais de perto — o meu momento presente está sendo difícil e parece que você não percebeu como estou infeliz.
Me afasto dela e ando na sala...
— Você deveria respeitar o meu momento e buscar na sua memória que o meu irmão acabou de morrer... a única coisa de valor na minha vida eu perdi e agora estou sozinha — me calo e uma lágrima escorre em meu rosto. Me viro para a vidraça e limpo o rosto para que ela não veja.
Lisa fica em silêncio. Olho para ela e me lembro de como ela feriu e machucou o meu coração quando ainda éramos um casal. Eu deveria ter escutado John quando ele me avisou sobre ela e como ela usava a sua beleza para se divertir e se aproveitar do primeiro que aparecesse. Não sei o porquê ela está de novo atrás de mim.
— Quero que continue longe de mim e agora que sou a dona da empresa, quero que fique longe dela também.
— Hannah... eu esqueci totalmente da morte de John.
— Um hum — observo a falsidade saindo através de suas palavras.
— E já que quer que eu continue longe... eu ficarei.
— Obrigada... agora saia... estou esperando outra pessoa.
— Mas não se esqueça que você jamais amará outra pessoa como amou a mim.
— Isso você não pode decidir por mim.
Escutamos algumas batidas na porta e então Miranda entra. Quando ela vê Lisa e ambas trocam olhares, Lisa simplesmente sorri com falsidade em seu olhar para mim e sai da sala desfilando como se fosse uma modelo. Ela não tem vergonha de ser tão cínica e falsa.
Eu me viro para a vidraça novamente e digo:
— Os documentos estão na mesa, Miranda... pegue e saia e não deixe ninguém se aproximar da minha sala, não quero ver mais ninguém.
— É... é... como quiser, senhorita.
Depois que Miranda se vai, eu fico naquela sala na companhia do silêncio, um inimigo sem voz que muitas pessoas tinham em comum.
No silêncio daquela sala, eu me pego a pensar nos conselhos de John. Conselhos que muitas vezes ignorei. Conselhos que eu guardava na memória. Lágrimas escorrem pelo meu rosto e eu choro de tristeza, solidão e de saudades do meu querido e honrado irmão.
Passei o dia todo trancada na escritório. Revisei uns documentos, dei uma olhada nas transações, me alimentei e olhei a agenda. As importações estavam corretas e não havia nada fora do comum. A empresa Blackwood trabalhava com importações e exportações e também com a telecomunicação. Era uma empresa muito valorizada no mercado de trabalho e também no exterior.
Estou em um bar próximo ao prédio da empresa, um que sempre frequentava depois de algumas viagens. Bebo uísque enquanto estou encostada no balcão pensando no dia de hoje. Ligo para Ian e peço para ele vir me buscar, porque não gosto de táxis, mesmo sendo um veículo seguro.
\*\*\*
Me levanto às 11 a.m, tomo um banho quente no chuveiro e me visto para encarar o segundo dia como a Ceo da empresa Blackwood.
A caminho da empresa, eu começo a trocar umas ideias com Ian, enquanto ele dirige:
— O que você acha de chamar a Lili para sair?
— Como assim, senhorita? — ele pergunta com sua voz um pouco trêmula.
— Estou dizendo para você chamar a Lili para sair porque há muito tempo vejo como você a olha e como ela olha para você.
— Isso não seria correto, senhorita. Somos colegas de trabalho. Ela é a governanta e uma mulher de respeito, já eu... sou apenas um motorista.
— Você acha que ela pensa como você?
— Bem... não sei, senhorita.
— Ian, você gosta da Lili?
— É... eu não sei o que dizer, senhorita.
— É só... sim ou não!
Quando me calo, o carro para de uma vez e eu sou jogada para frente e quase topo no banco, mas por pouco eu não me machuco pois o cinto de segurança me protege.
— Por que freou desse jeito?
— Desculpa, senhorita. Olhe! — ele aponta para fora do carro e eu vejo uma jovem caída na calçada.
— Você atropelou ela?
— Não, senhorita... ela que passou na frente do carro, mas por sorte o carro não a atingiu.
Saio do carro na intenção de ajudar a jovem, mas ela logo se levanta como se estivesse com pressa e corre. Vejo que ela não se machucou, ainda bem, mas eu não consegui ver o rosto dela por causa de seus cabelos castanhos e longos.
Entro no carro e tento acompanhar ela com os olhos e consigo gravar na memória somente a cor vermelha da bolsa que ela estava carregando e da blusa sem manga branca.
— Podemos ir, senhorita?— Ian pergunta enquanto eu coloco o cinto.
— Siga em frente e fique atento na rua!
— Me perdoe, senhorita?
— Não se preocupe.
Ian volta a dirigir o carro e não fala mais nada. Ele ficou tão tenso quando estávamos conversando que a sua atenção no trânsito falhou. Ele não tinha culpa.
Chego na empresa e logo me encontro com Miranda. Ela está tomando café em sua mesa...
— Hoje decidiu chegar mais tarde, senhorita Blackwood?
— Sou a dona da empresa... posso fazer isso.
— E como pode — ela diz com um sorriso.
— Certo... vou para o meu escritório — começo a andar...
— Espere — ela pedi e eu paro, mas não me viro.
— Sim?
— Bem... é sobre a secretária Mia Lancaster.
Me viro automaticamente como se aquele nome tivesse me atraído.
— Diga.
— A senhorita Mia chegou atrasada hoje na empresa.
— E a que horas isso aconteceu?
— Há dez minutos atrás.
— E onde ela se encontra? — pergunto e olho todo o departamento.
— Provavelmente... no banheiro.
— Certo... diga a senhorita Lancaster para vir a minha sala.
— Ok.
Sigo para o meu escritório e lá eu me sento no sofá, ignorando por um momento a mesa.
Começo a pensar na jovem que Ian quase atropelou. Será que ela está mesmo bem? Será que ralou o joelho quando caiu? Porque ela estava com tanta pressa?.
TOQ, TOQ...
Batidas na porta me tiram dos meus pensamentos. Mia Lancaster está batendo e agora estou certa do meu palpite, porque ontem eu errei e acabei me encontrando com uma pessoa indesejável.
— Entre! — eu digo.
A porta se abre e eu vejo uma jovem de branco entrar em minha sala. A blusa dela não possui mangas e eu acabo me recordando da garota na rua. Os cabelos dela estão amarrados em um coque frouxo mostrando o seu pescoço. Ela está de costas para mim a minha procura, ela olha na direção da minha cadeira que está virada para trás, talvez está pensando que estou sentada na mesma. Suas pernas estão a vista pois está vestida em uma saia justa da cor preta que desce até o meio das coxas. E que realça bastante suas curvas.
— Vire-se! — eu peço e a jovem se vira para mim automaticamente ao tomar um susto.
Os olhos dela se encontram com os meus e eu vejo um sorriso tímido em seus lábios, mas também vejo algumas mechas caídas sobre o seu rosto, como se ela tivesse acabado de arrumar os cabelos.
Eu continuo olhando para ela como se ela fosse um farol, simplesmente por sua beleza surreal. Meus olhos descem por todo o seu corpo e eu vejo um bandete no joelho esquerdo dela.
— Você está machucada?! — eu pergunto automaticamente preocupada. Nem sei o porquê de estar assim, é a primeira vez que a vejo.
Ela olha para os seus tênis casuais várias vezes, com certeza procurando um lugar para enfiar a cabeça por estar envergonhada e por eu ter feito aquela pergunta óbvia. E assim ela esconde as mãos atrás das costas.
— Sente-se aqui... você está machucada! — eu mando e ela simplesmente continua de pé, mas agora me olhando. Os olhos dela são tão atraentes e ao mesmo tempo fofos.
Me levanto e me aproximo da jovem tímida em minha frente. Ela continua olhando e agora está mais atenta em mim enquanto eu me aproximo.
— Você é a senhorita Mia Lancaster, certo?
— Sim — ela responde e me surpreende com a sua voz firme, descartando toda a timidez do início.
— Sente-se no sofá — paro a alguns passos dela.
— Estou bem assim... senhora Blackwood.
Meu coração palpita rápido quando ela me chama de senhora.
— Não... não está! Sente-se no sofá... o seu joelho está ferido.
— Não é nada demais, senhora... eu posso ficar de pé.
— Não me chame de... senhora! Temos quase a mesma idade!
— Mas... chamá-la com respeito é um dos trabalhos de um funcionário. O senhor John sempre disse isso.
— Sim... o meu irmão era uma pessoa que merecia respeito... mas... eu não sou ele.
— Desculpe... eu não quis ser...
— Esqueça isso — digo e volto a me sentar no sofá.
— A senhora deseja algo de minha parte?
— Sim — eu olho novamente para o joelho dela fazendo com que ela note — quero que se sente no sofá... o seu joelho não parece bom.
— Estou bem, senhora — ela insiste em ficar de pé.
— Ok — eu desisto de tentar fazer ela se sentar — então... me diga... Por que chegou no trabalho três horas depois do horário de chegada? Os funcionários devem chegar às oito horas da manhã!
— Senhora... eu tive um contratempo em casa e por isso não pude chegar no horário.
— Um... E o que aconteceu em sua casa? — pergunto, mas acho que me intrometi demais.
— Eu prefiro não compartilhar detalhes da minha vida pessoal... desculpe.
— Você está certa em fazer isso — eu afirmo e continuo preocupada com o joelho dela, porque tenho quase certeza de que ela e a jovem na rua são a mesma pessoa.
— Obrigada por entender, senhora...
— Hannah! — eu digo o meu nome porque não suporto mais ser chamada de senhora. Eu só tenho vinte e oito anos... “ Oras! ”
— Oi? — ela pergunta confusa e um pouco surpresa.
— Meu nome é Hannah, senhorita Lancaster. Não me chame mais de senhora e isso é... uma ordem!
— Como desejar... Hannah — ela diz um pouco apreensiva.
Sinto um alívio quando ela fala o meu nome, mas eu não demonstro.
— Bem melhor! E obrigada por me... obedecer.
Mia somente sacode a cabeça positivamente e finalmente coloca as mãos para frente. Eu vejo que suas unhas estão pintadas de preto e eu logo gosto do que está em minha frente. A minha cor favorita.
— Senhorita Lancaster, eu...
— Mia!
— Hum? — fico confusa.
— Me chame de Mia.
— Ah... e isso é... uma ordem?
— Não, não, não — ela diz repetidamente sacudindo as mãos para negar. Gosto do jeito expressivo dela. Ela é tímida, mas ao mesmo tempo cheia de atitude. E é engraçada.
— Já entendi, Mia! Não precisa disso tudo — ela me faz sorrir de suas ações e fica sem graça quando vê o meu sorriso — eu só queria quebrar a tensão que estava entre nós.
— Você me assustou. — ela enfim me chamou de você, sem ter percebido. Maravilha de mulher. — obrigada por se explicar.
— De nada.
— Hannah... você... você... a senhora... é...
— Para... não diga mais nada... você está pensando demais. Pode voltar ao trabalho.
— Mas... e o assunto sobre eu ter chegado atrasada? — eu já tinha esquecido disso.
— Ah... é isso. Finja que isso nunca aconteceu. Não se preocupe com o seu salário, não será descontado.
— Sério? — ela fica surpresa — Mas...
— Volte ao trabalho e... cuide bem do seu joelho!
— Um... acho que vou indo então... tenho que atender algumas ligações e revisar umas papeladas.
— Isso... faça isso.
— Com licença?
— Toda... aliás, bonjour?!
Mia sorri timidamente e sai lentamente da sala, e leva consigo os meus olhos, até que a porta é fechada.
Fico sozinha novamente, mas com a lembrança do sorriso tímido de Mia Lancaster.
Algumas horas se passam e eu finalmente decido sair um pouco de minha sala. Nesse tempo sozinha, eu recebi ligações de empresários que eram amigos e conhecidos de John. Todos me desejaram boa sorte e dois deles marcaram uma reunião comigo.
Saio da minha sala e ando pelo departamento enquanto observo os empregados trabalhando, cada um em sua mesa. Alguns me olham, mas logo voltam a trabalhar. Sei que ainda é cedo para confiarem em mim e se sentirem confortáveis como eram com John. Como se eu fosse uma pessoa má... Sou uma pessoa má... mas não muito.
Continuo andando pelo departamento e então vejo Miranda conversando sobre alguma coisa com a senhorita Lancaster. Ambas tinham suas mesas lado a lado, algo que facilitava muito a comunicação e o trabalho entre elas. Tinham ideias parecidas, eram inteligentes e trabalhavam no mesmo cargo.
Penso em ir falar com Miranda sobre as reuniões que marquei com os empresários, porém Mia está com ela. Acho que Mia não se sentiu confortável quando falou comigo. Então decido voltar para a minha sala e ligar para Miranda.
Sentada na beirada da mesa, eu pego o telefone e ligo para Miranda...
— Sim?
— Miranda... venha a minha sala
— Olá, senhorita Hannah...
Percebo que a voz não pertence a Miranda e então eu desligo imediatamente o telefone.
A voz pertence a Mia. Eu estou querendo evitar falar com ela hoje devido a minha insistência e preocupação com o seu joelho. Talvez amanhã eu esteja mais confiante.
Não sei o que está acontecendo comigo! Geralmente, eu não rejeito um rostinho bonito e nem um corpo sensual. Ela tinha um corpo chamativo.
Espero que Mia esqueça essa ligação e fique quieta trabalhando... Isso é tudo o que eu desejo, apesar de querer vê-la novamente.
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Atualizado até capítulo 57
Comments
"Ah! Se eu fosse você eu dava na cara delaaaaa!!!!"
2024-07-09
6
Silvia Aparecida Ferreira Ferreira
boa noite
por enquanto esta mais ou menos a historia
vamos ver o desenrolar da historia ate o meio do caminho
2023-10-22
7
E. Writer
☺️ 🙂 😁
2023-08-25
1